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Boato S/A

A proliferação de conteúdos mentirosos veiculados por meio das redes sociais preocupa. Esse fenômeno pode ser creditado ao grande número de sites de informação. Editores atormentados pela necessidade de gerar conteúdo novo a cada minuto ignoram a checagem – obrigação de todo jornalista ou formador de opinião –, que deixou de ser um pressuposto obrigatório.

Acordo às 6 horas, ligo o rádio e me debruço sobre os jornais, em papel, com caneta e papel para anotações. No trabalho, mantenho abertos muitos sites de jornais e revistas semanais, além de blogs especializados. No lotação, viajo com o fone de ouvido sintonizado no noticiário. Também assisto aos noticiários locais e nacionais de tevê. E, antes de dormir, ouço um derradeiro noticiário de rádio.

Essa rotina me faz questionar qual o percentual deste oceano de informações que é realmente necessário ou relevante. Nesse cipoal de “novidades” existe muita abobrinha que não serve sequer para puxar assunto na sala de espera do dentista. Em segundo lugar, me pergunto qual a veracidade de tudo que ouço, leio e assisto ao longo de tantas horas.

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A proliferação de conteúdos mentirosos se inicia quando as pessoas sequer leem integralmente uma mensagem do WhatsApp antes de postar em grupos ou enviar individualmente. Isso cria um círculo vicioso. E viciado, naquilo que a notícia tem de mais sagrado: a veracidade. Trabalhei por décadas em redações de jornais e de emissoras de rádio. Dois mestres – os jornalistas Antônio Gonzales e Núbia Silveira – eram enfáticos: “É preciso checar com pelo menos duas fontes antes de publicar, custe o que custar! Se vocês divulgarem algo errado e algum leitor/ouvinte reclamar, vocês estão acabados porque poderão destruir biografias e reputações, o que é imperdoável”, repetiam.

A “fabricação” de notícias inverídicas tem, muitas vezes, o objetivo de denegrir propositalmente personagens famosos, políticos e artistas, muitas vezes para que o próprio autor se torne uma celebridade do dia para a noite. E isso rende dinheiro e fama para a empresa Boatos S/A, que cresce rapidamente no Brasil.

Nós, consumidores, estimulamos os boateiros de plantão, pela leitura e disseminação de notícias duvidosas. Por isso, abra o olho quando a notícia for absurda. Porque dificilmente ela será verdadeira.

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