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Carona para testemunha e atuação em construtora; entenda o que levou o ex-administrador da Asan à prisão

Foto: Rodrigo Assmann

Moraes havia sido afastado na primeira fase da operação e foi detido ontem. Defesa disse que vai pedir a revogação da prisão

Apontado pela Polícia Civil como chefe de um esquema que teria desviado verbas, doações e cestas básicas da Associação de Auxílio aos Necessitados (Asan) de Santa Cruz do Sul, Marco Antonio Almeida de Moraes, de 49 anos, foi preso preventivamente na manhã dessa segunda-feira, 30. Ele foi localizado em sua casa, na Rua Tiradentes, Bairro Goiás. A ordem judicial para a captura foi solicitada pela delegada Raquel Schneider e autorizada apela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse. O homem era vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso (CMI) e administrador da Asan, que conta com cerca de 75 residentes e fica na Rua Padre Luiz Müller, Bairro Bom Jesus.

Essa foi a terceira ofensiva deflagrada durante a investigação. A primeira foi em 19 de agosto e a segunda em 16 de setembro. O trabalho policial visa afastar um grupo criminoso que estaria cometendo na Asan crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, apropriação indébita de bens de pessoa idosa e falsidade ideológica.

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Além do principal investigado, nas ações anteriores já haviam sido determinados judicialmente os afastamentos de funções da companheira de Marco, Cassineli Garske, de 34 anos, que era farmacêutica e encarregada dos medicamentos; do filho do administrador, Marco Antonio Reis de Moraes, de 24 anos; do presidente da Asan, coronel Wilson Pessoa da Silveira; da estoquista de alimentos Marcia Cunha, de 46 anos; do ex-funcionário do setor de serviços gerais Dionathan Silveira da Silva, de 32; e da assistente administrativa Adriane Ines Fritzen, de 49 anos.

Investigado teria interferido em depoimentos

A Gazeta do Sul acompanhou com exclusividade a operação na manhã dessa segunda. A delegada Raquel Schneider explicou os motivos que a levaram a solicitar a prisão preventiva de Marco Antonio Almeida de Moraes. Segundo ela, o investigado estaria atrapalhando o andamento da investigação. “Apuramos que ele estava em contato com testemunhas. Inclusive, teve testemunha que ele trouxe até as proximidades da delegacia e deixou ali perto, além de ter mandado o procurador dele acompanhar os depoimentos, com o advogado ainda pedindo que não constasse em registro que ele estava presente”, detalhou.

Segundo Raquel Schneider, essas testemunhas eram funcionárias de Marco e tiveram empresas no modelo Microempreendedor Individual (MEI) criadas em seus nomes para que fossem expedidas notas fraudulentas. “Elas nem sequer tinham conhecimento do que estava sendo feito com os nomes delas, e seguiram as atividades, fazendo o que o chefe mandava, porque precisavam trabalhar. Nos depoimentos, ficavam constrangidas de responder a nossas perguntas e falarem na presença do procurador dele”, enfatizou a delegada.

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“Nós percebemos essa tentativa de intervenção ou de obter informação privilegiada do que a gente estava apurando. Além disso, o Marco continuava operando uma construtora para a qual foram desviados a maior parte dos recursos da Asan. Essa empresa está em nome do filho dele, e realiza diversas obras na cidade e fora”, complementou a delegada.

Segundo a chefe da investigação, é nessa construtora que eram retirados equipamentos locados pela Asan, em nome da companheira de Marco, Cassineli Garske. “Isso demonstrou que ele seguia com a atividade criminosa, uma falsidade ideológica, usando a construtora para a qual foi destinada a maior parte desses recursos”, salientou Raquel.

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Por fim, a delegada explicou que o inquérito está na fase final, após 53 pessoas terem sido ouvidas. “Está sendo uma investigação bastante marcante. Esses idosos estavam sendo privados de muitas coisas. Hoje, por exemplo, vemos eles felizes. Alguns que podem estão indo em hidroginástica na Unisc, algo que não faziam. A Asan precisa da comunidade. Eles merecem esse cuidado, e vamos continuar atuando sempre por eles.”

Contraponto

Representante de Marco Antonio Almeida de Moraes, o advogado criminalista Luiz Carlos Rech disse ter ficado surpreso com a decretação da prisão preventiva, alegando que seu cliente compareceu a todos os atos da investigação. Afirmou ainda que não houve qualquer tipo de má-fé no seu acompanhamento a depoimentos, nem em uma eventual carona que Marco teria dado para uma testemunha até a delegacia.
“Estamos analisando todos os atos da investigação e vamos entrar com um pedido de revogação da prisão preventiva e habeas corpus. O Marco precisa responder pelos atos apurados, mas em liberdade, não preso”, salientou Rech.

Sobre a investigação, o criminalista comentou que em determinado momento, no final do último ano, houve uma entrega de cestas básicas a funcionários da Asan, o que pode ter sido interpretado como desvio. “Diante disso, se tem alguém que não foi beneficiado, foi o meu cliente, pois ele não recebeu nada”, complementou o advogado.

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