Mais de cem municípios gaúchos já foram afetados pela falta de chuva. Na safra 2019/20, os produtores rurais enfrentam a segunda estiagem e somam perdas na agricultura e na pecuária. As precipitações de janeiro amenizaram, mas não resolveram os problemas no campo.
A situação não é diferente no Vale do Rio Pardo. Nos municípios no Sul da região, com maior extensão territorial, os problemas agravam-se a cada dia sem chuva. É o caso de Encruzilhada do Sul, que tem mais de 3,4 mil quilômetros quadrados.
O técnico agrícola da Emater/ RS-Ascar, Rogério Batista Rodrigues, explica que há localidades onde a situação está bem crítica, mas ainda é difícil mensurar os prejuízos. “Em dezembro não choveu quase nada, e as lavouras de soja ficaram falhadas. Muito replante feito em janeiro também não germinou”, contou.
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Os sojicultores cultivaram neste ciclo 50 mil hectares. Outras culturas que sentem os reflexos do clima seco e altas temperaturas são milho, feijão, olivicultura e a pecuária. Recentemente, o município decretou situação de emergência.
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Em Rio Pardo, o escritório municipal da Emater tem recebido muitos agricultores em busca da cobertura do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). “Praticamente todo o interior está seco. Às vezes acontece uma chuva esporádica em alguma localidade, mas no geral não resolve”, apontou o técnico agrícola João Francisco da Silva Gomes.
Com uma área de 2,2 mil quilômetros quadrados, o município sente os reflexos da estiagem até mesmo no cultivo de arroz, já que muitos arroios, sangas e açudes usados para irrigação estão desabastecidos.
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Perdas de até 80%
O município de Pantano Grande decretou situação de emergência em função da estiagem ainda no início de janeiro, mas até agora o pedido não foi homologado pela Defesa Civil. “Estamos com prejuízo significativo nas lavouras de soja e milho, porém a zona urbana não sofreu nem uma catástrofe, daí eles ficaram dificultando”, afirmou o secretário municipal de Agricultura e Pecuária, Paulo Renato da Silva Flores. Até o momento, os produtores perderam 50% das lavouras de soja e 80% das áreas de milho.
Flores salientou que a Prefeitura está mobilizada para ajudar o campo desde dezembro. “Temos um grupo organizado que já levou nossos pleitos até o Ministério da Agricultura. Isso tudo para proteger os produtores quanto ao abalo de crédito após colheita. Queremos medidas que facilitem algumas negociações que porventura se façam necessárias.” O Município também ampara os pequenos produtores com um trabalho de limpeza, construção e reforma de pequenos açudes e bebedouros.
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Ministra recebe pedidos do setor
O governador Eduardo Leite esteve reunido com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na tarde da última quarta-feira. Junto com o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, e com deputados federais e estaduais gaúchos, o chefe do Estado expôs as principais demandas do setor agrícola.
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No mês passado, Leite recebeu um documento assinado pelas principais entidades do agronegócio no Rio Grande do Sul com pedidos para o campo. Entre as dez demandas está a prorrogação, em pelo menos 120 dias, das dívidas dos produtores que tenham origem no crédito rural.
Os produtores também querem a prorrogação das parcelas de todos os contratos de investimentos que vencem em 2020 para um ano após a última parcela. Após a reunião, a ministra prometeu falar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para analisar o que é possível viabilizar aos municípios.
O boletim mais recente da Defesa Civil estadual aponta 115 municípios prejudicados pela falta de chuva no Estado. Destes, 107 decretaram situação de emergência, dos quais sete já foram reconhecidos e 13 foram homologados.
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