Embora estejam presentes em grande parte dos lares brasileiros e sejam muitas vezes equiparados a membros da família, casos de abandono de animais domésticos seguem como uma prática comum e, em Santa Cruz do Sul, apesar de todas as ações de conscientização para uma adoção responsável, a situação não é diferente. A superlotação no Canil Municipal se repete a cada final de ano e se agrava nos meses de janeiro e fevereiro. Atualmente, estão abrigados no local 81 animais, entre cães e gatos. Na semana passada, esse número era ainda maior, chegando a 103.
A maioria dos recolhimentos ocorreram em novembro, um total de 67, e foram de filhotes com e sem mãe e de animais acidentados e doentes, abandonados em locais inóspitos. Por outro lado, as adoções foram muito poucas. Nesse período, apenas 14 e, em outubro, 15.
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A lotação costuma sofrer grande variação no decorrer do ano, porém é especialmente nessa época que aumenta significativamente. Muitas pessoas viajam para as comemorações de Natal, virada de ano e durante as férias e, não tendo com quem deixar os pets, acabam por abandoná-los à própria sorte. “O maior temor diante do panorama que se apresenta é de um colapso no quantitativo de vagas disponíveis para albergagem de animais e de incapacidade para novos recolhimentos até que se consiga estabilizar a situação”, alertou o médico veterinário Tiago Marques, responsável pelo Canil Municipal.
Em razão do esgotamento da capacidade física do local, o secretário municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Jaques Eisenberger, é enfático ao afirmar que enquanto perdurar a superlotação, somente serão atendidas situações de emergência. Ele informa que não adianta as pessoas ligarem porque não há mais espaço disponível. “Estamos com problemas de doenças, os cachorros estão brigando muito entre si e até os filhotes que chegam saudáveis estão adoecendo. E a tendência agora no final do ano é piorar, o pessoal sai de férias, não têm onde deixar os cachorros e abandonam. Fazemos um apelo para que as pessoas não abandonem seus animais e, ainda, quem puder adote”.
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Como explica Tiago, o canil é um local provisório, um lugar de passagem para que os animais abandonados e vítimas de maus tratos sejam tratados e disponibilizados para uma adoção responsável por pessoas interessadas. “O canil e os abrigos, de modo geral, não devem ser moradas definitivas e muito menos servirem como depósitos de animais”, ressaltou ele.
Feiras incentivam a adoção responsável
Durante todo o ano, são realizadas feiras de adoção no município, em média uma a cada mês. A ideia é incentivar cada vez mais pessoas a exercitarem este importante gesto de amor, porém para se tornar um tutor é preciso comprometimento. E para evitar a ocorrência de novos abandonos, há critérios estabelecidos para a adoção. Todos os animais que saem do Canil Municipal para um lar são microchipados, vacinados, vermifugados e com teste feito para leishmaniose. Os adultos saem castrados e os filhotes com a castração assegurada para o momento em que atingirem a idade adequada.
O processo de adoção é rigoroso, de modo que o interessado precisa apresentar cópia de comprovante de residência e documento de identificação com foto, ser maior de 18 anos, possuir espaço cercado, tempo, disposição e estar muito atento para as necessidades básicas do animal e para os cuidados médico-veterinários necessários ao longo da vida. O candidato a tutor passa também por uma entrevista socioambiental e tem que assinar um termo de adoção, tornando-se responsável pelo animal.
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Interessados em adotar podem fazer agendamentos pelo telefone 51 3719-1170. O Canil Municipal fica na Rua Victor Frederico Baumhardt, 2.581, Bairro Carlota. O local está aberto para atendimento ao público de segunda a sexta-feira das 9h30 às 16 horas, sem fechar ao meio-dia.
Animais serão levados para local provisório
Nos próximos dias, os animais que estão abrigados no Canil Municipal serão levados para um espaço provisório na Granja Municipal, em Linha Santa Cruz, ao lado do novo Centro de Bem-Estar Animal, que está em fase de construção. “A estrutura provisória tem espaço para 60 animais, entre cães e gatos, ponto este que nos preocupa também, pois a albergagem atual está em 81 animais, ou seja, muito além da capacidade”, observou Tiago.
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Já o Centro de Bem-Estar Animal, estrutura que está em construção, ocupará uma área total de 8,4 mil metros quadrados, com 600 metros quadrados de área construída. A estrutura contará com canil, gatil, prédio para atendimento médico-veterinário e atividades administrativas e estacionamento. Inicialmente, serão albergados no local caninos e felinos, em situação de vulnerabilidade, vítimas de maus tratos ou de abandono. Os animais serão recuperados, tratados e preparados para futuras adoções. A capacidade será para 200 cães e cerca de 50 gatos.
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