Saúde e Bem-estar

Câncer de colo do útero: é necessário “prevenir”

Você sabia que a vacina utilizada no Brasil contra o papilomavírus humano (HPV) aumenta em 70% a proteção para o câncer de colo do útero? E que além dessa doença, o imunizante reduz a incidência de cânceres diretamente relacionados ao vírus em locais como boca, garganta, pênis, vulva, vagina, verrugas genitais e ânus? A vacina pode ser aplicada em homens e mulheres dos 9 aos 45 anos, sendo disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente, dos 9 aos 14 anos.

A imunização e a realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção. A ginecologista Denise Müller explica que a doença é silenciosa e, nas fases iniciais, pode ser completamente assintomática. “O colo do útero não é uma região sensível a dor. Nem sempre não ter sintomas significa não ter a doença.” Segundo ela, dor, sangramentos e secreções persistentes com cheiros diferentes são “sinais de alerta”.

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As fases iniciais ou as alterações pré-malignas da doença são tratáveis e curáveis na quase totalidade dos casos, com tratamentos simples. De todos os cânceres, o do colo do útero é o único que tem prevenção primária. “Antes de evoluir para câncer, o tratamento é curativo em 100% dos casos. Quando chega na fase de câncer, temos que avaliar o grau de invasão. A complexidade dos tratamentos muda em uma proporção absurdamente alta quando a doença se estabelece”, ressalta.

Uma bandeira chamada Apcolu

A ginecologista Denise Müller tem uma experiência de muitos anos de trabalho na saúde pública, voltada ao diagnóstico e encaminhamento de tratamentos de doenças relacionadas ao colo do útero.
A informação de estratégias de prevenção reais e possíveis, aliada à percepção da falta de conhecimento das pessoas quanto à possibilidade de o câncer de colo do útero deixar de existir, motivou o início de um movimento para mudar esse panorama. “A maioria das pessoas não sabe que há uma vacina que previne o câncer.”

Ginecologista Denise Müller | Foto: Emerson Hass

Então, Denise resolveu levantar essa bandeira no Rio Grande do Sul. A Associação de Prevenção do Câncer de Colo do Útero (Apcolu) é a primeira do Estado com esse propósito e foi fundada por ela em 15 de janeiro de 2022, em Santa Cruz do Sul, com a parceria de outras mulheres conectadas ao mesmo objetivo: a prevenção da doença. Desde então, a Apcolu trabalha em ações para fomentar a informação e incentivar a população a se cuidar.

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“Hoje se sabe que 80% da população em algum momento vai entrar em contato com o HPV.” Denise frisa que os países que conseguiram reduzir o câncer de colo do útero a níveis muito próximos de erradicá-lo foram os que investiram nas estratégias de prevenção, como vacinação em massa e coleta de exames de rastreamento para as mulheres. “Países desenvolvidos conseguiram eliminar a doença com a mesma vacina que temos no SUS.” Denise defende que “não são estratégias impossíveis. A vacina está no posto, o preventivo está à mão”.

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Imuniza Escola: uma ferramenta para a prevenção

Com foco em eliminar o câncer, a mais recente ação da Apcolu nasceu a partir de uma ideia de Denise: a criação de uma ferramenta digital para auxiliar famílias e educandários na regulamentação da carteira de vacinação, junto à matrícula escolar. A iniciativa foi apresentada por ela ao governador Eduardo Leite em maio de 2022 e se transformou numa importante ação para aumentar a cobertura vacinal contra o HPV, por meio de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e a Secretaria Estadual da Saúde (SES). O programa, lançado em novembro do ano passado, está presente em todo o Estado.

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Ele é baseado na lei que prevê a apresentação da carteira de vacinação atualizada no ato da matrícula escolar. “O projeto-piloto foi voltado para a vacina do HPV, uma ferramenta que mudará a história do câncer de colo do útero em nosso Estado.” Em um primeiro momento, somente a rede estadual está rastreada pelo programa. Na sequência, o que se espera é que todas as escolas estejam incluídas.

Outro ponto destacado por Denise é o esclarecimento de um antigo tabu, que é a “sensualização” da vacina. Muitos pais adiam a vacinação em função disso. “A vacina previne o câncer e tem eficácia comprovada. Quanto mais cedo imunizados, maior proteção terão as crianças e os adolescentes.”

Recentemente, Denise apresentou o projeto na Câmara de Vereadores de Santa Cruz, com o objetivo de buscar verbas para o trabalho desenvolvido pela Apcolu. “Precisamos rentabilizar a associação para que possamos elevar os índices de proteção contra o câncer de colo do útero. São informações que salvarão muitas vidas no futuro!”

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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