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Economia

Black Friday para um novo consumidor: uma oportunidade ou ameaça

No próximo dia 27 de novembro ocorre a XI edição da Black Friday Brasil. Réplica de evento iniciado em 1961 na Filadélfia (EUA), e promovido em várias cidades do mundo, é considerada uma das datas mais importantes e estratégicas do varejo do Brasil, crescendo de ano para ano. Mesmo num ano atípico, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) estima um aumento de 77% nas vendas em relação a 2019, atingindo o valor de R$ 6,9 bilhões.

De um lado, a pandemia do coronavírus impôs enormes dificuldades sociais, econômicas e financeiras, exigindo mudanças e adaptações para famílias, empresas e governos; de outro, fez o comércio eletrônico disparar e 40% dos brasileiros passaram a comprar mais por e-commerces. Para 13% dos brasileiros foi a primeira compra online, segundo pesquisa da Nielsen, inclusive os idosos, um segmento da população que pouco utilizava esse tipo de tecnologia antes da pandemia.

Para o consumidor, a Black Friday pode ser uma oportunidade ou ameaça para o bolso. É uma oportunidade perfeita para economizar nas compras de praticamente tudo, investir por menos e até frequentar cursos, realizando desejos ou sonhos, acalentados há muito tempo. Isso exige planejamento, em que é preciso responder a algumas perguntinhas básicas:

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1ª – O que quero ou queremos, quando for um desejo coletivo?
2ª – Quanto custa este desejo?
3ª – Em quanto tempo quero ou queremos adquiri-lo? Nesta Black Friday?
4ª – Quanto já reservamos ou vamos poupar para pagar o objeto de consumo? Podem ser vários.
5ª – De onde vamos tirar o dinheiro que falta para comprar a promoção? Pode ser através do cartão de crédito, do boleto, do carnê, do cheque pré.

Infelizmente, a Black Friday pode trazer muitas ameaças, também. Como já aconteceu na primeira de 2010 e vai se repetindo, ano após ano, embora em números decrescentes, a Black Friday Brasil apresenta muitos problemas, como as lojas não atenderem ao que prometeram, ter falta de produto, omitir o preço do frete (em alguns casos, é mais caro que o produto comprado), descuidar do atendimento e, principalmente, maquiar preços. É o famoso “tudo pela metade do dobro do preço”, artimanha de aumentar o preço poucos dias antes do evento e conceder desconto.

Felizmente, com um perfil de consumidor mais exigente, hoje em dia, o espaço para a malandragem de varejistas é cada vez menor porque as redes sociais facilitam a troca de informações entre usuários; eventual falcatrua é rapidamente replicada entre pessoas próximas e grupos, detonando com lojas. Além disso, sites especializados já monitoram preços de lojas, alguns há vários meses, e fazem comparações – o que dá ao consumidor maior segurança de que não está sendo enganado com promoções falsas. O ideal seria que o próprio consumidor já tivesse pesquisado os preços para comparar com as ofertas, verificando se realmente houve uma redução.

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Outro grande risco para o consumidor são as fraudes na internet, praticadas por criminosos. Na avaliação do especialista em segurança digital, Tiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, “a Black Friday é o Natal dos golpistas. É quando eles mais ganham dinheiro.” Tiago explica que isso acontece porque o evento une dois ingredientes explosivos: “o desejo do consumidor de comprar algo com um preço muito mais baixo e, por parte do golpista, ganhar dinheiro fácil; tudo isso numa data em que o consumidor está mais vulnerável para assumir riscos em troca de um desconto maior porque ele só tem um dia para aproveitar”.

O mais comum é o consumidor receber mensagens até de grupos de whatsapp, contendo links como se fossem de grandes lojas com ofertas imperdíveis. Ao acessar esses links falsos, o consumidor pode ser direcionado para um local virtual desprotegido, onde suas informações serão roubadas. A recomendação é não entrar diretamente no link informado na mensagem, mas digitar o site manualmente. A propósito, o Procon-SP tem divulgado lista de sites que devem ser evitados.

Quase ninguém se dá conta disso, mas o maior risco para o consumidor é o próprio consumidor! Se dinheiro na mão é vendaval, o cartão de crédito pode ser tempestade. O que leva as pessoas a comprarem tanto em um único dia, como se não houvesse amanhã? Por que é tão difícil resistir ao impulso de comprar? Para ambas as perguntas é preciso refletir se o ato de consumir é fruto de uma necessidade de compra real ou de subterfúgio às pressões do cotidiano. A cultura de consumo faz com que as pessoas comprem produtos ou serviços que, muitas vezes, elas não precisam.

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Para aproveitar a Black Friday sem ficar endividado e não ser vítima de black “fraudes”, o consumidor deve observar algumas dicas:

1 – Fazer um planejamento financeiro: a partir da realização do diagnóstico da situação financeira, conforme metodologia da DSOP Educação Financeira, apurar a disponibilidade  financeira e os compromissos financeiros já assumidos, prever os gastos extras com o Natal e Ano novo;

2 – Estabelecer um teto de gastos: de acordo com o planejamento financeiro;

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3 – Fazer uma lista do que quer comprar: um dos principais problemas de grandes promoções é a falta de foco;

4 – Não procurar somente o menor preço: muitos varejistas aproveitam a Black Friday para “desovar” estoque de produtos já superados por modelos mais novos; 

5 – Comparar os preços: é importante acompanhar o histórico de preço do produto para identificar eventual  “maquiagem“;

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6 – Cuidar com fraudes da internet;

7 – Ter poupado antes de comprar: quem poupa antes para comprar depois, geralmente leva vantagem;

8 – Tomar empréstimo para comprar: fazer as contas para entender se, mesmo com as taxas/juros, vale a pena fazer o empréstimo.

O que esperar, então, da Black Friday de 2020? Além da superação dos números das maiores datas da história do varejo brasileiro, vai marcar o começo de uma corrida pelo consumidor. O cliente de hoje é multicanal, ágil e exigente, que busca praticidade e conexão entre todos os pontos de venda. Ele quer contato com as lojas por meio de todos os canais existentes, seja ele no site, nas redes sociais, no celular ou na loja física. Nunca os bordões antigos como “o cliente tem sempre razão” ou o “cliente é a alma do negócio” fizeram tanto sentido.

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