Em janeiro de 1975, o santa-cruzense Carlos Oscar Procat, da altura dos 18 anos, com a bagagem e alguns parcos recursos providenciados pelos pais, entrou num ônibus com destino ao Rio de Janeiro. Na mão, um contrabaixo. Lá, rumou ao endereço da casa do conterrâneo Romeu Seibel e bateu à porta: este já era famoso em todo o Brasil como Chiquinho do Acordeon, tendo agregado ao nome o instrumento que motivara sua fama. Foi o divisor de águas para o jovem Procat. Acolhido por Seibel, garantiu na Cidade Maravilhosa uma intensa formação na música, sua grande paixão. Formação, aliás, aprimorada no contato com alguns dos maiores expoentes da arte e da cultura.
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E essa foi apenas uma das façanhas de Procat, desde 2012 novamente fixado em Santa Cruz. No trajeto, parcerias célebres e contribuições formidáveis ao universo artístico. É uma história marcada por muita persistência. Nasceu em 29 de setembro de 1956, filho de Oscar Carlos Procat e de Maria de Lourdes Etges Procat, ambos falecidos, tendo ainda a irmã Leatrice de Lourdes Procat Backes. Aos 66 anos, diz ter presente um elemento que, em sua infância, o despertou para a música: em visita à família da mãe, os Etges, em Boa Vista, aos 5, 6 anos, ali encantou-se com um pandeiro. Diante do entusiasmo, o pai comprou-lhe um violão, e passou a ter aulas com uma vizinha, dona Helma Hoppe. Já no Colégio São Luís, dos 9 para os 10 anos, viu-se no Coral Os Canarinhos, como cantor. E vieram as noções de teclado e de outros instrumentos.
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Queria mais. Ainda adolescente, na década de 70, passou a tocar bailes com o saudoso Orquestral Arthur, quando se familiarizou com arranjos para orquestras, junto ao compositor Gerson de Carvalho, o Pernambuco. A teoria e a prática seguiam lado a lado. Depois viria a Orquestra Cassino. E na TV acompanhava, fascinado, Chiquinho do Acordeon, sob a regência do maestro Cipó, nome artístico do paulista Orlando Silva de Oliveira Costa (1922-1992). Não titubeou: foi até a irmã de Seibel, que morava em Santa Cruz, e informou que gostaria de estudar música no Rio. Numa visita de Chiquinho à cidade, isso se tornou realidade.
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No Rio, frequentou a escola do famoso maestro César Guerra-Peixe (1914-1993), aprendendo conceitos de orquestração. Com tal credencial, em questão de dias estava trabalhando. E muito! Por nove anos, até 1983, atuou com alguns dos maiores expoentes da música brasileira. Basta atentar na lista: Clara Nunes, Cauby Peixoto, Lady Zu, Tim Maia, Nelson Gonçalves, Francis Hime, Osvaldo Sargentelli… Para completar, atuou justamente na orquestra do maestro Cipó, nos programas da TV Tupi, entre eles o de Flávio Cavalcanti, bem como na orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, acompanhando o cantor Jamelão no Teatro João Caetano.
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Em 1983, enfim, retornou ao Estado, e por dois anos apresentou-se em casas noturnas da Capital. Em 1985, novo voo: ao lado de um amigo, partiu para Foz do Iguaçu, para temporada em hotel. Que era para ser breve, mas se estendeu por quase três décadas. Por lá, casou-se em 1987 com Maria de Fátima Lima Procat, com a qual teve o filho Tales Felipe, hoje com 34 anos e radicado em Toledo. A esposa faleceu em 2012, e esse acabou sendo um motivador para que se decidisse por um reencontro com sua terra natal.
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Em Santa Cruz do Sul, retomou contato com alguns velhos amigos e colegas, e conheceu a nova geração da música. Em abril de 2013, contribuiu para a constituição da Banda Municipal de Vera Cruz, da qual é maestro. Dois anos depois, com a mobilização de vários artistas, foi a vez de formar a orquestra Santa Brass Band, da qual também é regente. Assim, na condição de músico, maestro e arranjador, compartilha com diferentes gerações de toda a região uma vivência e um legado raros, de quem, desde jovem, nunca hesitou em acreditar firmemente em seus sonhos. Para realizá-los.
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