No próximo dia 23 de novembro vai acontecer a Black Friday Brasil. O assunto está “bombando” em sites, na televisão, no rádio, nos jornais, além de mensagens por e-mails e celular, anunciando ofertas imperdíveis. Em tempos de lenta recuperação das vendas, uma promoção como essa será capaz de alavancar negócios e melhorar os números do comércio para este ano de 2018.
O que é? – Trata-se de uma mega promoção que promete descontos de até 80% em muitos produtos, nos mais diversos setores e empresas: eletrodomésticos, móveis, eletrônicos, roupas, livros, floriculturas, salões e produtos de beleza, móveis, carros, até bancos; enfim, em quase tudo. Muitas lojas e instituições participantes do evento, antecipando a data, talvez até para garantirem “seu quinhão” na bolada, já estão promovendo o ”Black november”; daqui a pouco, será a “Black week”; até chegar o grande dia. As lojas aproveitam para fazer a “troca do estoque”, “desovar” produtos que, por algum motivo, não saíram e repor os estoques para o Natal e Ano novo. Os consumidores, por sua vez, para realizar algum sonho de consumo, há muito aguardado, e com o preço mais em conta será possível ralizar.
Onde e como começou? – Iniciada em 1961, na Filadélfia, nos Estados Unidos, a Black Friday é um dos maiores eventos de compras dos americanos. Acontece na sexta-feira posterior ao Dia de Ação de Graças – celebrado sempre na quarta quinta feira do mês de novembro – e dá início à temporada das compras natalinas, na maioria das lojas de varejo. Era um dia de muitas confusões, envolvendo pessoas exaltadas que disputavam aos empurrões e tapas, literalmente, artigos em promoção, num legítimo vale tudo. Além disso, ruas da cidade ficavam um caos por causa do grande número de pedestres e o intenso tráfego de carros, provocando enormes congestionamentos, o que, evidentemente, gerava problemas de toda ordem; daí o nome de Black Friday, na avaliação da polícia.
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No Brasil – Aos poucos, crescendo a cada ano, a Black Friday também vai conquistando o Brasil, estando em sua nona edição. A primeira foi realizada em 26 de novembro de 2010, totalmente on line, por iniciativa de uma empresa especializada em descontos na web. Mas, como já dizia o Velho Guerreiro Chacrinha – “aqui, nada se cria, tudo se copia” -, o que, evidentemente, nem sempre é verdade, as primeiras versões apresentaram problemas. Alguns de ordem técnica, como a lentidão dos sistemas, erros de programação ou, simplesmente, sites de empresas participantes fora do ar. Outros, entretanto, talvez fruto da nossa cultura de levar vantagem em tudo, foi a falta de caráter mesmo, como o de aumentar preços na semana ou dias anteriores e, no dia da promoção, dar um desconto, praticando, na verdade, o preço normal de venda, o que frustrou os consumidores e foi objeto de investigação e notificação de varejistas por parte do Procon. Na época, a Black Friday Brasil foi apelidada de Black Fraude porque era “tudo pela metade do dobro do preço”.
Cuidados – Diante de um mar de oportunidades para realizar um sonho de consumo há muito tempo desejado e que pode envolver riscos, tanto pela falta de preparo pessoal , quanto pela ação de agentes inescrupulosos, várias entidades prepararam listas de cuidados que as pessoas precisam ter para não entrarem “em frias”.
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Entretanto, o primeiro cuidado que a pessoa ou família precisa ter é com ela mesma: estar atenta para não comprometer as finanças. Se houve antes um planejamento para este evento, maiores são as chances de fazer bons negócios. Mas, como isso raramente acontece, e caso a pessoa ou família não disponha de uma reserva para aproveitar alguma promoção, antes de qualquer coisa fazer um diagnóstico da situação financeira, a partir do qual é possível estabelecer um valor limite que pode gastar. Ter certeza que esses gastos cabem no orçamento, evitando assim, dívidas excessivas que podem comprometer a saúde financeira dos próximos meses, ainda mais que o fim de ano já está aí, com as despesas das festas da época, Natal, férias; não tem graça aproveitar uma boa promoção, mas pagar juros do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito.
Dos cuidados que o cidadão deve ter, relacionados por diversas entidades e especialistas, muitos se repetem, sendo básicos os seguintes:
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1º) lojas falsas: criadas por criminosos apenas para aplicar golpes, costumam aparecer durante as Black Fridays; geralmente oferecem produtos muito procurados por preços muito vantajosos, mediante pagamento no boleto ou transferência bancária;
2º) reputação da loja: consultar em sites de referência, como o Reclame Aqui, se a loja consta no cadastro e qual o tipo de reclamação; o Procon-SP divulgou “lista suja” atual com 419 lojas virtuais que os consumidores devem evitar na próxima Black Friday porque receberam reclamações de clientes, foram notificadas, não responderam ou não foram encontradas;
3º) informações básicas: verificar a Razão Social, CNPJ e endereço para saber se a loja é confiável ou não; lojas seguras tem o cadeado no browser e aplicação do selo de segurança; além disso, a letra S no HTTP é sinal de ambiente seguro; erros de português e linguagem inconsistente podem alertar tratar-se de loja falsa;
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4º) descontos falsos: o ideal seria que o consumidor já estivesse monitorando os preços dos produtos que pretende comprar na Black Friday, com o que teria certeza de pagar mais barato mesmo; tem lojas que, semanas antes, aumentam o preço dos produtos para baixá-los no dia da Black Friday, configurando uma falsa promoção; algumas plataformas reúnem ofertas confiáveis, comparativos e gráficos de evolução de preços de diversas lojas, o que pode servir, também, para alertar que um mesmo produto com desconto numa loja custa mais que o preço normal de outra;
5º) uso das redes sociais: os comentários nas redes sociais podem ser fonte de informação e termômetro da confiabilidade de uma loja;
6º) forma de pagamento: se existe a opção de cartão de crédito já é bom sinal porque este tipo de pagamento exige uma extensa documentação, o que é uma barreira para o fraudador; cuidado, portanto, com sites que só aceitam boleto ou transferência bancária;
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7º) frete e data de entrega: observar se tem despesa com frete o que pode tornar o produto mais caro; atenção especial ao prazo de entrega, principalmente se tratar-se de item para presente, porque nesses eventos, por conta da alta demanda, os prazos são mais longos, o que pode fazer com que o produto chegue atrasado, gerando algum constrangimento;
8º) ficar atento às propagandas: exigir seus direitos caso o preço cobrado seja maior que o anunciado;
9º) buscar descontos, tanto nas lojas físicas quanto nas online: nas lojas físicas, existe a possibilidade da negociação de um desconto maior ou condição melhor, ainda mais se tiver em mãos proposta de outra loja ;
10º) tirar um “print” de todas as telas das etapas de compra: os prints dos e-mails de confirmação de compra e de prazo de entrega que os sites costumam enviar valem como prova, caso haja algum problema com a compra, seja de valor ou de não recebimento ou recebimento do produto após a data estabelecida.
Direitos do consumidor – Embora a maioria dos preços seja, realmente, de promoção, permanecem os direitos do consumidor com relação a produtos com defeitos, defeitos ocultos (que, geralmente, só aparecem depois do término da garantia), além dos prazos para regularização das pendências, como se fosse uma operação normal de compra e venda; é recomendável registrar em algum documento e solicitar a assinatura do gerente da loja a descrição de algum defeito já existente no produto, no ato da compra, de modo que, se aparecer outro, esse seja tratado como se fosse oculto e, portanto, passível de reclamação.
Realização de sonhos – Qualquer promoção, especialmente a Black Friday, é uma oportunidades para adquirir algum bem que se estava “namorando” já há algum tempo, mas que o preço muito alto ou além das possibilidades não permitia adquirir. É, também, uma ótima oportunidade para antecipar a compra dos presentes de Natal. Mesmo assim, deve ser antecedido por um planejamento. Mais importante do que fazer uma compra com um desconto significativo, às vezes no “ôba-ôba”, influenciado pela propaganda e levado pelo impulso consumista, é fazer compras de forma racional.
Educação Financeira – Todos sabem que não se deve gastar mais do que se ganha, mas, devido à falta de educação financeira, este princípio básico é, facilmente, ignorado. Não adianta ficar tentando achar culpados para alguma compra mal feita ou até ter se endividado. É preciso analisar os próprios hábitos e atitudes em relação ao uso do dinheiro e entender onde está errando. Isso é Educação Financeira, muito mais do que só cuidar de algumas questões técnicas, usualmente trabalhadas e divulgadas, como a necessidade de elaborar e cumprir um orçamento, saber fazer alguns cálculos, pesquisar preços, aproveitar promoções, etc. São cuidados importantes, sem dúvida, mas que precisam ser acompanhados pela mudança de comportamento. Nesse sentido, existem inúmeras iniciativas no Brasil, inclusive em escolas e universidades, mas que se atém às técnicas. Já a DSOP – Educação Financeira vai além dessas recomendações meramente técnicas, trabalhando a questão comportamental, cujo princípio fundamental é o consumo consciente, independente de eventuais promoções, evitando, principalmente, as compras por impulso.
Gratidão – Por fim, lembrar-se de agradecer, pois, se, no Brasil, a Black Friday está sendo aceita cada vez mais, o mesmo ainda não acontece com o Dia de Ação de Graças, celebrado na véspera, que passa batido por aqui.
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