A temperatura acima da média está acelerando o crescimento das mudas de tabaco e obrigando os fumicultores a intensificarem as podas. É o que tem acontecido na propriedade de Bernadete e Artur Lopes, em Cerro Alegre Baixo, interior de Santa Cruz do Sul. Com uma produção de cerca de 31 mil pés, o casal conta que, enquanto em anos anteriores a poda ocorria a cada dez dias, neste é preciso fazê-la pelo menos uma vez por semana. “A mudas estão crescendo mais rápido que o normal”, afirma Artur.
O casal ainda pretende podar mais uma vez até transplantar para a lavoura, procedimento que será antecipado em dez dias em relação à última safra. “Teremos que plantar, no máximo, até 10 de julho. Só esperamos que o tempo continue assim”, comenta Bernadete.
Na localidade de Malhada, em Santa Cruz, Cristiano Staub iniciou a fase de transplante de mudas na semana passada. Segundo ele, em torno de 20% da produção de 80 mil pés de tabaco está na lavoura. “Espero concluir essa etapa até 25 de julho”, diz. Staub explica que iniciou o plantio mais tarde que no ano passado em razão de um atraso com o trabalho nas folhas secas. Porém, acredita que conseguirá recuperar o tempo perdido. “Com o clima assim, mesmo plantando 20 dias depois em comparação com o ano passado, as mudas estão se desenvolvendo rápido e vão emparelhar.”
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Cristiano Staub iniciou o plantio na lavoura na semana passada | Foto: Rodrigo Assmann
Quem passa por estradas do interior até percebe lavouras com tabaco. No entanto, o gerente técnico da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Paulo Vicente Ogliari, garante que o número de produtores que já transplantou ainda é baixo – inferior a 1%. “Se o tempo quente persistir por vários dias, vai acelerar o desenvolvimento das mudas, porém o transplante acontecerá por decisão exclusiva do produtor, pois estamos no inverno e poderá haver formação de geada e prejudicar a sua lavoura”, avalia.
Ele sugere cautela, porque há poucas reservas. “Hoje não existe um número muito grande de mudas de reserva. Se o produtor perder tudo, terá que iniciar novamente todo o processo e poderá atrasar o seu plantio”, alerta. A estimativa dos sindicatos dos trabalhadores rurais de Vera Cruz e Passo do Sobrado é de que a maioria dos fumicultores plante suas mudas na lavoura na metade do próximo mês. Conforme Ogliari, aproximadamente 89% da safra passada já foi entregue às indústrias. A média de preço por quilo é de R$ 9,00. Em 2016, o valor médio foi de R$ 10,07.
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