Passados os primeiros dez meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos no Rio Grande do Sul ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Nesse contexto, um levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado aponta que o número de mortes em 2022 é 17,8% maior que o computado em 2019, e 12 vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrados no estado antes da doença causada pelo coronavírus.
Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
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Em números absolutos foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 88.648 óbitos, número 17,8% maior que os 75.220 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. Em contrapartida, na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no país, verifica-se uma redução de 13,8% em relação ao ano passado, que totalizou 102.869 mortes, e aumento de 15% em 2020, que computou um total de 77.056 óbitos.
O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no país, que variou, em média, 1,4% entre 2010 e 2019. Assim, durante este período, a maior variação no número de óbitos no Rio Grande do Sul tinha ocorrido em 2016, quando registrou crescimento de 7,8%. Com exceção ao ano de 2021, auge da pandemia no país, quando os óbitos cresceram 33,5% de um ano para o outro, o ainda alto número de mortes em território estadual sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.
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Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no país, apresentando queda de 67% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 26.386 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 8.620 neste ano.
No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no país. “Esse aumento nos óbitos mesmo com a diminuição das mortes por Covid-19 é observado diretamente nos cartórios de registro civil. Através do Portal da Transparência, é possível ter os dados de óbitos em tempo real, de forma transparente, para que os órgãos competentes possam tomar as medidas necessárias”, explica o presidente da Arpen/RS, Sidnei Hofer Birmann.
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Um número que chama atenção no levantamento diz respeito ao as mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 206% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 221 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 72 registros para o mesmo período de 2019.
Outro exemplo é o aumento de 35,6% no número de óbitos por pneumonia, que passaram de 9.273 entre janeiro e outubro de 2021 para 12.571 no mesmo período deste ano. Em 2020, foram 8.729 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 11.738 óbitos causados por pneumonia.
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Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registraram aumento de 12% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano, foram computadas 10.332 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 9.222 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2021 e 2020, foram catalogados 8.931 e 8.377 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 15,7% em relação a 2021 e de 23,3% em relação a 2020.
Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos cartórios gaúchos está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano, cresceram as mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas (45,9%), AVC (9%) e infarto (9,3%) na comparação com o mesmo período de 2019. Por outro lado, na comparação com 2021, os números apontam crescimento de 6,4%, 6,5% e 6,6% respectivamente.
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