“Dá duas de 20 e o troco para 50.” Era 2h30 da madrugada de sábado, 15, quando três homens pediram duas petecas de cocaína pura no interfone de um imóvel de luxo no Bairro Bom Jesus. Escondidos, quatro policiais da divisão de elite da Brigada Militar monitoravam o local, conhecido como um dos principais pontos de venda de entorpecentes da cidade, sobretudo para a classe alta de Santa Cruz do Sul.
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Um homem abriu o portão da residência murada para entregar a droga pedida. Foi quando a equipe da Força Tática (FT) do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) avançou para colocar em prática uma operação traçada para capturar o dono da boca de fumo, conhecido pelo apelido de Zóio. Os três homens que pediram a cocaína por interfone fugiram no momento da abordagem.
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Zóio, por sua vez, foi rendido pelos policiais armados com fuzis. A flagrância do ato de tráfico de drogas foi a primeira surpresa da ocorrência, pois o suspeito é conhecido por se manter recluso. A boca de tráfico era monitorada fazia muito tempo pelas forças de segurança, mas ninguém até então tinha conseguido derrubar o esquema criado por Zóio e responsabilizá-lo pelo tráfico de drogas.
Sua residência, na Rua Dom Pedro II, é uma verdadeira fortaleza de luxo. Por fora, pouco se vê. É cercada, murada e com um portão enorme. Dentro, os PMs encontraram móveis sob medida de alto padrão, piscina, quiosque e câmeras de segurança que monitoravam a passagem dos usuários e da polícia pela rua. Conforme a BM, até uma saída nos fundos foi localizada.
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Nos meios policiais, circula o boato de que foi nesta saída, que dá a uma viela e desemboca na Avenida Gaspar Bartholomay, que Zóio teria escapado de um mandado de busca anos atrás. “Sem sombra de dúvidas era a boca que mais vendia em Santa Cruz. E ele só vendia droga quando reconhecia o usuário pelas câmeras. Tocavam o interfone e faziam o pedido. Daí ele olhava nas câmeras quem era e fazia a entrega”, revelou um policial, a respeito do cuidado que o traficante tinha no comércio de entorpecentes dentro de sua residência.
Após a captura no portão, os PMs adentraram o imóvel. Próximo a uma piscina, na frente de um quiosque, havia uma mesa com uma grande quantidade de drogas. Ali, estava a esposa de Zóio. Segundo os policiais, a mulher, de 31 anos, estava cortando as pontas das buchas de cocaína dos papelotes. Parte do entorpecente já estava fracionado, em porções divididas em quatro cores, de acordo com cada quantidade de gramas.
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Na mesma parte da casa foram localizados outros itens apreendidos. Ao todo, a guarnição apreendeu no local 748 buchas de cocaína já fracionadas para venda; duas colheres com resquícios da mesma droga; um tijolo de cocaína; 34 porções de ecstasy (droga sintética); duas balanças de precisão; quatro rolos de fita crepe nas cores verde, amarelo, branco e transparente; três iPhone; o aparelho de gravação das câmeras; e R$ 12,4 mil em dinheiro.
O casal foi algemado, preso em flagrante por tráfico de drogas e conduzido ao Hospital Santa Cruz (HSC) para exames de praxe. Depois, os dois foram levados até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde o delegado Marcelo Chiara Teixeira, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e plantonista na madrugada, lavrou o auto de prisão em flagrante.
Ainda, conforme a Brigada Militar, durante a condução de Zóio e sua esposa à delegacia, o traficante tentou ofertar dinheiro aos policiais para que fossem liberados. Um dos PMs perguntou a ele sobre a procedência do alto valor em espécie que havia no imóvel, e ele teria dito: “Pega para você e solta a gente”. Em virtude disso, o homem de 34 anos foi autuado também por corrupção ativa.
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O prejuízo ao tráfico na operação de sábado é considerado significativo, não somente pela quantidade de porções que seriam vendidas a usuários, mas por retirar das ruas um dos considerados principais traficantes da cidade. Conforme a polícia, as porções mais baratas, apreendidas pela FT, custavam R$ 20,00. Vendendo mil nesse modelo entre a madrugada de sexta para sábado e o final de domingo, o casal faturaria R$ 20 mil em apenas dois dias. Multiplicando no mês, daria R$ 80 mil contando somente a venda média realizada nos finais de semana.
Esta foi a segunda operação deflagrada pela Força Tática, em apenas uma semana, que mira um dos principais investigados por tráfico de drogas na cidade. Na segunda-feira passada, um indivíduo conhecido pelo apelido de Imperador, de 21 anos, foi preso em um veículo de luxo no Bairro Esmeralda, em Vera Cruz. Com ele, foram apreendidos um tijolo de cocaína, dinheiro, máquinas de cartão de crédito e celulares.
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Este era investigado por inovar e expandir o comércio de drogas online, sobretudo sintéticas, a partir de uma espécie de “delivery” de entorpecentes pelo WhatsApp. “Essas prisões fazem parte de toda uma engrenagem na atividade de polícia ostensiva, desde questões de logística para alcançar os meios, até a parte operacional, inclusive obtendo informações que conseguimos com a comunidade que colabora”, disse o comandante do 23º BPM, tenente-coronel Rodrigo Schoenfeldt.
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Sobre a captura de Zóio, o comandante ressaltou a abordagem dos seus policiais. “O tráfico gera muitas consequências na área da violência, resultando em outros crimes, como homicídio, roubo a pedestre e roubo a estabelecimento. Conseguimos realizar essa prisão no momento do ato do tráfico e chegar neste homem e em sua esposa. Todos os objetos apreendidos qualificam o crime de tráfico, sobretudo a grande quantidade pronta para a venda e o alto valor proveniente da comercialização”, enfatizou Schoenfeldt.
A Gazeta do Sul conversou com o advogado que faz a defesa do casal detido na operação. Mateus Porto acompanhou a prisão em flagrante na madrugada de sábado. A mulher de 31 anos teve a liberdade provisória concedida ao final da tarde de sábado pelo juiz Assis Leandro Machado, titular da 2ª Vara Criminal de Santa Cruz do Sul, que era o plantonista. De acordo com Porto, o homem de 34 anos permanece preso no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul e passará por uma audiência de custódia na tarde desta segunda-feira, no Fórum de Santa Cruz. Os nomes dos dois presos foram mantidos em sigilo pelas autoridades policiais.
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