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Produção

Cancelamento de eventos agrava crise no setor da agricultura familiar

Foto: Governo do Estado do Rio Grande do Sul

A confirmação do cancelamento da Expointer 2020 pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, na última quinta-feira, 26, já era esperada. No entanto, a não realização de mais uma das inúmeras feiras anuais do Estado canceladas em razão da pandemia de Covid-19 agrava a crise no setor da agricultura familiar, em especial para as agroindústrias.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol e Herveiras (STR), Renato Goerck, embora o prejuízo seja evidente, as famílias produtoras já estavam pressentindo o cancelamento da Expointer, evento que somente em 2019 movimentou R$ 4,5 milhões na área das agroindústrias. “É um impacto negativo muito grande, isso é fato. No entanto, acredito que em razão da pandemia estar ocorrendo, muitos produtores já estavam atentos a esse cancelamento. Diferentemente da Expoagro, onde tivemos casos de produtores de queijo, por exemplo, que estavam com toda a venda estocada para o evento quando veio a notícia do cancelamento”, comentou.

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Renato Goerck: produtores já esperavam | Foto: Rodrigo Assmann

“Tivemos a seca. Agora, infelizmente, como outros setores primários, o das agroindústrias foi severamente atingido pela pandemia, em virtude do cancelamento dessas feiras.” Dos eventos de maior impacto, segundo o presidente do STR, a realização da Expodireto, de 2 a 6 de março em Não-Me-Toque, auxiliou os produtores. O setor acabou movimentando cerca de R$ 1,1 milhão em vendas.

“Em contrapartida, em 2019, a Expoagro movimentou R$ 790 mil, e a Expointer mais de R$ 4 milhões. Foram recursos que deixaram de entrar para os produtores em 2020”, salientou. Renato Goerck ainda revelou não criar muitas expectativas quanto à realização de eventos próximos, como a Oktoberfest. “Temos uma pequena esperança de que para o fim do ano e início do próximo alguns eventos menores possam ser confirmados, como a Fenadoce, de Pelotas, em dezembro, e a Feira Estadual da Agricultura Familiar, de Torres, em fevereiro.”

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Solução é adaptar produção à demanda

Para as famílias que sobrevivem das atividades realizadas em suas agroindústrias, a falta dos eventos foi um balde de água fria nos lucros do ano. “As feiras são nossas principais vitrines, pois é onde apresentamos os produtos em um grande mercado e as pessoas estão dispostas a consumir”, afirmou Éricles Raymundo, de 25 anos, que administra a Ferreiro Sabores junto aos pais Elso e Angela. A agroindústria da família fica na localidade de Malhada, no interior de Passo do Sobrado.

Os principais produtos são doces de frutas, geleias, molho de pimenta e chimias. A não realização da Expoagro e Expointer, nas quais a Ferreiro Sabores confirmava presença, fez os proprietários improvisarem e adaptarem as condições à demanda. “Se não obtivemos os lucros tendo que deixar de vender nas feiras em que participávamos, pelo menos conseguimos escoar a produção na cooperativa a que somos associados, a Coopasvale”, disse Éricles, referindo-se à Cooperativa Agrícola de Passo do Sobrado e Vale Verde.

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Para Éricles Raymundo, jeito foi escoar a produção através da cooperativa. Mas o impacto não é o mesmo: “As feiras são vitrines”

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