Nesse sábado, 26, completaram-se 25 anos e 83 dias que trabalho, ininterruptamente, em veículos profissionais de comunicação – claro, com exceção dos dias em que gozei do período de férias. Antes disso, a partir de uns 13 anos, passei a fazer “jornalismo”, com a produção de um jornal semanal, levando, como dizia o nome do periódico, fatos, furos e fofocas para a comunidade taquariense, com quem convivi em minhas infância, adolescência e parte da vida adulta. Tudo isso para dizer que SEM-PRE quis ser jornalista. Ser jornalista é o cada qual que sei fazer.
Ainda criança, porém, contrariando o que as mães dizem – “Tu não é todo mundo” –, fui treinar futebol no Esporte Clube Pinheiros, afinal, todos os meus amigos estavam lá. Tão pequeno era que a bola, certamente, passava da altura dos joelhos. Ao chutá-la, tinha que equilibrar a força e o peso com a proeminente cabeça. A verdade é que somente podia continuar no gramado porque era um exemplo para os demais, por conseguir boas notas na escola.
Fugindo do cada qual com que me identifico, a escrita, insistia em agredir a pobre pelota, até que em uma ocasião, enraivecido por ser o único que cobrava lateral – talvez por estar na posição lateral –, vejo o craque do time, um menino com o codinome Caniggia – pela semelhança física e futebolística com o craque argentino –, e cerco a bola, erguendo as mãos na tentativa de dificultar o acesso do “ladrão”. Eis que acerto seu rosto. Com a tradicional malandragem, ele cai como se morto estivesse. “Matei o craque do time. O que os demais fariam comigo? Estaria o treinador com a madeira e o combustível pronto para atear fogo neste medíocre detonador de craques?”
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Antes de conseguir respostas, resolvi assinar minha aposentadoria futebolística. Jogar futebol não é o meu cada qual. Mais tarde, acabei fazendo reportagem de campo e até narrando jogos pelo campeonato regional e em futsal, mas aí é jornalismo. Não preciso chutar.
A mesma linha que estabeleci para não voltar aos gramados lanço para outras questões, especialmente, as das lidas domésticas. Não sei fazer nada de ordem prática em uma casa. O máximo que me atrevo, na ânsia de não ficar na escuridão, é trocar a lâmpada, por óbvio, quando a alcanço. Mas, como uma criança, que parece não aprender com a vida, outro dia, senti fria a água do chuveiro. Era preciso trocar a resistência. Hoje, quem não sabe fazer pede ajuda para o YouTube. A internet mostrou como fazer, a loja me vendeu o modelo certo. Ao abrir o equipamento para a troca da peça, a percepção de que estava apenas um pouco solta fez crer que o gasto da nova resistência fora em vão. Precavido, preferi pensar que agora, caso tenha problemas, já conto com um exemplar em casa.
O fato é que nem saber como trocar, ao ver as instruções na internet, foi suficiente para evitar o equívoco. Mais uma vez, volto à minha condição de jornalista e escrevo, e somente escrevo. Continuarei com meu cada qual e, até a próxima tentativa, deixarei o cada qual dos outros.
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