Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995–2002), escrevo cartas simbólicas aos presidentes recém-empossados. Basicamente, são observações acerca da importância da prudência e da ponderação permanentes.
A história ensina que mesmo recomendações singelas não são suficientes para frear a soberba dos poderosos da hora. Influenciado pela emoção da disputa, da retórica e da vitória eleitoral, todo novo governo sonha em reinventar a roda.
A euforia e a expectativa de mudanças trazem em seu bojo a ameaça da prática da prepotência. Se não diretamente, indiretamente pelos companheiros e aliados de ocasião.
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Basta olhar para trás: gestão a gestão, fosse quem fosse o presidente, não faltam exemplos acerca de intervenções governamentais pretensiosas e autoritárias. Que sugerem e fazem pensar que algumas diferenças – entre pessoas e grupos – são “mais sábias”, “mais certas” e “mais civilizadas” que outras.
E quando assim ocorre, uma diferença qualquer passa a constituir uma diferença irreversível, uma vontade de subjugação. Pior: o exercício sistêmico da incompreensão das diferenças pode vir a ser um catalisador social negativo.
Logo, o principal desafio do novo governante é a adequação e a conciliação entre a realização do possível e do viável, sem deixar levar-se por pregações revanchistas e delírios conspiratórios.
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Entender o sentido (e a destinação) da diferença entre pessoas e grupos sociais facilita a compreensão (e ação políticoadministrativa governamental) em torno dos inúmeros Brasis que convivem sobre o mesmo solo e sentimento pátrio.
Consequentemente, é possível distinguir qual deles deva ceder, qual deva sofrer rupturas, qual necessita ajuda e colaboração, sem permitir, em erro de avaliação e ação, que a fragilização de um ou o fortalecimento demasiado de outro comprometa a realização de “todos” os Brasis.
Resumo da ópera: exercitamos diferenças sobre razões reais e imaginárias. Mais sobre as imaginárias do que sobre as reais. Então, quanto mais aceitamos e convivemos com as diferenças, mais humanos, fraternos e plenos nos tornamos.
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Odilo Dopke (1933–2019)
Após as aulas complementares no turno da tarde no Colégio Mauá, eu fazia uma parada na sua residência para jogar xadrez e assistir a séries de TV na companhia dos seus filhos, especialmente com Ivan, meu querido colega e amigo. E comer pipocas, repetida gentileza e carinho de dona Clara. Mestre e parceiro no xadrez, o exemplar e paternal Odilo e sua família são parte valiosa de minhas memórias e sentimentos.
Alcançada a oitava casa no tabuleiro divino, o peão vira peça maior!
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