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Bolsonaro ignora debate e, em entrevista exclusiva, ataca PT

Em entrevista exibida pela TV Record no mesmo horário do debate entre os presidenciáveis na TV Globo, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) não foi pressionado, recebeu perguntas propícias para expor suas pautas e foi exibido como uma figura ainda fragilizada devido à facada que recebeu no início de setembro no interior de Minas Gerais. Bolsonaro diz que foi proibido pelos médicos de participar do debate por estar em recuperação após ser esfaqueado.

A entrevista foi gravada horas antes na casa de Bolsonaro, no Rio. O candidato encaminhou a conversa com o jornalista da Record com a mesma estrutura de suas recentes aparições públicas. Começou falando do ataque a faca recebido em Juiz de Fora e de sua vontade de estar nas ruas fazendo campanha. Ressaltou que, por “determinações médicas”, deverá evitar excessos.

Na sequência, voltou sua mira ao PT, adiantando a estratégia de atacar Fernando Haddad, possível adversário em um eventual segundo turno. Ele chamou Haddad – que ao mesmo tempo falava na TV Globo – de “fantoche do senhor Lula”. Bolsonaro também disse que unirá o povo brasileiro, que, segundo ele, teria sido dividido pelo PT. Argumentou que o país foi separado em caixas entre negros e brancos, ricos e pobres, e, por fim, pais e filhos. Segundo ele, a “lei da palmada”, ao não permitir castigos físicos aos filhos, voltaria uns contra os outros. Bolsonaro ainda se defendeu das acusações de que seja homofóbico, racista ou machista.

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No segundo bloco o candidato acusou os artistas que fazem parte do movimento #elenão, de repúdio à sua candidatura, de “mamarem na Lei Rouanet. Todos eles”. Sobre as críticas ao 13º salário proferidas pelo vice de sua chapa, o general Hamilton Mourão (PRTB), Bolsonaro disse que as palavras foram tiradas do contexto, e que nunca foi falado em acabar com o direito.

O candidato do PSL ainda defendeu a revogação do estatuto do desarmamento (que, segundo ele, teria aumentado a violência) e fez a defesa da trinca dos valores da família, das religiões e da redução tarifária que sustentam boa parte de sua atuação nas redes sociais.

Após a entrevista ser interrompida por um enfermeiro enquanto o entrevistador informava que o candidato mostra cansaço, Bolsonaro produziu o único momento surpreendente ao parabenizar o ex-ministro Antonio Palocci (PT). Ao ser perguntado se a decisão do juiz Sergio Moro de levantar o sigilo de parte do acordo de colaboração de Antonio Palocci com a Polícia Federal poderia interferir no resultado das eleições, Bolsonaro respondeu positivamente. “Sempre há impacto. Palocci já vinha colaborando. Ele foi um homem muito próximo do governo, ele conta as entranhas do poder. Não tem como ele fugir da verdade. Parabéns ao Palocci. Quem não erra como ser humano? Ele tenta corrigir seus erros com essas ações”, disse o militar.

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Na última terça-feira o bispo Edir Macedo, proprietário da TV Record, manifestou apoio a Bolsonaro. O anúncio de que o candidato falaria na TV de Edir Macedo revoltou os adversários do capitão reformado. As coligações de Fernando Haddad (PT), de Henrique Meirelles (MDB) e de Guilherme Boulos (PSOL), além do deputado Wadih  Damous (PT-RJ), pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a exibição da entrevista fosse proibida. Eles alegaram que levar a entrevista com Bolsonaro ao ar infringia as normas de conduta para as televisões, que prevê tratamento igualitário aos candidatos. O ministro Carlos Horbach liberou a veiculação da entrevista.

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