Prezado Bom Velhinho!
Todos os anos vejo muita gente escrevendo e mandando cartas para ti com pedidos de presentes no Natal e nem imagino como consegues ler todas, muito menos atendê-las. Nunca passou pela minha cabeça fazer isso, mas este ano, diante de tudo que passamos, resolvi fazer a experiência. Mas não é para pedir nada embrulhado em um belo papel e enfeitado, mas algo que toque os corações e as mentes das pessoas. Talvez nem tenhas tempo nesta época do ano para ler estas linhas. Porém, não faz mal que consigas ver apenas alguns dias depois de cumprir todas as tuas tarefas neste fim de ano.

A gente já vivenciou muita coisa apenas nesta década, que nem chegou na metade ainda. Quando pensávamos que o pior havia passado, com a pandemia da Covid-19 que abalou o mundo todo, eis que 2024 nos trouxe essa surpresa desagradável com a catástrofe da enchente no Rio Grande do Sul. É bem provável que terás dificuldades em chegar em algumas casas com teu trenó, pois muitas pontes e locais de passagem ainda não foram reconstruídos. Mas agora que o pior passou, apesar de muita gente ainda estar sem um teto para viver e tantas outras coisas que faltam – sem falar nas vidas perdidas que não há mais como recuperar –, um belo presente que poderias dar às pessoas é luz para refletir e começar a agir para restabelecer aos poucos tudo o que destruímos na natureza. Talvez dessa forma, no futuro, o clima não se revolte mais de forma tão desastrosa ou os efeitos das variações climáticas sejam bem mais amenos.

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Nesta mesma linha, um belo presente também é levar consciência a toda a população sobre a necessidade de tratar os lagos, rios e mares como as veias que tem em seu corpo e alimentam as células. Todo o veneno ou outros resíduos poluentes que entram nelas são sempre o início para algum colapso na saúde. Da mesma forma é na natureza. O lixo descartado de forma incorreta, o uso indiscriminado de agrotóxicos, o corte de árvores, enfim, todas as interferências no meio ambiente, algum dia sentiremos seus efeitos. Importante lembrar que a sombra das árvores é muito mais agradável e sustentável que os toldos nos prédios.

Nem sei qual o presente, mas com sua experiência saberás o que dar aos políticos que governam e legislam o País, o Estado e os municípios para que lembrem que devem trabalhar pelo bem comum da população e não pelos próprios interesses. E será que é difícil conseguires trocar as bombas, tiros de armas, foguetes e outros materiais bélicos usados em tantas guerras pelo mundo e nas áreas de violência por abraços entre as pessoas?

Será que dá para substituir o protecionismo econômico por maior partilha de recursos entre as nações mais ricas e mais pobres? Será que dá para mostrar a todas as pessoas que, independente da religião ou das diferentes formas de adoração, a fé tem o mesmo objetivo, de termos um mundo mais justo e para isso não precisamos brigar com ninguém?

Mas se nada disso estiver ao seu alcance para nos presentear, basta que todos voltem a ter a inocência de uma criança recém-nascida em um bercinho humilde, cercada de amor, na paz da natureza que Deus criou. Espalhe o amor, a esperança, a harmonia, a compreensão para que todos saiam de 2024 a iniciem 2025 sendo mais humanos, fraternos e seja possível construir um mundo melhor todos os dias. Nos locais de trabalho, de estudo, de recreação e tantos outros lugares de convívio diário, abra o coração de todos para que ninguém fique, pelo menos, com um “muito obrigado” como presente neste período de festas de Natal e fim de ano.

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