O último grande momento da disputa pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul antes da votação de domingo se deu ontem pela manhã, quando os cinco candidatos a prefeito estiveram novamente frente a frente na Rádio Gazeta AM e Portal Gaz. Sérgio Moraes (PTB), Telmo Kirst (PP), Fabiano Dupont (PSB), Gerri Machado (PT) e Afonso Schwengber (PSTU) debateram por cerca de duas horas e, como já era previsto, partiram para o ataque.
Dos quatro blocos do debate, três foram inteiramente dedicados a perguntas entre os candidatos. Dentre os temas trazidos à tona estiveram vagas em creches, gestão fiscal, trânsito, relação com hospitais, piso do magistério e atendimento aos idosos. A três dias das urnas e com a pesquisa Methodus/Gazeta divulgada ontem apontando empate técnico entre Sérgio e Telmo, o espaço serviu para que os candidatos dessem as suas cartadas finais, endereçadas aos eleitores indecisos – que ainda somam 10% do eleitorado.
Assim como ocorreu no debate anterior, no início do mês, Sérgio e Telmo buscaram o confronto um com o outro a todo momento, comparando seus governos e levantando temas espinhosos como o apoio de Sérgio a Eduardo Cunha, a “paternidade” de obras em andamento no município e as terceirizações de serviços da Prefeitura. Os dois, inclusive, usaram os demais candidatos para se alfinetar e chegaram a bater boca. Mesmo à margem da polarização, Fabiano, Gerri e Afonso também subiram o tom no debate, engrossando críticas ao atual governo e a Sérgio.
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O debate foi realizado na redação multimídia da Gazeta e, nos bastidores, ficou evidente o acirramento da disputa entre Sérgio e Telmo. Tanto na chegada quanto na saída os dois não se cumprimentaram e, nos intervalos, evitavam ficar no mesmo ambiente. Já a relação dos dois com os demais adversários aparentou ser bem mais amistosa, tanto que foram fotografados conversando e sorrindo. Entre os assessores, que acompanharam em outra sala, o clima também foi tranquilo.
OS PRINCIPAIS MOMENTOS
GESTÃO FISCAL
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No primeiro bloco, Telmo questionou Gerri sobre como pretende viabilizar os projetos prometidos na campanha diante das dificuldades financeiras da Prefeitura. Gerri afirmou que contará com a ajuda de seu partido para intermediar a captação de recursos e disse que os mais importantes investimentos dos últimos anos tiveram atuação determinante sua, como o Residencial Viver Bem e o viaduto do antigo trevo Fritz e Frida. Disse ainda que o governo atual não conseguiu atrair recursos à Prefeitura. Telmo se defendeu, afirmando que um dos focos de sua gestão foi retomar a capacidade de investimento da Prefeitura com recursos próprios e que enfrentou uma “redução drástica” de receita em razão da crise.
HOSPITAL SANTA CRUZ
Fabiano questionou Telmo sobre a relação do atual governo com o Hospital Santa Cruz. Telmo afirmou que a relação é “excelente”, que o município não possui dívidas com a instituição e o corte de 40 mil cartões SUS irregulares aliviou a demanda por atendimentos. Fabiano rebateu: “Sua relação foi tão boa que o senhor interviu no Pronto Atendimento”. Prometeu ainda valorizar mais as contratualizações e disse que a retirada de recursos dos hospitais prejudica a população.
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PATERNIDADE DE OBRAS
Em mais de um momento, os candidatos discutiram sobre a “paternidade” de investimentos. Sérgio questionou Fabiano sobre o fato de Telmo citar o viaduto do Fritz e Frida nos programas eleitorais como uma de suas obras – o que, segundo o petebista, é “motivo de piada na cidade”. “A população sabe distinguir município, Estado e União, não vai mais se iludir com esse tipo de postura”, disse Fabiano, criticando ainda a proposta de Sérgio de implantar internet grátis em todos os bairros o que, segundo ele, é inviável.
EDUARDO CUNHA
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A postura contrária de Sérgio à cassação do mandato do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, veio à tona em dois momentos. Logo na primeira rodada de perguntas, Afonso acusou o petebista de ter votado a favor de um indivíduo que “roubou dinheiro do povo” e de ter apoiado o “deputado do castelinho”, em referência ao caso do ex-deputado Edmar Moreira. A pergunta irritou Sérgio, que disse ter votado com a sua consciência e atacou Afonso: “Tu não é reconhecido. Nem os trabalhadores vão votar em ti”.
No terceiro bloco, Telmo questionou Sérgio sobre sua ausência no dia da votação da cassação de Cunha, alegando que outros deputados que são candidatos a prefeito interromperam suas campanhas para comparecer. “Deputado tem obrigação de estar em Brasília”, disse Telmo. Sérgio reagiu, afirmando que a sentença de Cunha já estava definida e sua presença não faria diferença. Ainda acusou Telmo de não ser identificado com a população mais pobre. “O senhor tem alergia a povo”, disparou.
TRANSPORTE
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Trânsito e mobilidade estiveram entre os temas mais debatidos. Em resposta a uma pergunta de Fabiano, Sérgio disse que a licitação do transporte coletivo feita pelo atual governo foi “uma ação entre amigos” e prometeu rever esse convênio caso eleito. “Não tenho acordos com nenhum empresário. Tenho acordo com o povo”, disse. Fabiano frisou que os problemas do transporte coletivo vêm de vários governos e é preciso uma fiscalização mais efetiva sobre as concessionárias e investimentos em acessibilidade.
Em outro momento, respondendo a Afonso, Telmo afirmou que o governo passado gerou uma multa milionária à Prefeitura pelo atraso na licitação e que a tarifa de Santa Cruz é “uma das mais baixas do Estado”. Afonso disse que, por meio dos conselhos populares que pretende criar, a população indicará no que o governo deve investir. Fabiano defendeu que o município invista em edifícios-garagem para resolver a falta de vagas de estacionamento e Gerri propôs a implantação de um estacionamento subterrâneo na Praça Getúlio Vargas.
PISO DO MAGISTÉRIO
Em um dos momentos mais tensos, Telmo perguntou a Sérgio por que os governos do PTB não pagaram o piso nacional aos professores da rede municipal. Sérgio disse que a lei do piso é de 2008 e seu governo encerrou em 2004, mas pretende manter o piso caso eleito. Disse ainda que o piso foi a única promessa de campanha cumprida por Telmo. “O senhor não cumpre absolutamente nada do que promete”, disse.
TERCEIRIZAÇÕES
Em outro embate entre Telmo e Sérgio, o petebista acusou o atual governo de gastos excessivos como terceirizações e aluguéis de serviços, como imóveis, computadores e máquinas. Telmo rebateu, afirmando que quem fazia “terceirizações exageradamente” era o PTB e que o adversário apresentava informações distorcidas. “Isso é maldade para confundir a opinião pública.”
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