A pandemia do novo coronavírus causou diversos efeitos negativos na economia brasileira, mas acabou contribuindo positivamente para a redução no contrabando de cigarros vindos do Paraguai. Alguns dos motivos apontados para essa redução são o maior controle e fechamento das fronteiras e também as restrições para o trabalho, que acabaram diminuindo a produção nas fábricas do país vizinho. Na semana passada, uma força-tarefa destruiu mais de 75 milhões de unidades de cigarros contrabandeados, apreendidos ao longo deste ano no Paraná e no Mato Grosso do Sul.
Em entrevista à Rádio Gazeta, o presidente do Fórum Nacional de Combate à Pirataria e Ilegalidade, Edson Vismona, destacou que o cigarro é o produto mais contrabandeado do Brasil, e também o mais apreendido. “Com essa operação nós estamos liberando espaço para novas apreensões que virão. Estamos batendo recordes de apreensões nas regiões de fronteira e, com isso, desestimulando as ações das organizações criminosas, que são altamente financiadas pelo contrabando de cigarros”, afirmou. Vismona acrescenta que as quadrilhas utilizam esse dinheiro não apenas para o tráfico de drogas, mas também nas megaoperações como os assaltos a bancos ocorridos na semana passada.
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Desde o começo da pandemia, os cigarros caíram de 58% para 50% do total de produtos contrabandeados apreendidos no Brasil. Além do maior controle das fronteiras e da queda na produção no Paraguai, Vismona cita a alta do dólar como outro fator que contribuiu para a queda. “Nós estamos vivendo uma situação que nunca vivemos antes, mas a minha preocupação é que com a superação disso, voltaremos a um estágio maior de oferta de produtos ilegais. É um desafio constante”, destacou.
Vismona ainda comentou acerca da tributação dos cigarros, questão que causa polêmica. “Qualquer aumento de imposto implica no aumento do contrabando. A margem de lucro do contrabandista é aumentada em muito. Nós já temos tributos elevados e é inadmissível qualquer proposta que tenha como objetivo aumentar ainda mais”, criticou. A carga tributária sobre o produto no Brasil varia de 70% a 90% conforme o Estado, enquanto no Paraguai é de apenas 18% – uma das menores do mundo.
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Roubo de cargas de tabaco cru diminui
O roubo de cargas de tabaco teve redução de 85% este ano no Rio Grande do Sul. Representantes da Comissão de Segurança do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) apresentaram a situação comparativamente aos anos anteriores em encontro na última sexta-feira na sede da entidade, em Santa Cruz do Sul. A reunião teve a participação do delegado regional de Polícia, Luciano Menezes; do comandante da 2ª Companhia Rodoviária de Santa Cruz do Sul, capitão Silvio Erasmo Souza da Silva; do major Cristiano Marconatto, chefe da Inteligência do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo; e do capitão Rafael Carvalho Menezes, chefe da Inteligência do 23º BPM.
Enquanto em 2019 foram 26 eventos e 11 recuperações, na safra de 2020 houve o registro de apenas nove roubos, sendo quatro deles recuperados, o que representa uma redução de 65% das ocorrências nos três Estados do Sul. No Rio Grande do Sul, o índice é ainda mais alto: 85%, com apenas dois eventos, e ambas as cargas recuperadas. Em Santa Catarina houve redução de 50% e no Paraná, de 45%.
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O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, destacou a participação dos órgãos de segurança como de fundamental importância para chegar a esses resultados. “A gestão desses indicadores e a parceria para prevenção de ocorrências é algo que pretendemos manter para a safra 2021”, disse.
Para a safra 2021, foi sugerido pelo grupo a utilização de aplicativos que permitam à empresa acompanhar o transportador em tempo real e o repasse de informações de inteligência para equipes de outras regiões estratégicas para o setor. As medidas de prevenção de ocorrências são tema de folder que será distribuído aos transportadores de tabaco e de insumos agrícolas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
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Se o motorista notar que está sendo seguido ou qualquer outra situação suspeita, a recomendação é procurar o mais rápido possível parar o veículo em um local movimentado e acionar a polícia. “Recomendamos altamente não reagir a qualquer tipo de abordagem dos assaltantes, evitando movimentos bruscos ou gestos que possam assustar ou irritar os assaltantes”, destacou Schünke.
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SAIBA MAIS
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Estratégias adotadas
– Engajamento com as instituições de segurança pública;
– Elaboração e apresentação dos indicadores de roubo de carga de 2017–2019;
– Criação de Comitê de Segurança – SindiTabaco;
– Plano para comunicação imediata dos eventos de 2020 entre as associadas;
– Padronização, entre as associadas, das regras e boas práticas de segurança para o transporte de tabaco;
– Desenvolvimento e distribuição do Guia de Segurança para os Transportadores;
– Mapeamento das zonas críticas, para ser entregue às instituições de segurança pública;
– Divulgação de indicadores e ações adotadas.
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