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Campanha procura reunir uma família de haitianos que vivem em Santa Cruz

O que começou como uma simples tarefa na disciplina de Psicologia Comunitária II, no curso de Psicologia da Unisc, ganhou proporções não imaginadas pela professora Karla Gomes Nunes. Ao discutir com a turma o plano de ensino, ainda no primeiro dia de aula, uma aluna propôs que fosse estudada a questão da imigração de haitianos e senegaleses, visto que pouco se sabe sobre a situação deles em Santa Cruz do Sul. Hoje, depois do fim do semestre, a preocupação se transformou em uma campanha para reunir uma família de haitianos.

O idioma, muitas vezes, faz da comunicação uma tarefa difícil. Mesmo assim, a mensagem é clara: a saudade dos dois filhos é imensa. Desde novembro de 2011, quando deixou o Haiti, devastado por um terremoto, o imigrante Yonel Joslin não vê o filho Schneider, de 16 anos, e a filha Loud Dianie, de 11. Eles ficaram com a avó paterna e deram tchau para o pai, para a mãe, Jaqueline, e ao irmão mais velho, Jokaeff, de 19 anos, que decidiram tentar a sorte no Brasil. Depois de quase cinco anos de vivências por aqui, em abril deste ano, o contato com alunos da Psicologia fez o sonho de trazer os filhos mais jovens e reunir outra vez a família começar a se tornar realidade.

Segundo Karla,  a turma foi dividida em pequenos grupos, que se dedicaram a buscar histórias de vida de imigrantes e entender como chegavam ao País. Ela conta que as dificuldades enfrentadas por Yonel e o desejo de trazer os filhos mais jovens ao Brasil mobilizaram os universitários. Desde então, eles estão empenhados na busca de recursos para concretizar o sonho do imigrante. “Tenho certeza que todos nós nos transformamos nesse semestre, além de percebermos a força de mudança que uma equipe pode ter”, avalia a professora.

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Ação reacende esperanças de reencontrar os filhos

A vinda de Yonel Joslin foi motivada pelo rastro de destruição e pobreza deixado pelo terremoto. Em solo brasileiro, a vida logo começou a se ajeitar e, assim que chegou, ele conseguiu emprego. A primeira parada foi em Manaus, mas a alta criminalidade daquela região fez Yonel se deslocar ao Sul do País. No Rio Grande do Sul, passou por cidades como Marau, Encantado e Estrela. Desde 2014, no entanto, reside e trabalha em Vera Cruz, enquanto a esposa e o filho moram em Bom Retiro do Sul. Esse afastamento, de acordo com o imigrante, é necessário para a manutenção dos empregos do casal, pois Jaqueline só conseguiu oportunidades em sua cidade atual.

Além da saudade e da distância entre os membros da família, a maior dificuldade é financeira. Com a destruição do Haiti pelo terremoto, o custo de vida se tornou muito caro lá. Assim, todos os meses, Yonel manda dinheiro para os dois filhos que ficaram no país, pois até mesmo a escola das crianças é paga. Porém, o contato com os alunos de Psicologia da Unisc acendeu no haitiano a chama da esperança. Segundo Yonel, os universitários lhe explicaram que não há garantia de que todo o valor necessário será arrecadado, porém, confia nas ações deles. Mesmo sem a certeza de que vai conseguir reunir a família, o imigrante já faz planos de morar com a esposa e os três filhos.

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Para ajudar

Com o lema Yonel e Jaqueline são nossos irmãos, a turma de Psicologia Comunitária II, ministrada pela professora Karla Gomes Nunes, no primeiro semestre deste ano, lançou uma campanha de arrecadação de valores para ajudar o casal a trazer ao Brasil os dois filhos que ainda residem no Haiti. Estão sendo organizadas várias ações, que contam com o apoio financeiro da comunidade santa-cruzense para dar certo.

A expectativa é de conseguir R$ 20 mil, valor que pagaria passagens de ida, para Yonel, e volta, para ele e os dois filhos. A primeira iniciativa da turma foi abrir uma conta para Yonel, em conjunto com dois alunos. Essa poupança está apta a receber depósitos bancários de qualquer valor. Além disso, os universitários vendem uma rifa e criaram um projeto de financiamento coletivo, uma vaquina online, no site Catarse.

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A rifa: pode ser adquirida com os alunos da Psicologia da Unisc.

Depósitos: Caixa Econômica Federal, agência 0500, conta 142573-0.

Financiamento coletivo através do Catarse

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