O Ministério da Saúde lançou, nesta segunda-feira, 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma nova campanha para incentivar o gesto. Neste ano, as peças publicitárias têm como foco estimular quem deseja doar a conversar com os próprios familiares.
De acordo com dados da pasta, em 2020, o índice de recusa à doação de órgãos pela família ficou em 37,8% dos casos com morte encefálica identificada – quando cessa a atividade cerebral do paciente e o quadro se torna irreversível -, mas que ainda permite a extração de órgãos e tecidos em bom estado. O índice vem apresentando ligeira redução ano a ano, tendo ficado em 41,3% em 2018 e em 39,4% em 2019.
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Além da campanha, é necessário aprimorar ainda mais a capacitação dos profissionais de saúde responsáveis por abordar as famílias dentro das unidades hospitalares, destacou a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Arlene Badoch. “Não podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento. É um serviço muito técnico, que precisa de muita expertise”, ressaltou a coordenadora. “É necessário que façamos um investimento massivo na educação continuada”, reforçou, pedindo o engajamento das secretarias municipais e estaduais de Saúde.
Outro ponto a ser melhor trabalhado, destacou Arlene, é a identificação da morte encefálica. Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos, mas que passam em branco pelos profissionais de saúde. Um terceiro ponto destacado pela coordenadora é o trabalho a ser feito na redução das paradas cardiorrespiratórias do paciente durante o processo de doação, o que pode prejudicar a viabilidade dos órgãos. Hoje, o país registra um índice de ocorrências na casa de 14%. “Nossa ideia é trabalharmos com índice de 5%”, disse Arlene. “Teremos no mínimo 500 doadores a mais, só mudando essa realidade, que depende diretamente das partes intra-hospitalares”, avaliou.
O Brasil possui, atualmente, 53.218 pacientes na fila por um transplante de órgãos. A maioria (31.125) aguarda para receber um novo rim. Em seguida, vem a fila por um fígado (1.905). No país, estão registradas ainda 365 pessoas à espera de um coração e 259 de pulmão. O número total engloba 19.115 pessoas que aguardam por um transplante de córnea, embora esta seja considerada um tecido, e não um órgão, e que o procedimento seja, muitas vezes, considerado não eletivo.
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Em 2021, foram realizados 5.626 transplante no país, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. O número representa uma recuperação em relação aos 3.937 procedimentos realizados no ano passado, quando houve uma queda brusca no número de doadores devido às restrições provocadas pela pandemia de Covid-19. Em 2019, foram realizados 7.715 transplantes. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a taxa de doação caiu 26% em 2020, se comparado a 2019. Essa queda foi observada para todos os órgãos e tecidos.
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