Quem visita o local onde o Grupo do Bem se reúne, na sede do Grupo Escoteiro Santa Cruz, mal sabe que ali, escondido em uma sala de poucos metros quadrados, funciona um “hospital” de bonecas. O espaço devolve cor, beleza – e até mesmo peças – para brinquedos que chegam usados e que, após um trabalho minucioso, voltam a poder alegrar ainda mais crianças.
A responsável pela limpeza, higienização, costura, conserto e tantos outros detalhes é a bancária aposentada Carmen Jurema Koehler, de 65 anos. A atividade, que começou há cerca de sete anos de forma independente, hoje é parte do trabalho voluntário desenvolvido pelo Grupo do Bem de Santa Cruz, responsável por doar alimentos, roupas, calçados e brinquedos para pessoas carentes do município.
Durante o ano todo, Carmen realiza o conserto das bonecas, barbies e ursos de pelúcia. Mas é próximo do Natal que o trabalho começa a ficar mais intenso, pois é nessa data que um maior número de brinquedos é doado nos bairros santa-cruzenses. “Eu faço isso porque amo, parece que dá vida para as bonecas. Ver uma criança brincando com uma boneca e ter esse resgate do brincar me faz feliz. Quando arrumo os brinquedos, as crianças ficam mais felizes, brincam de novo. Além disso, eu penso que a boneca estimula a afetividade e o amor na criança.”
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O trabalho de conserto das bonecas começou há aproximadamente sete anos, quando Carmen fez um curso em que era necessário vivenciar situações da família. Foi quando lembrou da irmã, que morreu de leucemia. “Eu tinha 3 anos e uma irmã de 11, que faleceu na noite de Natal. E ela, naquele dia, ganhou duas bonecas. Eu era pequeninha e acabei ficando com as bonecas de porcelana, que foram estragando com o tempo. Fui fazer um curso de reiki xamânico e uma das vivências era um retorno com a família. Me veio muito minha irmã no pensamento, porque como eu não me despedi dela, eu tinha bloqueio e não gostava que falassem dela.”
Depois de fazer um altar por indicação do curso e orar pela irmã, Carmen decidiu que precisava arrumar as bonecas, que eram as lembranças que restaram. “Eu olhava e pensava que tinha de restaurá-las. Eu entrei na internet e descobri que em São Paulo tinha um hospital de bonecas que vendia peças, mandei vir bracinho e mais várias coisas”, relembra.
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Carmen começou recuperando bonecas para a pediatria do Hospital Santa Cruz e, depois disso, restaurou aproximadamente cem delas para uma escola de Educação Infantil do Bairro Santo Inácio. Porém, desde 2020, ela é integrante do Grupo do Bem. “Estou arrumando quase só para o grupo. Ano passado, no Natal, eu tinha mais de mil bonecas para doar.” Em outubro, em razão do Dia da Criança, já foram doadas duas caixas de bonecas restauradas. Agora, já são quatro caixas prontas para o fim do ano. “O tempinho que eu tenho, eu venho para cá restaurar.”
Para a fundadora do Grupo do Bem, Luciana Tremea, foi um encontro de almas que as voluntárias tiveram com Carmen. “Foi lindo quando a gente descobriu o trabalho dela.” A parte do reaproveitamento é, para Luciana, uma das mais importantes razões do conserto de bonecas. “Não vai nada fora. Tinha épocas que a gente botava algumas coisas no lixo porque eram uns pedaços. E agora tudo ela reutiliza – enfeites, pedaços como bracinhos, perninhas, tecidos. Essa vida que ela dá para as bonecas é incrível.”
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Trabalhar em conjunto com o grupo voluntário acaba sendo também vantajoso, já que a equipe recebe muitas doações. “Antes eu tinha muita falta de material, mas com a parceria do grupo vem muita coisa”, destaca Carmen.
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Para a restauração das bonecas, Carmen separa as sujas e as leva para casa, onde são lavadas e higienizadas. “Depois que está tudo limpo eu venho para começar a enfeitar, costurar, arrumar. Se falta uma parte, eu vejo se tem algo que encaixe.” Quando as bonecas têm cabelo, ela lava com amaciante, penteia e coloca acessórios. De acordo com a voluntária, até meias acabam virando roupas para algumas.
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