Embarques represados por conta da pandemia foram determinantes para o salto nas exportações de tabaco brasileiro no primeiro semestre. Dados do Ministério da Economia mostram que, entre janeiro e junho, as vendas externas cresceram 26% em volume na comparação com o mesmo período do ano passado.
Ao todo, foram embarcadas 235 mil toneladas, 49 mil a mais do que no ano passado. Parte desse volume corresponde a cargas processadas e negociadas em 2020, mas embarcadas apenas no primeiro trimestre deste ano – sobretudo para a China, que figura entre os principais compradores mas que, logo após a eclosão da Covid-19, praticamente zerou as suas importações. No primeiro semestre do ano passado, as vendas de tabaco para a China somaram menos de 200 toneladas, enquanto neste ano chegaram a mais de 22 mil.
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Também pesou para o resultado positivo este ano o crescimento na demanda de outros mercados estratégicos, como Alemanha e Emirados Árabes Unidos, e inclusive de importadores menores, como Argentina. Outro acréscimo relevante foi da Bélgica – que, em função do Porto de Antuérpia, principal porta de entrada para a União Europeia, aparece à frente da lista dos maiores compradores.
Em termos de receita, o crescimento registrado no primeiro semestre foi bem mais modesto, em torno de 9%, o que é reflexo de preços menores obtidos pelas fumageiras. No primeiro semestre de 2017 e 2018, por exemplo, o preço médio por tonelada chegava a cerca de US$ 4,4 mil, enquanto em 2020 ficou em torno de R$ 3,5 mil e, em 2021, próximo a US$ 3 mil.
De acordo com o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, um dos fatores que explica a queda nos preços é a qualidade da safra anterior – em parte embarcada este ano –, que foi prejudicada pela estiagem prolongada. Outro é a questão cambial: o dólar fechou 2020 com uma alta acumulada de 29%. “Com o dólar mais valorizado aqui, o Brasil tem condições de oferecer preços mais competitivos”, observa.
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Dentre os principais concorrentes do fumo nacional estão países africanos como Zimbábue, grande produtor da variedade Virgínia, a mais comum no Brasil, e outros como Malawi e Moçambique, que se destacam na variedade Burley.
Logística é desafio do segundo semestre
O setor acredita em uma melhora nos preços nos próximos meses, na medida em que aumentará o volume embarcado de tabaco da safra 2020/2021, que registrou uma qualidade melhor do que a anterior. Em junho, por exemplo, o preço médio já foi superior ao dos primeiros meses do ano, conforme Iro Schünke.
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A partir de uma pesquisa realizada na segunda quinzena de março, o SindiTabaco projetou um crescimento de 2% a 6% no volume de exportações e de 6% a 10% em dólares em 2021. Nas indústrias, porém, há preocupação com questões relacionadas à logística internacional, como oferta de contêineres e slots (espaços em navios).
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O problema vem ocorrendo desde o início da pandemia e se agravou com a disparada das exportações no país, sobretudo no agronegócio. “Temos que ver se vamos conseguir embarcar como gostaríamos por conta desses gargalos. Há uma incerteza nas empresas se vai ser possível cumprir os cronogramas”, analisa o dirigente.
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No Estado, exportações têm recuperação
Com um salto no mês de junho, as exportações de produtos da indústria gaúcha retornaram a patamares anteriores à pandemia. De acordo com dados divulgados esta semana pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), as vendas externas alcançaram US$ 6,2 bilhões no primeiro semestre, valor 29,5% maior em relação ao acumulado de janeiro a junho do ano passado. A recuperação foi puxada pela retomada na demanda de compradores importantes, como China e Argentina.
O setor de alimentos, por exemplo, registrou aumento de 44,6% em junho, em razão da demanda chinesa por carne suína e óleo de soja. Já o setor de químicos, segundo maior exportador, cresceu 64,3% com a elevação dos embarques para Argentina, Chile e Holanda. Também tiveram altas significativas mercados como de máquinas e equipamentos e o de couros e calçados.
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