Cumprindo o que revelou à Gazeta do Sul na sexta-feira passada, a Brigada Militar reforçou a segurança nas comunidades da área rural de Santa Cruz do Sul, com mais rondas ostensivas das Patrulhas Comunitárias do Interior (PCI).

As diligências podem acontecer a qualquer hora do dia e da noite. As duplas de policiais visitam moradores e conversam com líderes comunitários em busca de informações que serão repassadas ao Setor de Inteligência.

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Na manhã dessa terça-feira, 3, a Gazeta do Sul acompanhou uma dessas ações. Em pouco mais de quatro horas foram percorridos cerca de 90 quilômetros pela PCI, que passou por Rincão do Sobrado, em Passo do Sobrado, e, já em Santa Cruz do Sul, pelas linhas Pinheiral, Brasil, Arroio do Tigre e Júlio de Castilhos, entre outras, até chegar a Monte Alverne – onde a BM tem um posto policial.

Ao longo do trajeto, a dupla de PMs demonstrou como são feitas as abordagens e interações e de que forma são estabelecidas as relações entre a Brigada e os moradores. Também foi possível constatar que a patrulha enfrenta todo o tipo de terreno, desde estradas em bom estado até vielas tomadas pelo mato, com pouca visibilidade, e pontos com pedras soltas e desníveis.

VÍTIMAS PRECISAM INFORMAR CASOS

Na primeira parada, os soldados Fagner Oliveira, 37 anos, e Alefe Olivera, 25 anos, foram recebidos com chimarrão pelo casal que administra uma mercearia em Rincão do Sobrado, Wilson e Rosane da Silveira, 66 e 62 anos, respectivamente. “É uma relação que se criou de anos. Já se tem uma amizade”, comentou Silveira.

Mais adiante, em Linha Pinheiral, a BM visitou um casal de agricultores vítimas de casos recentes de abigeato, Geraldo e Marli Gais, ambos de 62 anos. Há cerca de três semanas, criminosos furtaram quatro cabeças de gado da propriedade da família.

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Na visita, em conversa informal, os policiais souberam de mais uma situação, que teria ocorrido na sexta-feira em outra propriedade. “O vizinho amarrou o boi próximo da casa, para carnear no dia seguinte. Ao amanhecer, só encontrou a cabeça. (Os bandidos) são provalecidos”, disse Geraldo.

Em consulta ao sistema, entretanto, os policiais constataram que o caso não está registrado porque o agricultor não fez boletim de ocorrência (BO). Contudo, os soldados ressaltaram que o Setor de Inteligência será notificado.

Essa omissão por quem sofre danos prejudica as ações da BM e mantém a insegurança na comunidade. “Muitos dizem: ‘eu não tinha tempo, depois eu vou, esse ano eu vou cuidar mais, esse ano vamos colher antes’. Não adianta, tem que denunciar. Isso dá medo aos bandidos e ajuda os policiais. Com ocorrências, aumenta nossa segurança”, reforçou a agricultora Marli. O soldado Fagner Oliveira também endossa esse pedido. “O registro é importante para focalizarmos ações e buscarmos prevenir os crimes.”

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Relação de confiança é arma contra o crime

Se os boletins de ocorrência não são registrados de forma ideal, os relatos dos moradores nas conversas com os policiais tornam-se ponto-chave para combater os crimes.

Há 11 anos na Brigada Militar, sete deles em Patrulhas Comunitárias do Interior, o soldado Fagner Oliveira destaca as relações de confiança e amizade estabelecidas com os agricultores. “Conforme as pessoas vão nos conhecendo, elas vão se abrindo. As informações mais preciosas são frutos dessas visitas.”

“A visita, a relação que se estabelece com as pessoas gera segurança. No interior as pessoas tem essa necessidade de conhecer, para depois poder confiar. Além disso, as patrulhas unem esforços com o Serviço de Inteligência”, comentou. Para Oliveira, a relação entre vizinhos se torna um reforço no patrulhamento. “As comunidades têm grupos de moradores que se auxiliam. Uns cuidam dos outros.”

Com o objetivo de atender todos os municípios da região e coibir crimes como o abigeato, de acordo com Oliveira, as PCIs são distribuídas para diferentes áreas. “A abrangência é muito grande. Cada dia procuramos ter uma rota diferente para contemplar a todos.”

Junto com o reforço no policiamento rural, a Brigada Militar também está divulgando os telefones de contato com a PCI. Ela pode ser acionada pelos números (51) 99614 6815 e 98542 2114.

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