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Realidade manipulada

Blogueira australiana faz protesto contra ‘vida perfeita’ nas redes sociais

Não dá para confiar na vida maravilhosa que certas pessoas exibem nas redes sociais. Muito do que se é mostrado acaba sendo mascarado com filtros, roupas perfeitas, poses impecáveis e corpos esculturais. Para contrariar esta onda, a blogueira australiana Essena O’Neil, de 18 anos, resolveu excluir mais de duas mil fotos de seu perfil no Instagram, que já colecionava 700 mil seguidores. Nas imagens que restaram, ela alterou as legendas para textos mais realistas. 

Em função de seu reconhecimento, Essena chegou a ser considerada uma “digital influencer”, título dado a pessoas que constroem imagens de marcas, estimulam hábitos culturais e de consumo online. “As mídias sociais, especialmente da forma como eu uso, não são reais. Suas imagens artificiais e seus clipes editados disputam um ranking. É um sistema baseado na aprovação social, curtidas, visualizações, sucesso com seguidores”, desabafou a australiana em um post no Instagram. 

Nas frases que reescreveu, a blogueira desabafou sobre a verdadeira história por trás das fotos e também chegou a contar o quanto ganhou para usar aquelas roupas, as horas que levou para que as imagens ficassem prontas e as manipulações nas imagens que escondiam seus “defeitos”. 

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Confira algumas das postagens de Essena e suas traduções: 


“NÃO É UMA VIDA REAL – Eu não paguei por esse vestido. Tirei incontáveis fotos para ficar sexy no Instagram. A roupa fez com que eu me sentisse incrivelmente sozinha”.


“Não é a vida real. O único motivo pelo qual fomos à praia nesta manhã foi tirar fotos destes biquínis porque a companhia me pagou e também porque eu ficava bonita considerando os padrões atuais da sociedade. Eu nasci e ganhei na loteria genética. Por que mais eu teria postado esta foto? Leia entre as linhas, ou pergunte a você mesmo ‘por que alguém posta uma foto?… Qual é o resultado para eles? Fazer a diferença? Parecer gostoso? Vender alguma coisa? Eu pensei que estava ajudando garotas a serem saudáveis. Mas eu só percebi aos 19 que colocar qualquer quantidade de autoestima em sua forma física é tão limitante! Eu poderia estar escrevendo, explorando, brincando, fazendo qualquer coisa bonita e real… e não tentando validar meu valor através de uma foto de biquíni sem substância.”

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“Legenda verdadeira: Me pagaram por esta foto. Se você está olhando para as “Meninas do Instagram” e desejando ter a suas vidas… Perceba que você só vê o que elas querem. Se marcam uma empresa, 99 % as vezes elas estão pagando. Não há nada errado em apoiar marcas que você ama ( por exemplo, eu orgulhosamente promoveria marcas veganas em troca de dinheiro já que este tipo de negócio faz sentido para mim) . Mas isso aí (da foto) não faz nenhum sentido. Não há nenhum sentido em um sorriso forçado, roupas minúsculas e ser paga para ficar bonita. Somos uma geração feita para consumir e consumir, sem nenhuma ideia de onde tudo vem e para onde tudo vai.”


“Me pagaram 400 dólares para postar um vestido. Isso foi quando eu tinha uns 150 mil seguidores. Com meio milhão, eu sei de várias marcas online que pagam até 2 mil por post. Não há nada de errado em aceitar acordos de marcas. Eu só acho que isso deve ser aberto ao conhecimento. Esta foto não tem substância, (o vestido) não foi feito através de uma fabricação ética (eu não sabia na época). Mídias sociais não são reais. Este é o meu ponto. Esteja atento ao que as pessoas promovem, questione você mesmo, qual é a intenção atrás da foto?”

Essena também atualizou a descrição no Instagram para “Social Media Is Not Real Life (Mídia Social Não É a Vida Real) e criou um site para contar a verdade sobre sua vida e carreira. Sobre o que eu achei dessa atitude? Simplesmente maravilhosa. Admiro muito a blogueira, mesmo sem conhecer ela. Acredito que este tipo de iniciativa nos alerta para as armadilhas dessa exposição da perfeição (com o perdão da cacofonia) de uma maneira positiva. Espero que muitos e muitas se inspirem e parem de se importar tanto com o que é publicado em seus perfis em redes sociais.

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Menos filtros, mais vida.  

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