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PARA TOCAR O CORAÇÃO

Carmo Gregory: mestre dos Canarinhos e de tantos corais

Foto: Rafaelly Machado

É impossível que alguém ligado à música em Santa Cruz do Sul e na região não tenha referência do papel desempenhado pelo regente e compositor Carmo José Gregory. A credencial para esse reconhecimento vem principalmente do trabalho que realizou no inesquecível coral Canarinhos, do Colégio São Luís, entre 1967 e 1984. Mas houve muito mais. No educandário, sua história foi ainda mais extensa: permaneceu vinculado por 36 anos, na condição de professor de Português, até a aposentadoria, em 2002.

Deixou as salas de aula, é verdade, mas não a condição de músico, regente e compositor. Em sua residência, no Bairro Arroio Grande, na qual acolheu a Gazeta do Sul na terça-feira à tarde, mantém um estúdio particular, seu refúgio, no qual compõe com afinco, e intensamente. Em paralelo, segue com os ensaios semanais como regente do Coral de Vera Cruz, do qual liderou a criação, há 33 anos. Firmam-se, assim, os laços desse músico e professor que adotou Santa Cruz como seu lar.

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Este é Carmo Gregory, mestre (não seria exagero dizer) de dez em cada dez profissionais da música e do canto em toda a região. Aos 79 anos, mantém a vitalidade e a energia criativa, que já herdou em família. Nasceu na localidade de Glória, interior de Estrela, primogênito do casal Pedro Roberto Gregory e Ottilia Fink Gregory. Foi da mãe que recebeu o estímulo para o canto: ela o colocava sobre um banquinho, aos 3 aninhos, para entoar hinos de igreja. O mesmo fez com os três irmãos (Ênio, João, também regente de coral; e Tarso) e as duas irmãs (Teresinha e Varna).

Depois dos estudos iniciais na Glória, aos dez anos e meio foi selecionado por irmãos maristas para o internato de Bom Princípio. Ali começou sua formação musical e artística, com professores ligados à orquestra da Pontifícia Universidade Católica (PUC). Aprendeu violino, piano, cello. O passo seguinte foi cursar o ginásio em Veranópolis, onde esteve aos cuidados de Albino Pozzer, expoente da Ospa. E então cursou o Científico em Viamão, pertinho da PUC.

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Concluída a formação, em 1967, viu-se em Santa Cruz, aos 20 anos, no Colégio Marista São Luís. Foi um divisor de águas. Como lembra, organizou pequena apresentação com alunos para o Dia das Mães. Ela foi de tal forma aplaudida que a data, 12 de maio, acabou por ser a da fundação dos Canarinhos, que ele regeria ao longo dos 18 anos seguintes.

Esse coral obteve tamanha evidência que a cada março o empresário já havia fechado a agenda para todo o ano, com apresentações semanais e viagens pelo Brasil e pela América do Sul. Mais do que a agenda intensa, o que os Canarinhos fizeram foi ser referência artística para gerações. Gregory calcula que cerca de 400 cantores passaram pelo coral, além, claro, dos músicos. Até 1976, o grupo era formado só por meninos, com o conjunto e os cantores; a partir de então, foram agregadas as dançarinas, com o espetáculo de dança.

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Com o término dos Canarinhos, em 1984, ainda por mais de uma década Carmo esteve vinculado ao sucedâneo grupo Mensagem. Em paralelo, atuou em corais, como o da Igreja Santo Inácio, e o masculino Cruzeiro do Sul, de Boa Vista. E seguiu com as atividades do Coral de Vera Cruz, que fundou em 1979 (fundou e regeu ainda os de Vale do Sol e de Arroio do Tigre, dos quais depois se desligou).

Agora caseiro, dedica-se a sua grande paixão, fazendo arranjos de coral para todo o Brasil. Calcula ter quase 4 mil arranjos. Elabora inclusive sinfonias clássicas para orquestras, com várias prontas. E curte, claro, a companhia da esposa, dona Maria Aparecida Goldschmidt Gregory, santa-cruzense com quem se casou em 1974.

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Têm as filhas Ana Carina (que lhes deu a neta Maria Fernanda) e Ana Cristina, que, aliás, o acompanha no coral de Vera Cruz. É o ambiente de criação de um mestre que, se está aposentado, não deixa passar um dia sem se dedicar às paixões artísticas da sua vida: a música, o canto e as composições.

Cinco músicas referenciais para seu Carmo:

  • Yesterday (John Lennon/Paul McCartney)
  • My Heart Will Go On (J. Horner/W. Jennings)
  • A Conquista do Paraíso (Vangelis) 
  • Tocando em Frente (Almir Sater/Renato Teixeira)
  • Coração de Estudante (Milton Nascimento)

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