Impossível escapar dos inúmeros anúncios na televisão, nos jornais, no rádio, na internet, nas lojas, nos bancos, nos bares, casas noturnas; até dívidas podem ser negociadas na Black Friday! Onde se olha lá está a Black Friday em letras enormes, chamativas, luminosas. Alguns estabelecimentos, não restritos apenas com a Black Friday, já inventaram a Black Week e até a Black month…
Parece que não resta dúvida de que a Black Friday Brasil já conquistou o coração e o bolso ou o cartão de crédito de milhões de brasileiros. Levantamento feito pela Boa vista revela que 70% dos consumidores devem fazer compras na Black Friday, sendo que 51% desses disseram que as compras serão planejadas e 49% de oportunidades que encontrarem no mercado.
Trazido dos Estados Unidos, onde começou em 1961, na Filadélfia, o evento está se tornando uma das datas mais importantes para o comércio. Em sua décima edição no Brasil, os números só crescem e, neste ano, deverão registrar aumento de 18% em comparação a 2018, já ofuscando as vendas do Natal.
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Como aconteceu na primeira de 2010 e vai se repetindo, ano após ano, embora em números decrescentes, a Black Friday Brasil apresenta muitos problemas, como as lojas não atenderem o que prometeram, ter falta de produtos, omitir o preço do frete (em alguns casos, é mais caro que o produto comprado), descuidar do atendimento e, principalmente, maquiar preços. É o famoso “tudo pela metade do dobro do preço”, artimanha de aumentar o preço poucos dias antes do evento e conceder desconto. Com o novo perfil de consumidor mais exigente, hoje em dia, o espaço para a malandragem de varejistas é cada vez menor porque as redes sociais facilitam a troca de informações entre usuários; eventual falcatrua é rapidamente replicada entre pessoas próximas e grupos, detonando com lojas. Além disso, sites especializados – Buscapé e Bondfaro, por exemplo – já monitoram preços de lojas, alguns há vários meses, e fazem comparações o que dá ao consumidor maior segurança de que não está sendo enganado com promoções falsas. A Proteste, por exemplo, num estudo em que avaliou a variação de preços de 800 produtos, entre os meses de julho e outubro deste ano, encontrou mais de 130% de diferenças para o mesmo produto, entre as lojas.
Outro grande risco para o consumidor são as fraudes na internet, praticados por criminosos. Na avaliação do especialista em segurança digital, Tiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, “a Black Friday é o Natal dos golpistas. É quando eles mais ganham dinheiro.” Tiago explica que isso acontece porque o evento une dois ingredientes explosivos: “o desejo do consumidor de comprar algo com um preço muito mais baixo e, de outro lado, a vontade do golpista de ganhar dinheiro; tudo isso numa data em que o consumidor está mais vulnerável para assumir riscos em troca de um desconto maior porque ele só tem um dia para aproveitar”. O mais comum é o consumidor receber mensagens até de grupos de whatsapp, contendo links como se fossem de grandes lojas com ofertas imperdíveis. Ao acessar esses links falsos, o consumidor pode ser direcionado para um local virtual desprotegido, onde suas informações serão roubadas. A recomendação é não entrar diretamente no link informado na mensagem, mas digitar o site manualmente. A propósito, o Procon-SP tem divulgado lista de sites que devem ser evitados.
Um dos fatores vem impulsionando o consumo e promete alavancar as vendas da Black Friday, interferindo na decisão do consumidor, é a divulgação de produtos por meio de influenciadores digitais. “O poder dessas personalidades do mundo virtual já é tão grande que podem ser consideradas a segunda fonte de informações para a tomada de decisão na compra de um produto, perdendo apenas para recomendações de amigos e parentes”, explica Phil Kauders, diretor da rewardStyle Brasil, líder no mercado de marketing de influência no Brasil e no mundo.
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Por fim, o maior risco para o consumidor é o próprio consumidor! Se dinheiro na mão, recheado com o 13º salário, é vendaval, o cartão de crédito pode ser tempestade. O que leva as pessoas a comprarem tanto em um único dia, como se não houvesse amanhã? Por que é tão difícil resistir ao impulso de comprar? Para ambas as perguntas é preciso refletir se o ato de consumir é fruto de uma necessidade de compra real ou de subterfúgio às pressões do cotidiano. A cultura de consumo faz com que as pessoas comprem produtos ou serviços que, muitas vezes, elas não precisam. Por isso, para aproveitar a Black Friday sem ficar mal endividado e não ser vítima de black fraude, o consumidor deve observar algumas dicas básicas:
1) fazer um planejamento financeiro: a partir da realização do diagnóstico da situação financeira, conforme metodologia da DSOP Educação Financeira, apura-se a disponibilidade financeira, levando em conta que o Natal e Ano novo já estão chegando;
2) estabelecer um teto de gastos: de acordo com o planejamento financeiro
3) fazer uma lista do que quer comprar: um dos principais problemas de grandes promoções é a falta de foco;
4) não procurar somente o menor preço: muitos varejistas aproveitam a Black Friday para “desovar” estoque de produtos já superados por modelos mais novos;
5) comparar os preços: é importante acompanhar o histórico de preço do produto para identificar eventual “maquiagem“;
6) cuidar com fraudes da internet;
7) ter poupado antes de comprar: quem poupa antes para comprar depois, geralmente leva vantagem;
8) tomar empréstimo para comprar: fazer as contas para entender se, mesmo com as taxas/juros, vale a pena fazer o empréstimo.
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