O terceiro candidato a ser entrevistado pelo jornalista Ronaldo Falkenback, na Rádio Gazeta 107,9 FM, foi o atualmente vereador Francisco Carlos Smidt (Novo). Ele falou durante 40 minutos sobre o seu histórico e ações apresentadas no plano de governo. Carlão, como é conhecido, estava acompanhado da sua candidata a vice, Anette Schiemann. O postulante ao Palacinho recordou o tempo em que esteve na cadeira de prefeito, durante 11 dias, em razão do falecimento do titular Telmo Kirst, e destacou a tentativa de alteração no trato com aposentados em relação ao pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). À época não teve sucesso, porque o projeto fora negado pelo Legislativo.
Carlão, que é filho de uma família de oito irmãos, conta que aos 10 anos foram morar no Bairro Arroio Grande. No início de sua adolescência, vendia pastéis na rua para auxiliar na renda da casa. Com isso, chegou a abandonar os estudos. Ainda menor, trabalhou em supermercado e foi convidado para trabalhar como estafeta (uma espécie de faz-tudo) no banco Sulbrasileiro. Um ano depois, recebeu novo convite, então para trabalhar no Banrisul.
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Sua vida tomaria novos rumos ao conseguir êxito no exame para sargento do Exército. Deram-lhe a oportunidade de escolher seu destino funcional e Carlão foi parar em Campinas, São Paulo. De lá voltou a Santa Cruz do Sul, sensibilizado pela doença do alcoolismo de seu pai. “Eu o levei [ao grupo Alcóolicos Anônimos] completamente bêbado e, em 30 dias, ele parou e nunca mais bebeu”, contou ao comemorar mais 30 anos de sobrevida de seu pai.
Sua carreira na política teve início com uma candidatura à vereança, em 1992, quando conquistou 930 votos e garantiu vaga no Legislativo. Em 1994 já era presidente da Casa. Desde lá, são sete mandatos como vereador. Anunciou há dois anos que não buscaria reeleição. Participaria de eleição, mas à majoritária, o que foi tentado em uma coligação com o Podemos. A opção, contudo, foi a chapa pura do Novo.
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Principais tópicos
- POLÍTICA: “Falei há dois anos que não seria mais candidato a vereador, mas poderia compor chapa majoritária. Surgiram conversações, fui procurado por partidos, que disseram ter compromisso com a prefeita. Então começou a aproximação com o Podemos, que a Nicole [Weber] fundou em Santa Cruz do Sul. Na minha casa acordamos que, antes das convenções, faríamos pesquisa. Ela apareceu um pouco na minha frente: palavra dada é palavra cumprida; mas ela decidiu não concorrer. Ficamos em uma situação difícil. Mas o vereador Leonel Garibaldi ligou para o presidente estadual do partido, que veio em um domingo à noite e garantiu alocar recursos, apesar de que será uma campanha singela. Basicamente, o que me motiva são duas coisas: a primeira é o que chamo com carinho “voz das ruas’, que me colocou na política; e passar pelas ruas, ir a empresas e as pessoas falarem que devo concorrer, que na firma falam em mim. Sete vezes eu pedi votos para a comunidade, quando ela pede, se eu não concorrer é traição; a outra é que Santa Cruz pode e deve fazer mais por sua gente. As pessoas não podem ficar esperando para fazer uma cirurgia de adenoide, como a ligação que recebi ontem de uma senhora que precisa da cirurgia para o filho.”
- CAMPANHA (Sobre o tempo de propaganda em rádio e televisão): “Acredito que faremos [propaganda eleitoral em rádio e TV], eu considerava que não teria nada; oito segundos é uma eternidade. Não tem problema nenhum, até porque Santa Cruz inteira conhece Carlão e nossa trajetória: sete mandatos como vereador, presidente do Flamengo, do Clube Subtenente, do Ana Nery, integrante do conselho superior da Apesc desde a criação da universidade e nossa dedicação diuturna na política. E só consigo fazer isso porque minha esposa, a Rose, está no posto [de combustíveis da família] desde as 7 até as 21 horas, e faço isso com muita satisfação.”
- FAMÍLIA: “Tenho três filhos: Mateus, Laura e Natália. Sobre o Mateus [ser candidato a vereador], como considerávamos praticamente selada a coligação, ele filiou-se no Podemos com a garantia de que seguiria a coligação. Cheguei a falar com ele sobre a possibilidade de repensar, mas disse que os amigos já estavam correndo por ele. Não tenho como impedir. Vou pedir votos para os vereadores do Novo, que tem uma nominata muito qualificada; tem a Anette, que nos orgulha como vice-prefeita, uma pessoa competente, gestora e que vai contribuir demais, com experiência em tecnologia, esteve nos Estados Unidos. Vou pedir voto para os candidatos do Novo e ele vai fazer a campanha dele. Sabe disso. Falei que deve ficar prevenido em relação a isso e algumas maldades que podem surgir.”
- MODELO DE GESTÃO: “Quando falamos em modelo de gestão é dar mais transparência, com reforma administrativa. Tem órgãos que podem ser unificados, o que temos está ultrapassado; é só olhar a transparência. O município ocupa a última colocação entre os cem maiores do Rio Grande do Sul em transparência. Isso explica por si só. Temos que dar transparência e agilidade. Há situações inaceitáveis, em que o empreendedor depende da Prefeitura para liberação de um alvará. Farmácia, por exemplo, deve renovar anualmente junto à Vigilância Sanitária. Faltando dois meses para vencer, já é encaminhado. Vence e não é feita a inspeção. Quem trabalha lá é uma profissional dedicada e competente, mas não pode fazer milagre. O que acontece? Com alvará vencido, a farmácia não consegue comprar medicamentos controlados, é um prejuízo enorme. Essas liberações devem acontecer online, depois a pessoa vai lá e faz a inspeção, porque os estabelecimentos já estão em atividade há anos. São situações inaceitáveis, que temos que agilizar. Se o poder público não atrapalhar já vai fazer muita coisa.”
- PPP: “Se olharmos a Educação Infantil, são convênios feitos com cooperativas, em parte pelo município, outros pelas parcerias. Penso que a administração deve focar a atenção em questões básicas, como saúde, educação, segurança, habitação, geração de emprego; assim como já acontece hoje com o Hospitalzinho, a UPA do Esmeralda, ambos administrados pelo Ana Nery, que tem sido chamado pelo Estado para administrar vários hospitais. Sei da qualidade da gestão do hospital e, de modo especial, quando o Gilberto Gobbi assumiu. O Lago e o autódromo podem ter PPP. No caso do Parque da Oktoberfest é preciso ter cuidado, porque as pessoas não podem ser privadas de entrar, tendo que pagar para isso. Um exemplo claro de parceria é que só temos a Oktoberfest pela abrangência, pelo crescimento, pela qualidade e respeito, em função da parceria público-privada feita com a Assemp. O município auxilia com alguma estrutura, mas basicamente não fica nas mãos da Prefeitura, porque você sabe, onde o poder público está junto, muitas vezes é um amiguinho para cá, outro para lá, e a gestão cai por terra.”
- IPTU: “Nem passa na cabeça minha e da Anette elevarmos alíquotas de impostos. Bem pelo contrário, queremos atrair empresas, quem sabe retirando algumas taxas. Muitas vezes nem é questão de valor, mas da receptividade da administração municipal. Um dos primeiros projetos que pretendo encaminhar é a revisão do IPTU dos aposentados, fiz isso quando assumi como prefeito. A gestão do Telmo Kirst e vice Helena [Hermany] reduziu a isenção do IPTU de muitas pessoas aposentadas e colocou duas situações que complicaram mais: o imóvel não pode ter mais de 100 metros quadrados e o terreno não pode ser maior do que 300 metros quadrados. Essa questão eu encaminhei, mas não foi acolhida pela Câmara. Será um dos primeiros projetos, porque não é o tamanho da casa ou terreno que diz sua situação econômica, até porque a maioria dos terrenos tinha mais de 300 metros quadrados. Não vejo que Santa Cruz precise fazer caixa em cima de pessoas que trabalharam a vida inteira em prol do município e agora, que precisam comprar remédios, sejam sugadas pelo município.”
- CONTRATOS: “É urgente e indispensável que seja feito [revisão de contratos[. São contratos com locação de veículos, imóveis. Tem que ver o que é possível. Se está assinado tem que ser cumprido, mas pode ser reduzido em valor e tempo. Em relação à Corsan, sempre fui contra e um crítico muito forte, pois a Corsan, que sugou a cidade drante 50 anos, cobrava e não devolvia serviço. Por isso temos um caos em abastecimento e tratamento de esgoto. Também fui contra o aditivo, quando o Estado privatizou a Corsan. Agora temos assinado e o Município recebeu uma migalha, por esses 40 anos, de R$ 20 milhões. Deveria ter sido feita uma nova licitação com outorga muito maior do que as duas parcelas de R$ 10 milhões, que foram pagas no ano passado -–saiu no meio dos dedos não se sabe para onde – quando digo isso não é em tom de maldade.”