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Capivaras atacam lavouras de milho no interior de Candelária

Foto: Rafaelly Machado

Mesmo com “choque”, animais estão devorando a lavoura às margens do Rio Pardo, na localidade de Linha do Rio

Há cerca de três semanas, capivaras atacaram parte de uma lavoura de milho no interior de Candelária. Segundo relatos de produtores de Linha Costa do Rio, reclamações multiplicam-se na comunidade há pelo menos duas décadas, mas ficaram ainda mais frequentes com o decorrer dos anos.
A comunidade de agricultores familiares é cercada por morros e segue os contornos do Rio Pardo, que, embora tímido devido à seca, preserva seu curso. Lá, Gustavo Rohde, 33 anos, mantém junto da esposa Carla Regina Rohde, 30 anos, e o pequeno Bernardo, 3 anos, uma propriedade em que dividem atenções entre as lavouras de tabaco, milho e algumas cabeças de gado.

Segundo Gustavo Rohde, outros agricultores deixaram de plantar devido aos ataques

Rohde teve parte da sua lavoura devastada, não demonstra mágoa, mas afirma estar preocupado. “Esses ataques acontecem há vários anos, mas percebemos que a população desses animais tem aumentado. Tenho receio que daqui a alguns anos não tenhamos mais controle e, com uma grande população de capivaras, não teremos como plantar”, comentou.

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Ele cultiva cerca de 10 hectares de milho, que são usados para comércio, consumo próprio e silagem para o gado. Destes, um hectare está sendo atacado pelos grandes roedores. Com objetivo de coibir a ação dos bichos, ele chegou a instalar cerca elétrica (choque), mas não teve êxito. Na lavoura atacada, que fica a cerca de 500 metros da casa onde mora com a família, rastros e muitas pegadas são perceptíveis. Além disso, a vegetação que separa a lavoura da margem do rio está tombada e até possíveis caminhos podem ser identificados.

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“Há dois, três anos elas atacaram outra lavoura que eu tinha em uma área mais afastada. Os animais vêm subindo a margem do rio, onde elas acham o milho, o alimento que for, elas vão. Não há predador, por isso vão se reproduzindo e só crescem”, observou. Conforme Gustavo, devido a esse problema, outros agricultores optaram por não cultivar mais milho. “Eles preferiram trabalhar com tabaco ou qualquer outra cultura. Está chegando em um ponto em que não vai dar mais lucro, ninguém mais vai plantar.”
Segundo o produtor, a única lavoura que sobreviveu à estiagem foi devorada. “Não tem o que fazer. Às vezes penso em plantar um milho com uma qualidade inferior na beirada, para elas comerem, e um melhor mais acima, mas não vai adiantar”, desabafou.

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“Os animais não têm culpa”
Conforme o agricultor, pessoas pediram autorização para fazer caçadas na sua propriedade, mas não receberam o aval. “Há alguns anos vieram me pedir permissão para caçar, eu não deixei, sou contra. Os animais não têm culpa, as capivaras também são vítimas, elas não têm alimento.” Brincando, Rohde acrescenta que “próximo ao rio são as capivaras, na encosta do morro são os macacos pretos (micos), que comem os pés de frutas próximo à casa”.

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Ele comentou que nenhuma entidade ambiental chegou a ser notificada em razão da população de capivaras na região, nem mesmo tem conhecimento de que algum estudo a respeito já tenha sido realizado. “Não adianta correr atrás, nenhum órgão vai arrumar uma solução para isso. Vamos ter que conviver e nos adaptarmos.”

“Vi capivara uma vez, na estrada, quando tive que parar o carro para que duas pudessem cruzar o caminho. Já perdi 10% da lavoura que ia conseguir colher bem, até finalizar a colheita vou perder 20% dela. Não terei lucro. Tomara que consiga empatar as despesas.”

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