Superada a Black Friday, fim de ano chegando com as famosas festas de confraternização, presentes, férias… Como conseguir aproveitar tudo isso e ainda manter o planejamento financeiro pelo menos equilibrado para iniciar o novo ano sem nenhuma dívida ruim? Pior, ainda, quando a pessoa já está endividada.
Pesquisas indicam que seriam por volta de 63 milhões de brasileiros endividados, muitos deles inadimplentes, isto é, não conseguem mais pagar suas contas porque o salário ou a renda não é suficiente ou nem existe mais, com a perda do emprego ou do negócio.
Dívidas não deveriam ser problema, principalmente quando feitas com planejamento, visando adquirir bens. Muitas pessoas, inclusive milionárias, não só no Brasil, mas em outros países também, construíram seu patrimônio com dívidas. É o que muitos especialistas chamam de dívidas boas, aquelas assumidas para adquirir bens que geram receitas. Os problemas começam quando as pessoas fazem dívidas com o simples consumo, adquirindo até itens de primeira necessidade, além de compras de roupas, calçados, eletrônicos, móveis, etc, geralmente efetuadas com o cartão de crédito.
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O fato é que parcela da população brasileira com dívidas e até inadimplente vem crescendo de ano para ano, tendo atingido neste ano de 2019 o número expressivo de 63 milhões. Existem pessoas que já estão inadimplentes há mais tempo, muitos delas há mais de cinco anos. E todos já sabemos: dívidas vencidas há mais de cinco anos, se não tiverem sido cobradas na justiça, prescrevem, isto é, o devedor não tem mais obrigação legal de pagá-la. Além disso, nessas condições, o nome do consumidor deve ser retirado das listas de consumidores com restrições, no popular “nome sujo”.
Entretanto, mesmo com o nome limpo de novo, os consumidores podem ter restrições na hora de tentar novos créditos. É que as dívidas, mesmo prescritas, continuam existindo e ficam registradas em cadastros das lojas e instituições financeiras ou são repassadas para empresas de recuperação de crédito, que tem equipes especializadas em ir atrás dos devedores. Uma dessas empresas é a Recovery que administra um montante de R$ 80 bilhões em dívidas de cerca de 25 milhões de consumidores no Brasil.
De acordo com a chefe da área de cobrança da Recovery, Marcela Gaiato, boa parte dos consumidores quer regularizar a situação, mesmo após deixar a lista de inadimplentes e não poder mais ser acionada judicialmente. No ano passado, cerca de 38% dos inadimplentes com dívidas acima de cinco anos e que fecharam acordo com a Recovery, pagaram os valores em dia. Para grande parte dos brasileiros, a frase “tudo que temos é o nosso nome” ainda faz muito sentido, na avaliação da executiva Marcela Gaiato que complementa, dizendo que a “honra e o desejo de não ficar devendo e dormir com a consciência tranquila move boa parte dos clientes inadimplentes”. Claro, tem quem não se abala, como aquele cidadão devedor, que, nesses dias, num encontro fortuito num supermercado, fez que não conhecia seu credor.
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Para quem já está endividado, no fim do ano algumas lojas, empresas de proteção ao crédito e bancos costumam fazer feirões “limpa nome” para negociar pendências e chegam a oferecer descontos imperdíveis para que o consumidor comece o ano com pé direito. Os principais bancos do país, por exemplo, realizaram mutirões para renegociar dívidas em atraso de clientes, durante a primeira semana de dezembro, com descontos que podiam chegar a 98%.
Além da perda do emprego ou do negócio e do cartão de crédito, os juros que ainda são cobrados pelas instituições financeiras, no atraso do pagamento da fatura do cartão de crédito ou da utilização do limite do cheque especial, foram indicados pelos clientes como motivo de sua inadimplência. Antes de aproveitar a oportunidade de renegociar as dívidas, é preciso perceber e assumir que existem problemas na condução de sua vida financeira. Sim, podem ser os motivos já comentados anteriormente, mas, também, pode ser um vício. O especialista em previdência e investimentos da MAI Digital, Hirbis Girolli, diz que é muito comum a pessoa quitar as dívidas e voltar a se endividar. “Somos seres de hábitos e a dívida vira uma espécie de hábito, um hábito ruim. A pessoa entra naquele ciclo do autoengano por ter renegociada a dívida e ter limpado o nome. Daqui a pouco, ela encontra outro motivo muito importante, na visão dela, para se endividar de novo”, complementar Girolli.
Portanto, o mais importante na renegociação das dívidas é procurar a causa delas para evitar a reincidência, aquela situação de consumidores que voltam a ficar com dívidas, que, embora esteja em queda, ainda persiste. A metodologia da DSOP Educação Financeira, em seu primeiro pilar, recomenda fazer um diagnóstico da situação financeira. Durante 30 dias (se tiver renda fixa) ou 90 dias (se tiver renda variável), anotar todas as saídas de dinheiro, dos mais irrisórios às maiores. A partir deste levantamento, verificar o que pode diminuir, eliminar ou substituir. Então, preparar um orçamento mensal, substituindo a velha fórmula Receitas (-) Gastos (=) Sobra/falta pela fórmula inovadora da DSOP: Receitas (-) Sonhos/Compromissos financeiros (=) padrão de vida.
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