Enquanto o Vale do Rio Pardo segue à espera da duplicação da RSC-287, o vice-governador José Paulo Cairoli (PSD), em passagem por Santa Cruz nessa quinta-feira, deu uma declaração inesperada. Contrariando tudo o que vinha sendo alegado pelo Estado nos últimos anos para justificar a demora na obra, Cairoli afirmou que a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) dispõe de recursos para executá-la.
A afirmação foi feita durante reunião de Cairoli com líderes locais. Questionado sobre os planos do governo para a EGR, o vice-governador disse que a estatal é superavitária, que tem condições de realizar investimentos em infraestrutura e que só não o faz por falta de projetos. Alertado por alguns dos presentes de que um projeto para a 287 já está encaminhado, Cairoli disparou: “Então podem ir para cima do Nelson Lídio (Nunes, presidente da EGR), porque tem dinheiro”, afirmou. Abordado por jornalistas ao final do evento, Cairoli reafirmou que há recursos e disse que iria buscar informações a respeito do projeto. “Se o projeto existe, vou cobrar por que não está sendo feito”, alegou.
Aguardada há mais de uma década, a duplicação da 287, entre Venâncio Aires e Candelária, é estratégica para o desenvolvimento da região – tanto que, na última terça-feira, o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale do Rio Pardo elegeu a obra como prioridade para os próximos anos. Segundo dados da EGR, apesar das más condições de manutenção da rodovia e da retração na atividade econômica, apenas em julho deste ano mais de 340 mil veículos cruzaram a praça de pedágio de Venâncio – quase 11 mil por dia.
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Afirmação surpreende presidente do Corepe
Informado sobre a declaração de José Paulo Cairoli, o presidente do Conselho Comunitário das Regiões das Rodovias Pedagiadas (Corepe), Luciano Naue, se disse surpreso. Segundo ele, o Corepe não recebe informações sobre o projeto da duplicação desde fevereiro deste ano, quando houve a última reunião da qual participaram representantes da EGR.
No ano passado, dirigentes da empresa chegaram a afirmar que, para tirar a obra do papel, seriam necessários financiamentos externos. “Nós sempre alegávamos que era possível fazer com a cobrança de pedágio. Chegamos a propor que fosse discutido um aumento de tarifa para viabilizar a obra. Ou o vice-governador está mal-informado ou estão achando que somos palhaços”, critica.
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Presidente da EGR desconhece situação do projeto
A elaboração do projeto de engenharia da duplicação teve início em 2012. Em julho daquele ano, o então secretário estadual de Infraestrutura, Beto Albuquerque, assinou, em Santa Cruz, a autorização para o início do trabalho. A previsão, à época, era que o projeto fosse concluído em oito meses e a obra tivesse início em 2014. O custo era de R$ 1,9 milhão e duas empresas foram contratadas: a STE, de Canoas, responsável pelo trecho Candelária–Santa Cruz, e a Ecoplan, de Porto Alegre, responsável pelo trecho Santa Cruz–Venâncio.
Procurado ontem à tarde, o presidente da EGR, Nelson Lidio Nunes, disse que não tem informação sobre a situação do projeto. “O projeto foi contratado pelo Daer, mas eu ainda não recebi nada, não sei em que ponto chegou. Estamos agora buscando a informação”, disse. Sobre a possibilidade de a EGR bancar a obra, Nunes alegou desconhecer o valor, mas admitiu ser viável se os custos forem diluídos ao longo de um período largo.
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A Gazeta do Sul solicitou informações ao Daer a respeito do projeto, mas a assessoria de imprensa informou que, como demanda pesquisa, a resposta não poderia ser dada ainda ontem.
Obra do viaduto só deve ser concluída em fevereiro
José Paulo Cairoli também afirmou ontem que não acredita que a construção do viaduto junto ao antigo trevo Fritz e Frida vá ser concluída antes de fevereiro. Ao chegar ao município, Cairoli fez contato por telefone com o presidente da EGR para se queixar do fato de a obra estar parada. “Duas semanas atrás, quando estive aqui, havia máquinas trabalhando. Hoje (ontem) não havia nenhuma”, disse.
A previsão era entregar a obra este mês. Nelson Nunes alegou que o governo trabalha para terminá-la o quanto antes. “Um mês a mais, um mês a menos não vai ser relevante nesse processo.”
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