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ATIVIDADE LEITEIRA

Caminho inverso: casal retorna ao campo depois da experiência na cidade

Foto: Rafaelly Machado

Jair Breuning, 41 anos, nasceu no meio de agricultores. Neto e filho de produtores de tabaco, cresceu vendo a família tocar a produção na propriedade localizada na Linha Júlio de Castilhos, em Santa Cruz do Sul. Seus três irmãos, mais velhos do que ele, aos poucos foram deixando a lida no campo para morar na cidade. Aos 16 anos, com o pai, Eno Breuning, 71 anos, passando por alguns problemas de saúde e a mãe, Gisela Breuning, 70 anos, tendo que cuidar praticamente sozinha da propriedade e dos sogros, que estavam acamados, Jair deixou os estudos e assumiu o negócio da família.

Aos 23 anos se casou com Sandra Breuning, que no próximo dia 29 completa 36 anos. Ela, que também tinha experiência na agricultura, passou a dividir com ele as obrigações diárias. Mas o casal tinha um sonho. Eles acalentavam a vontade de morar e trabalhar na cidade. O primeiro passo foi a compra de uma casa. Juntaram as economias que ele vinha fazendo desde que começara a trabalhar com o valor da venda de um terreno com o qual Sandra havia sido presenteada pelos pais. A mudança para a nova casa, no Bairro Universitário, aconteceu em 2005.

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Na cidade, Jair foi trabalhar como motorista em uma distribuidora de alimentos e Sandra como atendente em uma padaria. Por dois anos, essa foi a rotina do casal. Mas a dedicação ao trabalho chamou a atenção do chefe de Jair. Razão que o a levou ser convidado para administrar a propriedade de criação de gado de corte do patrão, em Cerro Alegre Baixo, também em Santa Cruz. Então, junto com Sandra, que também começou a trabalhar com ele, instalou-se no novo endereço, onde permaneceu por quatro anos. “Foi uma época de muito trabalho, mas de muito aprendizado também”, afirma Jair. Além de novos conhecimentos, com as economias que fizeram enquanto estiveram na fazenda, compraram mais uma casa que, da mesma forma que a primeira, encontra-se locada, aumentando a renda do casal.

De volta para casa

Durante esse período, os pais de Jair estavam sozinhos e ainda mantinham a lavoura de tabaco. “Comecei a perceber que a lida estava sacrificada para eles e pensei em alternativas para ajudá-los. Foi quando nós resolvemos voltar”, lembra Jair. Ele conta que, enquanto trabalhavam com gado de corte, tiveram oportunidade de conhecer pessoas que atuavam na produção de leite e que lhes passaram informações valiosas. “Eu sempre imaginei que, se um dia eu voltasse para a nossa antiga propriedade, seria para trabalhar com produção de alimento. E o leite foi a opção”, complementa. E eles teriam que começar do zero, tanto em plantel como em equipamentos e experiência.

Foto: Rafaelly Machado

O ano era 2012. Venderam o carro para comprar dez novilhas e fizeram um financiamento para adquirir trator, sala de ordenha, mais algumas novilhas e um veículo utilitário. “Foi um começo difícil. Não tínhamos experiência nessa atividade. Passamos momentos mais complicados pela falta de conhecimento”, conta Sandra. Mas aos poucos as coisas foram mudando. Dois anos após o início. entraram para uma cooperativa de leite e passaram a contar com assistência técnica, veterinários e incentivos para aderir a novas tecnologias. Jair também fez cursos que o ajudaram a crescer na atividade leiteira.

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Há seis anos, a propriedade é certificada. No final deste ano, vai receber o atestado de livre de tuberculose e brucelose. E a produção com sustentabilidade também faz parte da rotina. Há três anos foram instaladas placas solares que garantem a energia e consequente economia; e há dois, o sistema de captação de água da chuva. Atualmente o plantel é de 54 cabeças de gado, entre novilhos, gado de leite e de corte. Tem agricultura para consumo próprio e continuam tocando, ao lado de Eno, uma área com tabaco.

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O casal, que há sete anos foi abençoado com a primogênita Sofia Isabel e há um com a pequena Laura, se diz feliz e realizado com o rumo que deu para suas vidas. “Fizemos o caminho inverso, pois escolhemos voltar para o campo. Mas foi uma boa escolha. O sossego que temos aqui é único. Além disso, muitas facilidades estão à nossa disposição. Com o telefone e a internet, estamos próximos de tudo. E o melhor é que hoje tenho tempo para minha família”, conclui Jair.

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Expediente

Edição
: Dejair Machado ([email protected])
Textos: Dejair Machado, Marcio Souza, Marisa Lorenzoni e Romar Beling
Diagramação: Rodrigo Sperb

Confira o caderno na íntegra » Dia do Colono e Motorista: data para celebrar tradição, história e trabalho

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