O Brasil será membro do novo banco asiático de desenvolvimento, uma iniciativa da China que já tem mais de 30 países a bordo. O anúncio foi feito na noite de sexta, 27, numa nota sucinta do Palácio do Planalto. “O governo brasileiro aceitou o convite da República Popular da China para participar como membro-fundador do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), informa a nota do governo.
Segundo o comunicado, a presidente Dilma Rousseff “anunciou que o Brasil tem todo o interesse de participar desta iniciativa, que tem como objetivo garantir financiamento para projetos de infraestrutura na região da Ásia”. Não foi informado qual será o investimento inicial do Brasil.
O anúncio causa certa surpresa, levando-se em conta que até sua véspera a diplomacia brasileira ainda estava dividida sobre as vantagens de embarcar no projeto. Primeiro, porque o Brasil já integra o recém-criado Banco dos Brics, que também estará focado em investimento em infraestrutura. Além disso, o banco é asiático. Mas depois que as maiores economias europeias anunciaram a adesão e que a China reiterou que o banco está “aberto a todos os países”, o cálculo do Brasil foi de que é melhor estar dentro do que fora. O prazo para a adesão como membro-fundador vence na próxima terça, 31.
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A decisão de entrar no banco dos europeus, da Austrália e da Coreia do Sul, apesar da forte resistência dos EUA, é uma das maiores vitórias da hiperativa “diplomacia econômica” da China, que tem no AIIB um de seus carros-chefes. O banco foi lançado em outubro pela China com outros 20 países, mais uma iniciativa de Pequim para contrabalançar o poder dos EUA em instituições multilaterais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
A previsão é que o AIIB entre em operação no fim de 2015, com um capital inicial de US$ 50 bilhões (R$ 161 bilhões), podendo chegar a US$ 100 bilhões (R$ 323 bilhões). O objetivo é financiar obras de infraestrutura ao redor do mundo. A China será a principal acionária do banco, seguida da Índia. A sede da instituição será em Pequim. O acordo de fundação ainda está sendo negociado, mas os chineses parecem ter concordado em fazer concessões para atrair mais participantes e reduzir as desconfianças.
Segundo o “Wall Street Journal”, Pequim aceitou abrir mão do poder de veto para convencer os europeus a aderir. A oposição dos EUA foi considerada por analistas um gol contra do governo de Barack Obama. Roberto Zoellick, que foi presidente do Banco Mundial e representante de Comércio do governo de George W. Bush, disse que a falha dos EUA foi fazer campanha contra o banco sem apresentar uma alternativa.
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