Assinada no início da semana pelo governo federal, a Medida Provisória 1.175/2023 já provoca efeitos positivos nas concessionárias de Santa Cruz do Sul. O texto prevê um bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil para carros que custam até R$ 120 mil, o que corresponde a um desconto mínimo de 1,6% e máximo de 11,6% no valor. Os modelos mais beneficiados serão os mais baratos, menos poluentes e com maior produção na indústria automotiva nacional. A medida terá duração prevista de quatro meses e um pacote de ajuda de R$ 500 milhões.
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Na visão de Leonardo Becker, gerente da CarHouse Hyundai, a proposta é interessante para aquecer o setor, que vinha enfrentando queda de vendas e também no volume de passagens nas lojas; ou seja, a quantidade de clientes interessados em trocar o carro usado por um zero-quilômetro. “Estimula o consumo e também as pessoas a visitarem as concessionárias, nós estamos felizes.” Ele diz que ao longo desses últimos dias, após a aprovação do texto, o movimento ficou abaixo da expectativa, mas já havia aumentado ao longo de maio, enquanto o programa estava em discussão.
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Becker explica que a montadora ampliou o desconto, de modo que o carro de entrada, o HB20, teve uma redução significativa de 15%, de R$ 82.390 para R$ 69.990. “Estamos fazendo a comunicação por meio dos nossos portais e materiais, de forma nacional, e esperamos ter um bom movimento nos próximos dias.” Ele reforça que são preços promocionais, enquanto durar o subsídio. Quando a MP deixar de valer, a previsão é que os valores dos veículos voltem ao patamar anterior.
No caso da Betiolo Jeep, o reflexo foi imediato, conforme o gerente Felipe Bastos. Ele diz que a procura pelos modelos contemplados aumentou consideravelmente. “A geração de contatos de clientes interessados já foi mais expressiva nesses últimos dias do que em todo o mês de maio. Consequentemente, as vendas também aumentaram em proporção considerável.” Os carros mencionados são o Renegade 1.3 turbo, que teve redução de R$ 10 mil, e o Renegade Sport, com queda expressiva de R$ 19 mil. Ambos passaram a custar R$ 115.990,00.
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As mudanças causam efeitos também nas montadoras que não são beneficiadas pela MP. É o caso da Caoa Chery, cujo tíquete médio está acima do teto estipulado. Segundo o gerente da Pegasus, Marcelo Weiss, a montadora aposta em lançamentos com preços competitivos, como o Tiggo 5 Sport, lançado a partir de R$ 119.990,00. “A montadora também está fazendo bonificações fortes para acompanhar o mercado, como o Tiggo 5x Pro, que teve redução de R$ 10 mil”, ressalta.
Na avaliação de Weiss, o programa é positivo em um primeiro momento, mas o ideal seria fornecer linhas de crédito mais atrativas para a compra de veículos zero-quilômetro. “Hoje a aprovação de fichas de financiamento está mais difícil, os bancos subiram a régua em função do aumento da inadimplência”, observa. “O valor de R$ 500 milhões parece muito, mas não é. Se vender 100 mil carros com desconto de R$ 5 mil, já acabou o subsídio.” A título de comparação, os modelos Fiat Mobi, Volkswagen Gol e Renault Kwid, os três mais vendidos do País, somaram 202.750 unidades vendidas em 2022.
Especialista elogia, mas pede prazo maior para programa de carros
Como toda medida de incentivo ao consumo, a MP foi bem recebida pelo setor e elogiada por especialistas, mas alguns deles consideram o tempo de quatro meses curto e o valor de R$ 500 milhões baixo. “O ideal seria que o programa tivesse um prazo maior, para que o efeito fosse mais duradouro”, afirma Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec), ouvido pela Agência Brasil. Ele avalia que, devido à importância para a economia, o setor demanda mais atenção em um momento de juros altos e crédito restrito.
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O pacote ainda inclui R$ 700 milhões em subsídio para a compra de caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. No caso destes, o desconto vai ficar entre R$ 36 mil e R$ 99 mil, a depender do tamanho do veículo e do grau de poluição. Para obter o benefício, o comprador terá de fornecer um documento comprovando que está destinando o veículo antigo ao desmanche. O objetivo do governo federal é renovar a frota e tirar de circulação os modelos com mais de 20 anos de rodagem.
Braga avalia que o prazo curto pode resultar em um efeito contrário ao esperado, provocando o endividamento de transportadoras e motoristas sem reservas financeiras, que serão pressionados a tomar uma decisão rápida. “Um caminhão tem uma vida útil muito longa. Portanto, uma decisão com impacto sobre toda uma vida produtiva não pode ser tomada em um curto espaço de tempo.”
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Colaborou Marcio Souza
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