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Câmara discute taxa para hóspedes da rede hoteleira de Santa Cruz

Está em discussão na Câmara de Santa Cruz do Sul a criação de uma nova taxa, a ser cobrada de quem se hospeda na rede hoteleira do município. O projeto de lei prevê que os recursos sejam integralmente canalizados para políticas públicas de fomento ao turismo, mas a ideia divide opiniões.

De autoria do vereador Gerson Trevisan (PSDB), a proposta foi inspirada em municípios como Gramado, na Serra Gaúcha, que já possui a chamada Taxa de Turismo Sustentável (TTS), assim como outros polos turísticos do País. Conforme o texto, o pagamento não seria obrigatório e o valor seria equivalente a R$ 2,00 por diária – mesmo valor praticado em Gramado. A arrecadação seria feita pelos próprios estabelecimentos, que também fariam o recolhimento mensalmente à Prefeitura.

Atualmente, a maior parte do fluxo turístico de Santa Cruz é decorrente de eventos como a Oktoberfest, o Enart e as provas de automobilismo realizadas no Autódromo Internacional, além dos eventos científicos promovidos na Unisc. Outro segmento forte é o turismo de negócios, devido principalmente à presença de grandes empresas exportadoras no município – como as do setor de tabaco, que atraem compradores de várias partes do mundo à cidade no primeiro semestre de cada ano.

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Segundo um levantamento da Prefeitura, Santa Cruz possui hoje cerca de 1,9 mil leitos em sua rede hoteleira. De acordo com Trevisan, a intenção com a taxa é reforçar as condições para que o município desenvolva ações voltadas ao turismo, como a criação e potencialização de eventos. “Santa Cruz tem esse potencial, mas precisa de investimentos maiores. E trata-se de um valor ínfimo, que fará pouca diferença para quem pagar. Nos outros lugares, ninguém se importa de pagar”, observou. 

Trevisan acredita que a arrecadação com a taxa pode chegar a cerca de R$ 500 mil por ano. O orçamento total da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo para 2017 é de cerca de R$ 5 milhões.

NÚMEROS

1,9 mil é o número de leitos na rede hoteleira

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40% é a taxa média de ocupação

O QUE PREVÊ O PROJETO

A taxa seria cobrada em hotéis, pousadas, resorts e similares. O valor seria de R$ 2,00 por diária, e a cobrança seria por unidade ocupada e não por hóspede. O pagamento, que não seria obrigatório, seria feito no momento da liquidação da conta.

Os estabelecimentos ficariam responsáveis por registrar o recolhimento da taxa no livro eletrônico de ISSQN e repassar os valores à Prefeitura até o dia 20 de cada mês, sob pena de multa.

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Os recursos seriam canalizados para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo, que ficaria obrigada a aplicá-los em políticas públicas voltadas ao turismo.

TRÊS VISÕES

– Para o vice-presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), Lucas Rubinger, o projeto é inadequado. Na sua visão, o contexto de Santa Cruz é muito diferente dos polos turísticos onde há a cobrança. “Gramado é uma rota turística internacional,. Aqui, ainda que seja facultativa, essa taxa pode até servir de empecilho para que as pessoas venham”, disse, lembrando que, na prática, a taxa seria como um novo imposto em um momento de dificuldades na economia. Conforme Rubinger, uma proposta nesse sentido só seria aceitável se, ao invés de serem recolhidos à Prefeitura, os recursos fossem canalizados para uma organização de promoção do turismo. “Se for para a Prefeitura, é só para criar superavit à secretaria”, disse. A ACI vai entregar na segunda-feira aos vereadores uma carta na qual se posiciona formalmente contra o projeto – a entrega seria na sexta, mas a Câmara estava fechada.

– O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo, Flávio Bender, aprova a ideia, mas entende que os recursos não deveriam ser recolhidos à Prefeitura e sim a uma organização – como um bureau, uma fundação ou uma associação. “O recurso não deve entrar na Prefeitura, porque daí entra no caixa único, não há como separar. Mas vejo com bons olhos a proposta”, ressaltou.

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– Empresária do setor com atuação em turismo receptivo, Jacira Assmann também acredita que a taxa não se justifica em função da demanda – a taxa média de ocupação durante o ano na rede hoteleira é estimada em 40%. “Sou mais a favor de se cobrar ingresso nos pontos turísticos, como ocorre em qualquer lugar do mundo, e usar recursos para manutenção e investimentos nesses locais”, disse. 

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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