Santa Cruz do Sul

Bióloga registra aparição incomum de ave em Santa Cruz

Uma espécie de ave incomum no Rio Grande do Sul foi fotografada em Santa Cruz no fim de semana passado. O flagra foi feito pela bióloga Alessandra Koehler, 29 anos, no quintal de uma residência no Bairro Renascença, próximo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Moradora de Porto Alegre, ela e o marido Vilmar Fontanive Júnior, 34, vieram a Santa Cruz para visitar a mãe Margareth. Por volta das 10 horas do último sábado, o pássaro apareceu em um bebedouro colocado em uma palmeira. Segundo ela, o visitante já havia sido visto dias antes.

Alessandra tomava café na cozinha no momento em que o enxergou, pela janela, bebendo água. Praticante de birdwat-ching – que em uma tradução livre seria “observação de pássaros” –, correu para buscar sua câmera e fez o registro. Em um primeiro momento, pensou que se tratava de um indivíduo da espécie saí-azul, comum no município e observado em todas as regiões do País. Por isso, acabou fazendo menos fotos e não o avistou mais durante sua visita à casa da mãe.

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Mais tarde, ao editar as imagens no computador, surpreendeu-se ao constatar que havia feito um registro inédito. Isso porque o pássaro na verdade era da espécie saí-de-pernas-pretas, caracterizado pelas plumas azul-turquesa e as patas escuras. E ao cadastrar a foto na WikiAves, enciclopédia online dedicada a observadores, a bióloga descobriu que foi a primeira ocorrência feita no Estado. “Realmente foi sorte. Queria ter feito mais fotos”, afirmou.

Conforme o banco de dados do site, suas aparições se concentram nos estados inseridos na Mata Atlântica. Há 820 registros fotográficos, a maioria em municípios de São Paulo, incluindo Ribeirão Grande (252) e Peruíbe (123). Também foram avistados em Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro, entre outros.

Busca por respostas

Por não ser uma espécie comum no Estado, Alessandra e o marido conversaram com especialistas em aves para entender sua aparição em Santa Cruz. Uma das explicações seria que teria escapado ou sido solta de alguma gaiola. Tal teoria é menos provável, por se tratar de um pássaro que não costuma ser criado dessa maneira. E por não habitar o Rio Grande do Sul, teria que ser trazido de outro Estado.

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Alessandra Koehler

A partir da apuração feita pela bióloga, ela acredita na possibilidade de que o pássaro avistado se “desprendeu” do movimento migracional, por se tratar de uma espécie parcialmente migratória com ocorrência até o Sul de Santa Catarina. “Ou, ainda, pode ser que a espécie sempre tenha ocorrido aqui no Estado e, por talvez existirem poucos indivíduos, nunca foi registrada. De qualquer maneira, o registro aqui é incrível, por ser uma espécie endêmica da Mata Atlântica, que está em status de quase ameaçada de extinção”, afirmou Alessandra.

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Na sua avaliação, o registro reforça a importância do Cinturão Verde, um remanescente da Mata Atlântica que deve ser preservado. “Considerando também que a foto foi feita em uma área ao lado do cinturão e, possivelmente, é de onde o pássaro está vindo para frequentar a casa da minha mãe”, justificou.

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Conforme o biólogo Andreas Köhler, professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), devido ao aquecimento global, diversas espécies de regiões mais quentes começam a surgir no Sul. “Por se tratar de uma variedade típica do bioma, deve ter condições adequadas de vida por aqui. Assim, nos próximos anos, o saí deve aparecer com mais frequência”, afirmou.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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