Situada na localidade de Oveiras, no distrito de Pinheiro, interior de Candelária, a Cabanha Capão Formoso é um exemplo de integração entre lavoura e pecuária. Durante a safra de verão, parte da área de 412 hectares é cultivada com soja, enquanto no inverno o mesmo espaço é semeado com aveia e azevém. Existem ainda campos nativos melhorados com azevém e áreas de preservação de mata atlântica. Com o manejo correto do rebanho, é possível obter resultados expressivos na reprodução e engorde dos bovinos, que são destinados ao corte.
Com mais de 30 anos de atuação na atividade, o produtor Carlos Alberto Roos explica que a propriedade foi se adaptando para tornar essa integração cada vez mais otimizada. A cabanha, atualmente, se dedica principalmente à produção de terneiros por meio da inseminação artificial das vacas reprodutoras. Esse processo também foi adaptado com o passar do tempo, para que possa ser feito nas primeiras semanas de setembro. O objetivo é que a parição ocorra no inverno do ano seguinte, período em que as pastagens já estão desenvolvidas nas áreas onde havia soja e por isso há grande oferta de alimento.
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O melhoramento genético do rebanho – que atualmente é composto pelas raças angus e bradford – e o emprego de sêmen de qualidade na inseminação garantem uma fertilidade geral de 98,3%, índice muito acima da referência considerada ideal, que é de 83%. A taxa de desmame também impressiona, com 93,2%, ante uma meta de 75,4%. Isto é, de cada cem terneiros nascidos, 93 sobrevivem e se desenvolvem normalmente até o momento do desmame, que ocorre aos oito meses de idade. Nesse período, eles já são capazes de ruminar e se alimentar exclusivamente de forragem sólida, estando prontos para a venda.
O peso médio no momento do desmame também impressiona: 242 quilos. O ciclo se encerra em fevereiro, quando a venda dos animais é finalizada. Em 2021/2022, o último período com resultados consolidados, foram 118 inseminações e 114 terneiros nascidos. Algumas vacas de destaque são selecionadas para reposição de plantel e o restante segue para o mercado. O mesmo ocorre com as cerca de 120 ovelhas. “Fazemos o encarneiramento em dezembro. Como a gestação é mais curta em relação às vacas, os cordeiros nascem também sobre o pasto do inverno”, salienta Roos.
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Esse compartilhamento das pastagens entre bovinos e ovinos garante um melhor aproveitamento dos alimentos, visto que as vacas e terneiros comem a parte superior do pasto e as ovelhas preferem as plantas mais ralas. Para o futuro, Roos pretende aumentar o plantel para cerca de 150 matrizes e continuar investindo em técnicas de manejo e na qualidade da alimentação para manter os resultados da propriedade em nível de excelência.
A lida do campo e o manejo do gado exigem cavalos aptos para esse tipo de trabalho, e foi a partir dessa necessidade que Carlos Alberto Roos, da Cabanha Capão Formoso, começou a criação de cavalos crioulos. “O custo para ter um animal comum e um registrado é o mesmo, então optei por registrar e faço parte da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Crioulo”, revela. A criação começou a partir da compra de algumas éguas puras, até que uma delas deu à luz um potro de excelente qualidade, batizado de Jalisco da Capão Formoso. O animal foi domado e não demorou a apresentar atributos e habilidades.
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Em 2018, Jalisco foi um dos finalistas do Freio de Ouro, realizado no âmbito da programação da 41ª Expointer, evidenciando as capacidades do animal. No ano seguinte, quando foi colocado para reprodução, o cavalo sofreu com uma cólica equina e acabou morrendo de forma precoce, com apenas 9 anos. A genética, porém, já havia sido disseminada para outras duas fêmeas: Onça e Odisseia da Capão Formoso. Montadas pela ginete Luiza Lopes, de Santa Cruz do Sul, elas conquistaram o primeiro e o segundo lugares da Supercopa do Freio Jovem, competição criada em 2022 e que será realizada a cada dois anos.
“A Luiza me ligou e perguntou se eu não tinha algum animal para ela competir no Freio Jovem, visto que era seu último ano. Eu disse que tinha essas duas éguas que o pai dela, o Charles, havia domado”, conta. Após 30 dias de treinamento em Santa Cruz, elas foram para a pista na 45ª Expointer e provaram que tinham habilidades. Depois disso, as éguas voltaram para a cabanha e continuam sendo utilizadas normalmente nas atividades de manejo do gado.
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Para Roos, é satisfatório ver que as éguas são premiadas e reconhecidas, mas também qualificadas e funcionais para as tarefas do dia a dia. “Se a pessoa que lida no campo tem um cavalo apto, o trabalho é otimizado e isso impacta positivamente o rendimento da propriedade”, observa. Ele afirma que os cavalos não são o foco da fazenda e a criação diz mais sobre paixão e emoção do que negócios. “Ainda assim, é muito gratificante para nós e também eleva o nome da cabanha. Se um dia alguém quiser duas matrizes boas para um novo ciclo, essas duas éguas são excelentes”, conclui.
Outra preocupação de Carlos Alberto Roos, proprietário da Cabanha Capão Formoso é a conservação do meio ambiente. A propriedade tem cerca de 50 hectares de área preservada com mata atlântica nativa intocada, onde estão presentes diversas espécies de animais e plantas. Além disso, os campos recebem melhoramento com semeadura de azevém. “Nós não viramos a terra. Com isso, preservamos o campo nativo e ao mesmo tempo aumentamos a capacidade de lotação de animais da área”, explica. Há ainda diversos açudes para armazenamento e melhor aproveitamento dos recursos hídricos para as tarefas necessárias.
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