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BELEZA FEMININA

Caderno ELAS: o charme dos cabelos brancos

Foto: Rafaelly Machado

Eva Conceição, aos 67 anos, orgulhosa de poder exibir seus cabelos naturalmente brancos e feliz por poder inspirar outras mulheres

Eva Conceição, aos 67 anos, orgulhosa de poder exibir seus cabelos naturalmente brancos e feliz por poder inspirar outras mulheres

Em número cada vez mais crescente, as mulheres jovens têm assumido, seguras de si, os cabelos grisalhos. Especialmente durante a pandemia de Covid-19, que inviabilizou a ida aos salões de beleza para colorir os fios, muitas optaram por deixar à mostra suas madeixas naturalmente brancas em vez de fazer, por conta própria, a coloração. O assunto ganhou notoriedade quando algumas famosas, como Glória Pires, Preta Gil e Samara Felippo, abandonaram as tinturas e apareceram com seus cabelos brancos.

Apesar das críticas sofridas na internet, por conta dos padrões de beleza impostos às mulheres e que parecem não considerar o processo de envelhecimento como algo natural (para o público feminino), elas têm incentivado muitas outras a fazer o mesmo. Afinal, o que deveria ser considerado como bonito e corriqueiro ainda parece valer apenas para os homens. Eles, aliás, quando aparecem com os cabelos “prateados” são comumente tachados de charmosos. E por que não estender esses mesmos elogios às mulheres, como parte da sua beleza e sensualidade?

“Esse é o meu cabelo”

Além de romper com a pressão de estar bem apresentável, enfrentada durante boa parte da sua vida profissional, Eva Conceição da Silveira Santos, hoje com 67 anos, valorizou a própria identidade ao assumir seus fios brancos. Também ganhou mais tranquilidade, confiança e autoestima. E isso ela deixa transparecer em poucos minutos de conversa. Aposentada desde 2019, conta que sempre trabalhou no comércio e foi alvo de muitos olhares “atentos” sobre sua imagem. Esses mesmos olhares soavam quase como uma exigência para que estivesse sempre impecável e, obviamente, com os cabelos coloridos e alinhados.

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Natural de Encruzilhada do Sul, mas morando há 37 anos em Santa Cruz, hoje se mostra cheia de disposição e não gosta, nem de longe, de ouvir a expressão “terceira idade”. Justamente por manter o espírito jovem e ativo, Eva garante que diariamente reafirma estar segura de si com o novo visual e que já foi alvo de inúmeros elogios. “Já me pararam na rua para dizer que o meu cabelo é lindo e também queriam ter a coragem de fazer a transição.”

O impulso para assumir o seu cabelo ao natural veio também durante a pandemia de Covid. “Eu não gostava de pintar o cabelo em casa. Aí veio a pandemia e a dificuldade de sair por causa do isolamento, e decidi, de vez, deixar os brancos à mostra”, acrescentou.

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Para dar conta desse período de transição, Eva disse que foi preciso paciência. “É um processo demorado e exige determinação para não desistir. Eu mantinha os cabelos mais tempo amarrados, usava boné e depois fui optando pelos cortes curtos”, relatou, garantindo que todo o esforço valeu a pena. “Hoje, o meu cabelo não dá trabalho nenhum e me sinto feliz com ele assim. Me deixa realizada”, garantiu.

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Eva considera que a “beleza natural é muito mais bonita”, justamente por não ser “forçada”, e revela que não costuma estar maquiada. “Só uso batom vermelho e lápis nos olhos. Eu coloco batom logo que acordo e quando não uso, parece que tem algo faltando em mim”, brinca, ao evidenciar que esse é um hábito do qual não abre mão. “Sempre fui vaidosa. Não ligo para os comentários sobre idade e nem para o preconceito.”

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Para quem ainda não se encorajou a abandonar as colorações e ultrapassar essa fase de transição, Eva reforça que “valorizar a própria identidade dá a sensação de liberdade”. “As pessoas deveriam acreditar mais em si e assumir dizendo: ‘sim, esse é o meu cabelo”, assegura.

Tratar os brancos

O cabeleireiro e terapeuta capilar Marcel Trevisan, da Iria Cabeleireiros, observa que o embranquecimento dos cabelos é um processo de oxidação que inibe a produção da melanina no fio. Por causa disso, além da perda da pigmentação, os fios ficam mais rígidos e exigem cuidados extras. Como exemplo, ele cita a necessidade de tratamentos nutritivos com maior regularidade, para deixar os cabelos macios, e o uso de óleos, ideais para também dar movimento aos fios.

Outra indicação são os cortes mais curtos. “Fazer cortes regulares para que o cabelo não fique com aspecto de mal cuidado é outra dica importante. Também costumamos indicar, para quando os fios estiverem amarelados, o uso de shampoos e condicionadores matizadores. Esses produtos deixam o cabelo com aspecto mais branco, saudável e limpo e com tom final acinzentado.”

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Sobre o processo de transição, Marcel diz que é lento e com resultados em longo prazo. “Muitas pessoas têm dificuldade de esperar porque querem ver o resultado de imediato e aí acabam voltando a fazer as colorações.” Para facilitar essa fase de transição, ele recomenda puxar mechas inversas para ajudar a dar um aspecto mais natural. E sugere, no processo de visagismo, o uso de maquiagem mais marcante ou um batom de cor de maior realce para que a ausência de cor do cabelo não se estenda em relação ao rosto.

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