Comer uma cuca, almoçar ou fazer compras nos paradouros da RSC–287, entre Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, costumava ser parte obrigatória da viagem de muitos motoristas que passavam pela rodovia rumo ao Centro do Estado ou à Região Metropolitana. O trecho conta com diversas lojas de produtos coloniais e antiguidades, que atraíam centenas de visitantes todos os dias. Essa realidade, porém, mudou drasticamente desde o final de janeiro, quando o quilômetro 153 da via, próximo a Candelária, foi bloqueado, fazendo com que os condutores passassem a utilizar a BR–290 para desviar da interrupção.
Na padaria Lisaruth, famosa por suas “delícias caseiras”, a queda nas vendas chegou a 50% na última semana. De acordo com o encarregado de compras Fernando Hoffmann, a diferença se evidencia ainda mais nos fins de semana, dias em que a casa costumava ficar lotada de clientes. Os funcionários estão aproveitando o tempo de sobra para produzir alimentos estocáveis, como os congelados, e aqueles que servem de matéria-prima para produtos frescos. Hoffmann trabalha na padaria há cinco anos mas, por meio dos colegas mais antigos, confirma que essa é a maior baixa no movimento em sete anos. A última foi em 2010, após a queda da ponte sobre o Rio Jacuí, em Agudo.
Pasetti: perda de 80% no movimento durante os fins de semana
Foto: Lula Helfer
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Seguindo a Santa Cruz, alguns quilômetros depois da Lisaruth, a Paragem Kaffee Haus, que conta com restaurante e antiquário, enfrenta o mesmo problema. No sábado passado, conforme o gerente Genor Pasetti, o lugar passou o dia praticamente vazio. No domingo o consumo reagiu, mas voltou a cair no começo da semana.
A diminuição tem sido de 40% em dias úteis e de até 80% nos fins de semana. Pasetti assumiu o cargo há apenas 19 dias e veio para dar ânimo ao estabelecimento. “Vim para dar um up na coisa e acabei pegando um período bem ruim. Ficamos sabendo que, no final de semana, até mesmo o desvio pelo interior havia sido bloqueado. Então, ninguém passava por aqui”, relatou.
No América Brechó, que também é antiquário e serve refeições, a proprietária Gleita Barbosa afirma que o movimento caiu pela metade. O estabelecimento se encontrava praticamente vazio na manhã de ontem. À tarde, quando o maior número de visitantes costumava aparecer, o consumo é igualmente baixo, conforme Gleita. Caso a situação não se normalize em breve, a empresária teme não conseguir fechar as contas do mês.
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Gleita já tem medo de não conseguir fechar as contas do mês
Foto: Lula Helfer
O mesmo receio recai sobre Cristiane Agnes, chefe da loja de conveniência do Posto Nevoeiro, localizado depois do Trevo Fritz e Frida, onde as vendas caíram 30%. No último fim de semana, com a demanda baixa, os funcionários trabalharam em turnos reduzidos. “Não tinha o que fazer por aqui. O problema é que assim talvez a gente não consiga fechar a meta mensal. Depois que todo mundo ficou sabendo do bloqueio, evitam passar por aqui”, comentou.
A expectativa dos comerciantes é de que o movimento comece a se normalizar com a instalação da ponte provisória no local do bloqueio. Uma galeria tripla vai ser substituída por um pontilhão, devido ao comprometimento de sua estrutura.
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Segundo Cristiane, posto chegou a reduzir os turnos do pessoal
Foto: Lula Helfer
Ponte provisória
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) afirmou que até o fim de semana a construção da ponte provisória deve começar, liberando o tráfego para veículos de pequeno porte dentro de uma semana. No momento, a EGR aguarda a assinatura do Comando do Exército, em Brasília, para que os trabalhos comecem.
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Segundo o presidente da EGR, Nelson Lídio Nunes, tudo está encaminhado. “Estamos em contato direto com eles. Assim que derem o sinal, a obra começa.” A armação será erguida pelo 3º Batalhão de Engenharia de Combate, de Cachoeira do Sul.
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