O Brasil notificou nessa terça-feira, 31, o primeiro caso “provável” da hepatite misteriosa de origem desconhecida, que tem infectado crianças e adolescentes ao redor do mundo. O País ainda não tem um paciente com diagnóstico confirmado da doença e investiga outros 68 suspeitos, em 16 Estados, a maioria deles no Sudeste (veja lista abaixo).
Ao todo, 95 casos suspeitos da “hepatite misteriosa” foram notificados em território nacional, dos quais 26 foram descartados. O diagnóstico “provável” foi feito na última sexta-feira, 27, mediante avaliação dos resultados laboratoriais de uma adolescente de 16 anos, em Ponta Porã, no interior do Mato Grosso do Sul.
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Desde 3 de maio, a adolescente apresentou sintomas como febre, icterícia, mal-estar e náuseas. Uma semana depois, ela foi internada e os resultados dos testes deram negativo para as hepatites A, B, C, D e E, assim como para arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela). Ela foi encaminhada para a recuperação em casa e segue acompanhada pela vigilância em saúde e assistência, que ainda tentam esclarecer a origem da doença.
De acordo com a cartilha estabelecida pelo Ministério da Saúde, um caso é classificado como “provável” para a nova doença quando apresenta quadro de hepatite aguda com resultados laboratoriais negativos para as hepatites virais A, B, C, D, E; para arboviroses; e sem causa de origem não-infecciosa que justifique o quadro. Até o último dia 26, a Organização Mundial da Saúde havia identificado 650 casos prováveis da nova hepatite, espalhados em 33 países. Desses, nove morreram.
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Abaixo, veja a quantidade de casos em cada Estado que ainda seguem em análise:
- São Paulo (16)
- Minas Gerais (9)
- Pernambuco (7)
- Rio de Janeiro (7)
- Ceará (6)
- Rio Grande do Sul (5)
- Goiás (3)
- Santa Catarina (3)
- Espírito Santo (2)
- Paraná (2)
- Pará (2)
- Rio Grande do Norte (2)
- Alagoas (1)
- Rondônia (1)
- Maranhão (1)
- Paraíba (1)
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Relação entre hepatite e coronavírus
A origem desse novo tipo de hepatite ainda não foi identificada, mas começa a crescer a quantidade de evidências que a relacione com o avanço do coronavírus entre crianças e adolescentes. Um estudo divulgado na Lancet levantou a hipótese de que a causa poderia ser uma espécie de mistura entre as duas doenças.
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“Inicialmente achou-se que o adenovírus seria a causa das hepatites agudas, mas o fato é que ele não aparecia em todos os casos”, explicou o infectologista Marcelo Simão, da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas. “Em muitas crianças que apresentaram quadros graves não foi possível isolar o vírus; e em algumas na qual foi feito um transplante não se achou o vírus no fígado retirado.”
Partículas remanescentes do Sars-CoV-2 no trato intestinal das crianças estariam servindo de gatilho para uma reação exagerada no sistema imunológico a uma infecção posterior pelo adenovírus 41F. A proteína spike do coronavírus é considerada um superantígeno. Ela torna o sistema imunológico mais sensível. Potencializaria o efeito do adenovírus 41F. Normalmente, esse vírus não provoca problemas mais graves.
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