Cadeia produtiva de plantas bioativas avança na região

O desenvolvimento do Arranjo Institucional de Suporte à Formação de Cadeias Produtivas de Plantas Bioativas no Vale do Rio Pardo (Valeef), iniciado em novembro de 2019, avança na região, com a participação de uma série de instituições. O projeto conta com a coordenação técnica do doutor Sandro Hillebrand, do Departamento de Química e Física da Unisc. A etapa atual é de plantio, com 50 mil mudas inseridas nos canteiros.

O mercado é assegurado por três destilarias, que já compram a biomassa. “As plantas de ciclo curto, plantadas agora, terão o primeiro corte em quatro meses. As de ciclo longo terão produção somente em agosto do próximo ano”, explicou. Os próximos passos serão a ampliação de espécies cultivadas e a busca por mais empresas compradoras, além da implantação de uma pequena destilaria modelo no Parque Tecnológico da Unisc, onde haverá capacitações para os produtores interessados em instalar suas próprias destilarias no futuro.

Uma inovação importante será a adoção de um software para rastreabilidade de toda a produção, com registros do manejo de cada agricultor por meio do celular. “É o caderno de campo, onde se registra o dia do plantio, da adubação e de toda intervenção no cultivo. A plataforma permite que a equipe gestora do Valeef visualize todos os produtores, como um integrador. Podemos ajudar na gestão da colheita, logística e negociação da produção quando tiver um volume grande”, explica Hillebrand.

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O propósito do projeto é gerar renda por meio de plantas medicinais, aromáticas e com outras propriedades especiais por meio de oportunidades no mercado. A articulação envolve pesquisa, contatos constantes com o mercado e organização do grupo para a produção e o beneficiamento. Os agricultores recebem informações sobre o potencial econômico de cada cultura, orientação para aquisição de mudas com boa qualidade genética e são acompanhados durante o cultivo, ao contarem com capacitação técnica para a formação de uma cadeia produtiva sustentável. “Entidades integrantes do Valeef, como a Emater e o Sebrae, também têm sido fundamentais no suporte aos produtores”, reforça o professor Hillebrand.

Entre as plantas cultivadas estão o alecrim, o capim-limão, a lavanda dentata e a melaleuca. O fornecimento das plantas é dos viveiros cadastrados da Agroflorestal Afubra e de outras duas empresas, de Nova Petrópolis e Morro Reuter. As indústrias que adquirem a colheita para a produção de óleos essenciais são a Vimontti (Santa Maria), Harmonia Natural (Canelinha-SC) e Tuua Rotina (Palmas-PR). As análises são realizadas na Central Analítica da Unisc.

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Os produtores interessados precisam ter uma área disponível de 0,2 hectare e em um raio de 50 quilômetros da Unisc, além de capital para investir no plantio. Entre os benefícios estão a negociação coletiva para compra de mudas, garantia de compra da massa verde e orientação técnica para a escolha das espécies, plantio e manejo. O cadastro de interesse e o contato podem ser feitos pelo site valeef.org.br ou e-mail valeef@unisc.br.

Início com boas expectativas

O produtor Cícero Françolin plantou mil mudas de melaleuca e já está recebendo apoio técnico e esclarecendo as dúvidas. O período já serviu para compartilhar experiências com outros integrantes do Valeef. “Quero adquirir o preparo técnico do manejo para plantar um hectare no ano que vem”, disse. “O investimento é baixo, teremos retorno garantido e a renda extra vai me ajudar a melhorar a propriedade. Além disso, a planta poderá ajudar alguém, pelas suas propriedades”, complementou o produtor de Linha Andrade Neves.

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Glória Miranda Cáceres foi convidada pela vizinha Susana Peterson para o cultivo de lavanda, alecrim e capim-limão, em Rio Pardinho. “Estou experimentando. Quero saber quais mudas vão vingar. O professor Sandro está nos orientando. O plantio foi feito há menos de 15 dias”, comentou. A primeira produção será para consumo próprio. Dependendo do resultado, Glória vai expandir a área de canteiros.

Laura Siebeneichler Raths planta um hectare com as irmãs Márcia e Cristiane e a sobrinha Carina, em Linha Brasil, no distrito de Monte Alverne. Foram 8 mil mudas de lavanda e 3 mil de capim-limão, alecrim e melaleuca, sendo mil de cada espécie. “Fazemos parte do Valeef desde o início do ano, quando vimos uma reportagem na Gazeta do Sul sobre plantas bioativas da propriedade do Marquion e da Valéria. Estamos muito entusiasmadas com esse projeto”, disse.

Setor atrai um novo olhar para o campo

Eduardo Dalla Costa é morador da cidade, mas tem um olhar voltado ao campo, por meio de atividades inovadoras. O trabalho de apoio à família na agricultura acontece nos finais de semana. “Na cidade, atuamos como articuladores junto aos grupos de estudo, para buscar tecnologias, tendências e alternativas de cultura. Escolhemos as plantas bioativas para aumentar nossa carteira de produtos para comercialização. Esse plano se tornou possível após termos conhecimento da existência do projeto Valeef”, explicou.

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A família está reduzindo a criação de animais para ampliar o cultivo vegetal, para maior foco e especialização. “São coisas muito distintas. A gente desperdiçava energia e o impacto era maior nos custos. Vamos potencializar o tempo e evoluir no conhecimento do cultivo das plantas bioativas e hortaliças”, analisou. Apesar de ser morador de Santa Cruz do Sul, os primeiros testes acontecem em Cachoeira do Sul, na localidade de Passo da Areia.

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A escolha das plantas bioativas também está relacionada ao turismo rural. A família reservou três hectares para a implantação dos canteiros. O plantio ocorreu há mais de um mês. A etapa atual é o incremento de nutrientes e irrigação para o desenvolvimento ideal das plantas.

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Dalla Costa destaca que o conhecimento, em grande parte, era passado de geração em geração pelos agricultores. No contexto do Valeef, a Unisc contribui com o conhecimento técnico e a otimização dos processos. “São várias novidades, que envolvem diversas áreas, para um trabalho mais produtivo. Isso faz diferença, tanto para a aquisição de mudas com genética de qualidade quanto para uma previsão de rentabilidade. O processo é amarrado do início ao fim, com a rede de empresas beneficiadoras e a garantia de compra da produção, formando-se uma nova cadeia produtiva”, analisou.

Embora morando na cidade, Dalla Costa (ao centro) realiza ações inovadoras no interior

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