A colheita do trigo, aberta oficialmente no Rio Grande do Sul no último dia 16, em Cruz Alta, tem estimativa de safra de 2,2 milhões de toneladas. O Estado é o segundo maior fornecedor do produto do Brasil, atrás apenas do Paraná. Em Santa Cruz do Sul, onde o tabaco é a principal cultura, o cultivo do trigo aos poucos começa a ganhar espaço.
De acordo com a Emater/ RS-Ascar, até o ano passado não havia registros de produtores no município e hoje são pelo menos quatro – um em Linha João Alves, dois em Cerro Alegre e um em Linha Seival. Juntos, eles possuem 23 hectares de área plantada. A expectativa é colher 21 toneladas de grãos, e outra parte da lavoura destina-se à silagem.
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O cultivo de trigo, além de beneficiar o solo e os demais sistemas de produção agrícola, também tem chamado a atenção dos produtores pela expectativa de rentabilidade, como explica o engenheiro agrônomo da Emater, Marcelo Cassol. “Não tínhamos ninguém no ano passado e temos alguns este ano. O preço da saca está bem atrativo, em torno de R$ 70,00, e isso chamou a atenção dos novos produtores”, afirma. “É uma cultura antiga, que aos poucos começa a ganhar espaço entre aqueles que já plantam soja e acabam utilizando o mesmo maquinário e a mesma área plantada.”
Segundo Cassol, o baixo número de produtores se deve ao clima do município, que não é propício para essa cultura. “No fim do ciclo sempre chove muito. Este ano, eles tiveram sorte, pois não choveu. A geada no início da floração, no fim de agosto e início de setembro, também não chegou a ser significativa por aqui, pelo menos não tivemos registros, já que as áreas são pequenas. Já na região do Planalto Médio, produtores ainda contabilizam prejuízos após a ocorrência das geadas”, enfatiza.
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Solo protegido
Morador de Linha João Alves, Arcenio Dupont, 56 anos, é um dos quatro produtores de trigo em Santa Cruz. Com uma área total de 50 hectares, 28 próprias e o restante arrendada, ele destina 3 hectares para essa cultura. As demais são milho, soja e verduras.
Dupont apostou no trigo pelo incremento na renda e pela importância na recuperação e proteção do solo. “Decidi fazer a rotação do trigo com a soja, pois a palha se decompõe lentamente e forma uma capa de proteção, que favorece o desenvolvimento da soja”, explica.
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A colheita começou nessa terça-feira, 20. Os equipamentos agrícolas são os mesmos da soja e o custo dos insumos é baixo, entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil por hectare. O rendimento deverá ser de em torno de 9 toneladas. A previsão é de que o plantio da soja na mesma área aconteça nos próximos dias. Ele aguarda apenas a chuva prevista para a região.
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