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Bolzan faz um apelo: “Seja fiel ao clube”

O mundo do futebol vive uma temporada atípica com a pandemia do novo coronavírus. O avanço da doença provocou indefinições sobre os campeonatos e atingiu em cheio o caixa dos clubes grandes e pequenos. No Grêmio, a redução salarial do elenco foi uma das medidas utilizadas para o restante do ano. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, o presidente Romildo Bolzan Júnior disse que o torcedor tem papel fundamental para manter as atividades nos próximos meses.

No entanto, o mandatário reconheceu que o momento de dificuldade pode fazer com que a receita do quadro social sofra uma queda substancial. Ao mesmo tempo, pediu que os associados que puderem ajudar, sigam pagando a mensalidade. Bolzan falou ainda sobre as estratégias para manter as receitas, o prejuízo estimado em R$ 25 milhões com a paralisação dos trabalhos, as renegociações com fornecedores e a cura da Covid-19. Ele testou positivo para a doença, mas já está recuperado. Embora não haja confirmação, a suspeita é de que tenha contraído no jantar de confraternização do Gre-Nal no dia 11 de março, véspera do primeiro clássico da história da Libertadores.

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ENTREVISTA
Romildo Bolzan
Presidente do Grêmio

Gazeta do Sul – Como o senhor analisa o atual momento do futebol?
Romildo Bolzan – É um momento de muita incerteza, porque não temos os calendários estabelecidos, embora projetados, mas não temos mais segurança das receitas, as despesas fixas vamos ter que ajustá-las e, portanto, precisamos ter um extremo cuidado com a solidez, especialmente pela segurança financeira dos clubes. Os contratos estão estabelecidos e temos de cumprir, o máximo que podemos fazer é renegociá-los. O Grêmio já teve uma atitude de renegociá-los, procurou fazer isso da melhor maneira possível, mas isso não garante que a gente vai conseguir transpor nesse momento de dificuldade. O Grêmio vem seguro e, portanto, de uma maneira bastante sólida, procurando esse momento de extrema incerteza e, principalmente, de extrema situação de imprevisibilidade.

De que maneira o clube trabalha com a questão orçamentária?
Nós fizemos uma composição para os próximos quatro meses de readequação, uma delas, remuneratória e, ao fazer isso, o Grêmio tem uma segurança de que pode cumprir a longo de prazo de uma maneira mais tranquila. De outra parte, já fizemos toda uma repactuação de contratos com fornecedores, uma repactuação de créditos que teriam credores para receber do Grêmio. Nossa estratégia é fazer um fluxo de caixa seguro e passar as obrigações para 2021. Quem aceita isso, nós estamos avançando. Quem não aceita, nós vamos continuar renegociando.

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Como o torcedor se insere neste contexto?
O torcedor é um elemento extremamente favorável e importante, porque ele tem correspondido e, ao corresponder ao clube, mantém suas obrigações em dia e, ao fazer isso, mantém ainda uma situação de possibilidade de o clube permanecer forte. É uma arrecadação extremamente importante, a contribuição social do torcedor e, se ele puder manter isso, melhor será. Mas vamos compreender se, em algum momento, as dificuldades passarem para uma situação de mais relevância e, principalmente, de mais dificuldade de cumprimento. O Grêmio hoje possui uma relação de fidelidade que só temos a agradecer.

O senhor tem defendido a realização do Gauchão até o fim. Por quê?
Porque o campo é o que resolve os campeonatos, é o que dá a devida nitidez de nível técnico, daqueles que merecem vencer. Eu acho que isso é o mais importante e o Grêmio mantém sua posição.

E o Brasileirão? Na sua avaliação deve se manter a fórmula de disputa?
Não tem outra situação a ser feita a não ser manter a posição do cumprimento do calendário. Com essa prorrogação de mais 20 dias de férias no mês de abril, nós raciocinamos que poderia ser possível cumprir os calendários pré-estabelecidos e o Grêmio mantém essa posição de que, até o final do ano, é possível cumprir todos os campeonatos.

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Qual é o tamanho do prejuízo com a paralisação por conta do coronavírus?
Nesses próximos três, quatro meses nós prevemos um prejuízo em torno de R$ 25 milhões. Mas adequando as nossas situações internas e, principalmente, as que dizem respeito ao fluxo de caixa e de arrecadações, e aquilo que já resolvemos no ponto de vista de adequação das nossas sistematizações de clube, nós conseguiremos passar por isso tranquilamente.

A perda da receita pode ser amenizada de que forma?
Vamos reduzir nosso orçamento para adequação na ordem de 20% a 30% daquilo que foi projetado no ano passado. Nós vamos reduzir isso porque não vamos arrecadar mais. Vamos readequar também a nossa situação de despesa. Esse é o projeto que o Grêmio tem.

O senhor teve atuação direta no acerto da redução salarial com o elenco e a comissão técnica. Como foi feito?
Quando começou essa situação de uma maneira geral, o Grêmio fez uma avaliação, um diagnóstico e tomou essa posição em caráter estratégico de clube, já definida para a sobrevivência, porque não vamos fazer absolutamente nada que seja irresponsável para o futuro.

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Qual a expectativa com relação ao julgamento sobre os incidentes no Gre-Nal da Libertadores?
Essa é uma situação absolutamente incerta, não temos previsão, mas torcemos para que seja feita a justiça, porque o Grêmio não foi o provocador da briga, mas, ao mesmo tempo, sabe que participou dela. Esperamos que haja compreensão das autoridades que julgam isso e que as penas sejam brandas, mas também não temos segurança que isso vai efetivamente acontecer.

O senhor está recuperado da Covid-19. Como tem cuidado da saúde?
Bem, tranquilo. Estou em uma posição já de um certo equilíbrio, estou fora dos protocolos, espero que isso não decorra de uma recaída daquilo que é o sintoma do próprio vírus. Estou em isolamento social (em Osório, onde tem residência).

Que sintomas chegou a apresentar?
O mais expressivo para mim foi a perda, principalmente, de olfato e paladar. Não tive febre, dores no corpo, essas situações que são as mais comuns não me pegaram.

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Na próxima terça-feira, em uma reunião virtual dos clubes com a CBF, já será possível ter um indicativo do novo calendário do futebol?
Até será possível, mas ainda completamente incerto, porque não temos os cronogramas e os calendários do ponto de vista sanitário. Se durarem até o dia 20, podemos ter segurança do que a gente vai decidir. Se os calendários não corresponderem a essa data, certamente o Grêmio terá outra atitude.

Que recado o senhor gostaria de deixar para a torcida?
Seja fiel ao clube, ao seu gremismo. Na medida do possível, se puderem cumprir tudo aquilo que diz respeito às obrigações com o clube, cumpram. Que a gente possa manter nosso clube forte.

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