Mesmo com a menor votação entre os 17 vereadores eleitos em Santa Cruz do Sul no último dia 2, Bruno Faller (PDT) tem o que comemorar. Sem nunca ter sido parlamentar e há quase uma década sem ocupar cargo público, conseguiu mais do que dobrar sua votação de 2012, passando de 414 votos para 949.
Segundo ele, o bom desempenho se explica pelo fato de, durante a campanha, ter “jogado limpo” com os eleitores, explicando a cada visita sobre as atribuições e limitação da atuação dos vereadores. “Vereador não faz obra, não executa”, ressalta. Também reconhece, no entanto, que foi ajudado pela “expressiva nominata” de candidatos de sua coligação, que incluía, além do PDT, o PMDB e o Pros – pesou muito a histórica votação de Alex Knak (PMDB), o mais votado com 3,4 mil votos.
Advogado e professor universitário, com passagens pelas secretarias de Administração, Planejamento e Transportes nos governos de Sérgio Moraes e José Alberto Wenzel, Faller também atua em diversos setores – é, por exemplo, presidente da Associação Pró-Cultura de Santa Cruz. Militante antigo do PDT, promete, em sua primeira função eletiva, seguir o bom exemplo de política dado por líderes históricos da sigla, como Leonel Brizola e Matheus Schmidt.
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“Fui eleito pela população e não pelo prefeito”, avisa
Desde que foi confirmada a sua eleição, Faller passou a ser visto, nos bastidores, como uma peça-chave do xadrez político municipal no próximo período. Isso porque, embora o seu partido tenha fechado apoio a Telmo Kirst no início do ano passado e trabalhado pela sua reeleição, ele integra a ala que, internamente, se opôs à aliança. Assim, há dúvidas sobre se, a partir do ano que vem, o pedetista será oposição ou situação na Câmara.
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Questionado sobre o assunto, negou que tenha “oposição pessoal” ao prefeito, mas admitiu que discorda da forma como a aliança foi conduzida. Disse ainda que não deixará de apoiar projetos que considerar positivos para a comunidade, mas também descartou votos automáticos em favor do governo. “Não existe mais espaço para ser contra só por ser contra. Mas fui eleito pela população e não pelo prefeito”, disse.
Faller disse ainda esperar uma posição da executiva estadual pedetista para que seja, enfim, realizada a eleição do diretório em Santa Cruz – adiada sucessivas vezes desde 2014. Sobre a hipótese de ser convidado para assumir um cargo no governo, garantiu que não aceitaria. “Fui eleito para ser vereador e entendo que preciso ter experiência legislativa.”
Meta principal é “desengessar” o Poder Legislativo
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Um dos problemas que Faller tem em seu radar é o que considera um excessivo “engessamento” da atividade parlamentar. Restrições impostas pela Lei Orgânica impedem que os parlamentares apresentem propostas que criem despesas ao Executivo ou interfiram na estrutura administrativa da Prefeitura. O próprio Faller foi “vítima” dessa limitação quando assumiu como suplente: conseguiu aprovar um projeto que instituía um Código de Ética Municipal, mas a matéria acabou vetada porque infringia a Lei Orgânica. “Com isso, o vereador fica dando nome de rua e título honorífico. Mas essa não é a nossa função”, defendeu.
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