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NO TRIBUNAL

“Tu me privou de tanta coisa”, disse vítima olhando para réu em julgamento

Foto: Alencar da Rosa

A capa da Gazeta do Sul de 15 de novembro de 2014 estampou a imagem do acidente que jamais sairá da memória da família Morsch-Santos, assim como a foto da primeira página da edição de hoje, em que sobreviventes, parentes, amigos, advogados e promotora estiveram juntos, no Fórum de Vera Cruz, no último capítulo do episódio, em busca de um único desfecho: a condenação do tenente-coronel da Brigada Militar Afonso Amaro do Amaral Portella, de 65 anos.

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O conselho de sentença, formado por seis mulheres e um homem, acolheu por completo a denúncia do Ministério Público (MP) e condenou o réu por triplo homicídio, lesão corporal grave e lesão corporal gravíssima, todos com dolo eventual – quando o agente assume o risco de matar. A pena estipulada pelo juiz Guilherme Roberto Jasper foi de 12 anos de reclusão em regime inicial fechado, podendo o réu recorrer em liberdade.

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Em depoimento, tenente-coronel da Brigada Militar Afonso Amaro do Amaral Portella disse que jamais quis a morte das vítimas

Portella era o motorista de um Chevrolet Vectra cinza com placas de Santa Maria que atingiu violentamente, de forma frontal, um Gol vermelho de Vale do Sol. A colisão em 14 de novembro de 2014, no quilômetro 123 da RSC-287 tirou a vida do casal Hugo Morsch, de 78 anos, e Herta Glicéria Morsch, 75; e da filha deles, Vitória Terezinha Morsch dos Santos, de 49. Ainda deixou em estado grave o marido de Vitória, Jorge Antônio dos Santos, então com 51 anos, e uma das filhas desse casal, Ana Luiza dos Santos, que à época tinha 13 anos. Esses cinco estavam no Gol.

O julgamento dessa segunda-feira, 29, iniciou com os depoimentos dos dois sobreviventes. Jorginho, como Jorge é popularmente conhecido, mostrou uma grande dificuldade na fala e sequelas visíveis do acidente que o deixou meses internado no hospital. Perguntado sobre sua vida atualmente, disse não saber se é feliz. Ainda que confuso em alguns questionamentos, para um deles, sobre a falta da esposa Vitória, a resposta estava na ponta da língua: “Tenho muita saudade dela”.

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O depoimento de Ana foi dramático. Em seu colo havia uma pilha de edições da Gazeta do Sul que retratavam o caso ao longo dos tempos. Em muitos momentos, ela chorou ao relembrar os quase dez anos de processo. E fez as pessoas que acompanhavam o julgamento na plateia se emocionarem ao falar da saudade dos familiares. “Minha vida era muito abençoada e muito feliz. Hoje está dilacerada, choro todos os dias.”

Também não poupou o réu, ao virar para ele e dizer que ele tinha matado sua mãe. “Fico pensando como seria se minha mãe estivesse do meu lado. Queria ter aprendido tanta coisa com ela, ela era tão incrível, e tu me privou de tanta coisa. Tu não matou só minha mãe, tirou 80% da vida do meu pai. Quis beber naquele dia e não se importou com o que ia fazer”, disse ela.

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