Prestes a sentar na cadeira de presidente da Câmara de Santa Cruz, o vereador de primeiro mandato Bruno Faller (PDT) já estabeleceu a meta prioritária de sua gestão, que inicia em janeiro: retomar o antigo projeto de uma sede própria para o Legislativo Municipal.
Desde 1991, a Câmara funciona em prédios alugados – primeiro na Rua Júlio de Castilhos e, a partir de outubro do ano passado, na esquina da Fernando Abott com a Assis Brasil. Atualmente, o aluguel consome R$ 29,5 mil por mês dos cofres públicos. Quando o contrato de cinco anos foi assinado, em 2015, a promessa era de que seria uma saída alternativa (já que o prédio anterior tinha graves problemas estruturais) até que se buscasse um imóvel próprio. Passados dois anos, porém, não houve nenhum avanço.
O prédio que está na mira de Faller é o do antigo Presídio Municipal, na Rua Marechal Floriano. Com valor estimado em R$ 3,5 milhões, a edificação histórica já abrigou a Secretaria Municipal de Agricultura, mas hoje está desocupada. O governo tinha planos de levá-la a leilão, mas em duas oportunidades a Câmara rejeitou projetos que autorizavam a venda.
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A estratégia do novo presidente é propor uma permuta com o terreno na esquina das ruas Sete de Setembro e Marechal Deodoro, adquirido em 2001 pela Câmara justamente para receber uma sede própria que jamais saiu do papel. Outra possibilidade seria negociar a compra do prédio atual. “Temos que avaliar a saída mais econômica”, disse Faller.
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, Faller também falou sobre o alinhamento com o governo, a fiscalização sobre o trabalho dos assessores e a possibilidade de redução do recesso parlamentar, entre outros.
Bruno Faller
Presidente eleito da Câmara de Santa Cruz
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ENTREVISTA
Gazeta – O senhor está no primeiro mandato de vereador. Sente-se preparado para presidir a Câmara?
Bruno Faller – Me sinto preparado. O fato de ter sido secretário da Mesa Diretora em 2017 foi muito positivo. Pude conhecer bem o funcionamento da Casa e o regimento interno. Foi um aprendizado incrível.
Gazeta – O presidente é quem dá o voto de minerva quando há empate. Em 2017, Paulo Lersch garantiu vitórias importantes ao governo em várias situações. Esse alinhamento vai continuar com o senhor?
Bruno Faller – Vou me posicionar da mesma forma que me posicionei ao longo de 2017. Há questões que são caras para mim, relativas a patrimônio histórico, cultura e educação. Podemos ter posições divergentes, mas a regra é que estamos apoiando o governo. Embora eu tenha votado contrário a projetos do governo em algumas situações e o prefeito venha sendo republicano em relação a isso.
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Gazeta – O senhor pretende mesmo retomar a velha discussão sobre a sede própria da Câmara?
Bruno Faller – Essa discussão precisa acontecer. Está na hora de a Câmara ter uma sede própria, enxuta e que atenda a comunidade, e que nos permita sair do aluguel. Tenho essa disposição.
Gazeta – A Câmara já possui um terreno na esquina das ruas Sete de Setembro e Marechal Deodoro, que foi adquirido para receber uma sede própria. Outros entendem que se negocie a compra da sede atual. Qual a sua ideia?
Bruno Faller – Temos que avaliar a saída mais econômica. Entendo que esse terreno não é o mais adequado. Por isso, pretendo encaminhar ao prefeito um pedido de permuta com o prédio do antigo Presídio Municipal, que pode ser adaptado. Essa é a minha ideia. Porém, se houver uma negociação boa para a Câmara com o proprietário do prédio atual, não podemos descartar.
Gazeta – Essa conversa com a Prefeitura será iniciada ainda em janeiro?
Bruno Faller – Sim. Primeiro pretendo levar essa minha ideia à Mesa Diretora. Não farei nada sem consultá-la.
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Gazeta – O Ministério Público cobra da Câmara mais rigor no controle sobre o trabalho dos assessores. O que o senhor tem em mente para avançar em relação a isso?
Bruno Faller – Já tivemos avanços importantes. Hoje, cada vereador precisa atestar a frequência dos assessores dos gabinetes. Isso responsabiliza os vereadores. No meu caso, tenho sido muito incisivo nessa cobrança e serei também em relação aos assessores da Mesa Diretora.
Gazeta – Adotar um sistema de registro de ponto está descartado?
Bruno Faller – Temos que avaliar. Mas pelo que acompanho, a carga horária vem sendo cumprida, e os CCs não têm hora extra. Penso que cada vereador pode fazer o controle sobre seus assessores. E se tiver algum problema, vamos agir.
Gazeta – A Câmara tem hoje 45 CCs. O senhor não acha excessivo?
Bruno Faller – Está dentro do razoável. Desde que implantamos o controle de entrada, recebemos mais de 400 pessoas no meu gabinete. Então, há uma demanda grande de trabalho, considerando que somos uma cidade de 126 mil habitantes. Hoje, gastamos com pessoal menos de 2% da receita corrente líquida do município, sendo que a Constituição Federal nos permitiria gastar até 6%.
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Gazeta – O senhor votou a favor da redução do recesso parlamentar. Se a discussão retornar em 2018, vai manter a posição?
Bruno Faller – Sim. Para mim, é mais uma questão de simbologia, pois vereador não tira férias. Se um vereador falta à sessão, ele não recebe. Há a impressão de que o vereador fica um tempo maior sem trabalhar, mas não é assim. Porém, a comunidade vê dessa forma e não podemos nos dissociar do que a comunidade pensa.
Gazeta – O que o senhor gostaria de deixar como legado ao fim de sua gestão?
Bruno Faller – O mais importante é a discussão sobre a sede própria. Não é questão de legado, mas de responsabilidade. Se eu conseguir deixar um projeto de obra pronto ou até mesmo uma licitação encaminhada, será um avanço importante. E outro ponto é manter a economia. Não sei de outro município que gaste apenas R$ 3 mil em diárias em um ano. Precisamos ver onde mais podemos economizar. Quero ter um controle maior inclusive sobre gastos que podem parecer insignificantes, como energia elétrica. Em outras palavras, quero ter uma gestão enxuta.
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