Santa Cruz do Sul sempre teve personagens pitorescas e conhecidas por toda a cidade. Pela simplicidade e modo como viviam pelas ruas, muitos eram alvos de brincadeiras. O fato de ficarem brabos e revidarem, fazia com que aumentassem as pilhérias. Quem não lembra, por exemplo, de Alamar Veneno, que desfiava uma lista de palavrões quando era importunado? Ou de Bergamota Liess, que disparava xingamentos em alemão ao sofrer brincadeiras de mau gosto?
Esta semana, obtivemos informações de duas destas personagens. Uma é o pernas de pau que fazia propaganda para a Casas Pernambucanas, na década de 1950. De fraque, cartola e megafone, anunciava as ofertas da loja. Bernardino Messa era uruguaio, chegou com um teatro ambulante e acabou ficando. Ele também divulgava os filmes do Cine Apolo. O leitor Delmar Dreyer guarda uma rara foto de 1957, com o equilibrista cercado pela criançada.
O artesão Octacílio Rodrigues da Costa nos contou a história de Luiz Cabeleira, personagem conhecida nos bairros Senai, Bom Jesus, Pedreira e arredores na década de 50. Ele dormia em um porão próximo ao Senai. Usava cabelos castanhos longos e costumava vestir uma bombacha encardida. Tinha cerca de 40 anos, era brincalhão e andava em um cavalo zaino, sem sela e sem arreios.
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Alcoólatra, corria de bodega em bodega para filar um trago. Como não tinha dinheiro, pediam que recitasse um verso, já que era um repentista bem criativo. Octacílio, que estava sempre no armazém do seu pai, recorda que o homem fazia versos de todos os tipos, a maioria engraçados. Ele até lembra de um jogo de palavras: “Trepei no pé de abacate pra apanhar jabuticabas. Disse o dono das laranjas… não me apanha essas goiabas”.
Possivelmente, Cabeleira era uma pessoa estudada, mas que se perdeu no alcoolismo. Depois de um dia de muito trago, ele dormiu sobre os trilhos da Viação Férrea (nas imediações do Big) e acabou morrendo atropelado pelo carro-motor que ia a Porto Alegre.
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