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Capitão Hugo de León conta detalhes da conquista do mundial em 1983

Há quase 40 anos, uma imagem se eternizou na memória do esporte gaúcho e brasileiro, especialmente junto a todos os torcedores do Grêmio de Porto Alegre que vivenciaram aquele momento. Na noite de 28 de julho de 1983, o time derrotava o Peñarol, do Uruguai, por dois a um, em um Estádio Olímpico lotado, e se consagrava pela primeira vez campeão da Libertadores da América. O capitão, o zagueiro uruguaio Hugo de León, erguia a taça perante a torcida e as câmeras da TV e dos fotógrafos, e exibia um rosto ensanguentado.

Virou o símbolo maior da entrega e da raça em campo indispensáveis para grandes conquistas. Meses depois, no dia 11 de dezembro de 1983, repetia o feito, só que desta vez em Tóquio, no Japão, onde o Grêmio derrotava o Hamburgo, da Alemanha, e se tornava campeão mundial.

De León atuou pelo Grêmio entre 1981, quando foi campeão brasileiro pelo clube, e 1984. Veio do Nacional, do Uruguai, onde já erguera duas taças da Libertadores e conquistara um Mundial. São os seus dois clubes do coração. Foi no Nacional, inclusive, que encerrou a carreira de jogador em 1993, depois de, por mais de uma década, ter defendido igualmente a seleção celeste. Chegou a fazer uma investida como treinador, a começar pelo Ituano, em 1996, seguido do Corinthians. Então assumiu o seu Nacional, entre 1998 e 2001, passou pelo Monterrey, do México; voltou ao Nacional para por fim assumir o Grêmio, em 2005. Mas parou por aí, e deixou o futebol de vez.

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Pode ter deixado de lado as disputas futebolísticas, mas não abdicou do espírito de liderança, que levou para a política. Em 2009, foi candidato à vice-presidência do Uruguai pelo Partido Colorado, em chapa com Pedro Bordaberry, em eleição na qual saiu vencedor José Mujica.

Hoje, divide seu tempo entre Porto Alegre, cidade que adotou, e Montevidéu, capital uruguaia. Aos 64 anos, completados em 27 de fevereiro, é natural de Rivera, em região fronteiriça que lhe permitiu conhecer de perto as duas culturas, uruguaia e brasileira. Se deixou o futebol e se afastou da política, elegeu outro esporte como a sua nova paixão, o beach tennis, sendo uma espécie de embaixador dessa modalidade. E foi por intermédio do beach tennis que acabou firmando amizade com um santa-cruzense, Sérgio Gassen, com quem faz dupla já vitoriosa em etapas pelo Brasil. E até tem visitado Santa Cruz.

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Na semana passada, ao final de um dos treinos diários na Praça da Encol, em Porto Alegre, recebeu a Gazeta do Sul para recordar das conquistas com o Grêmio e, claro, para falar da carreira, da rotina na capital gaúcha e de suas impressões do conturbado mundo contemporâneo.

Entrevista

Foto de Alencar da Rosa

Como ocorreu a aproximação com o Sérgio Gassen (com quem faz dupla no beach tennis)?
Temos amigos em comum, do esporte em geral, mas o que nos aproximou principalmente foi o beach tennis. A partir de 2019, quando conheci esse esporte, nunca mais parei de jogar. Então, a gente tem se achado em torneios, em Santa Cruz, em Porto Alegre… A gente já jogou no Rio. A gente foi se vinculando, e hoje temos essa amizade.
Já jogaste em Santa Cruz, então…
Sim, fui nos torneios da Inside, e fui no casamento do Sérgio Gassen também, foi um grande evento, lá mesmo na Inside; fez seus 60 anos e casou lá. E outras vezes tenho ido a Santa Cruz. Mas já conhecia a cidade pelo futebol. Passei várias vezes; tinha ficado no hotel que fica junto à praça. Santa Cruz é uma das grandes cidades do interior, muito evoluída, com muito movimento e crescimento. Na verdade, é uma daquelas cidades top do interior do Rio Grande do Sul.

Hoje te divides entre Porto Alegre e Montevidéu, isso?
Agora já vivo praticamente 90% do tempo em Porto Alegre, voltando pouco a Montevidéu. Vou lá porque tenho minha filha e meus netos em Montevidéu, e tenho irmãos e sobrinhos-netos em Rivera. Então faço um giro quando vou para lá. Mas estou morando em definitivo em Porto Alegre desde janeiro de 2019. Minha família é oriunda do Uruguai. Sou desquitado faz 39 anos. Tenho duas filhas: Lorena, que nasceu em Montevidéu, e Verônica, a segunda, é gaúcha. E tenho quatro netos: Julieta, Matilde, Martina e Joaquim.

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E o futebol. Em algum momento cogitas uma volta?
Está totalmente fora de cogitação. Larguei o futebol no dia em que, em 2005, deixei de treinar o Grêmio, e nunca mais voltei. O que tinha que acontecer, aconteceu. Tudo o que te acontece de bom ou de ruim é porque estava no teu caminho. Eu tinha falado que ia trabalhar no máximo uns dez anos como treinador, e acho que trabalhei oito.

A vinda para o Grêmio foi um divisor de águas para ti?
Nacional e Grêmio são os dois clubes do meu coração. Nacional porque me criei, me formei lá. E sempre digo que fiz um master no futebol aqui no Grêmio, que é minha segunda casa, naturalmente. São duas paixões, dois tricolores, Nacional no Uruguai e o Grêmio aqui em Porto Alegre. Com esses dois clubes, ganhei três Libertadores e dois mundiais.

Treinaste o Grêmio até a véspera da Segunda Divisão em 2009, quando o Mano Menezes assumiu. Agora o clube está de novo na Série B. Que lição tirar disso?
Acho que a mais traumática de todas é essa terceira queda, pelo potencial que tinha o clube, pelo momento econômico. Nas outras ocasiões, o clube não vivia situação financeira boa, como agora. Nunca é bom ter no currículo essas manchas, porque é uma mancha na história do clube. Por tudo o que o Grêmio tinha no momento, essa terceira queda acho que foi a pior.

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Costumas ir assistir a jogos?
Sim, vou na Arena. A gente vai na Arena, que ficou muito bonita. Tenho uma turma de amigos gremistas. Mas como jogo beach tennis todos os dias pela manhã, com torneios nos finais de semana, escolho quais jogos a que posso comparecer, dentro da minha atividade.

Como é a tua rotina de treinos no beach tennis?
Jogo com minha turma do beach desde que cheguei aqui. Primeiro me integrei com esse grupo que joga no verão na praia de Atlântida, jogava na Plataforma, e se dispersou. Agora temos a turma, é uma associação, aqui na praça da Encol. Esse esporte é democrático, tem gente de todas as áreas e todos os níveis. Quem começa a jogar, depois não para. O importante é que tu sociabilizas muito. O beach tennis te tira de dentro de casa, te dá a energia do esporte, ao sol, e isso melhora a tua qualidade de vida.

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Também estiveste na política. Ainda tens ligação?
Não, foi naquela época. Sempre fui do Partido Colorado no Uruguai, mas nunca tinha atuado. Como estava com tempo livre, em 2009 saí a defender a história do país, que é a história do nosso Partido Colorado, e a defender num momento ruim pelo qual estava passando nosso partido. Por sorte, naqueles seis meses em que trabalhamos no partido conseguimos reverter o que as pesquisas estavam dando, e foi muito importante para o partido. Mas não sou político, não.

Ainda tens contato com o grupo vitorioso do Grêmio?
Sim, nos relacionamos por internet e WhatsApp. Eles interagem muito e fazem muitos eventos, jogam. Eu não participo porque não joguei mais futebol. Mas fico em contato com eles, porque foi um grupo maravilhoso e a gente tem um relacionamento ótimo.

A época da Libertadores e do Mundial foi mágica, não?
No futebol, tocamos o topo, ganhamos tudo o que era possível. Aquele grupo chegou ao máximo, que é o título mundial. Temos essa marca, e ficamos torcendo para que haja uma segunda. Mas até agora fica a única, a daquele grupo de 83, e isso está marcado na nossa história, na história do clube e na história do futebol.

E se eternizou aquela imagem de ti erguendo a taça…
Sim! Essa da Libertadores, é. Aquela primeira Libertadores, com um time copeiro, com a cidade, o Estado, e os fora do Estado, a angústia do torcedor gremista de atingir a primeira marca internacional desse nível. Foi uma festa espetacular e, na verdade, à distância, olhando o que a gente viveu naquele momento, com o apoio do torcedor, com aquela direção maravilhosa, foi único.

Sempre tiveste, dentro e fora de campo, o intuito da liderança. Como vês o mundo hoje?
Um cenário terrível, porque estamos vivendo a globalização. Pessoas que têm muito poder no mundo resolveram que têm de diminuir a população, e pelo jeito estão atingindo isso. Um meio tem sido essa Covid, que é uma coisa que foi plantada. A ideologia de gênero… Tudo que estão promovendo é para destruir a família. Porque esse tem sido o sustento do mundo. Toda a vida é a família, e essa globalização tentou de todas as maneiras que a família fosse destruída. Fizeram toda essa lambança que está aí.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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Marcio Souza

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