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Bibliotecas adaptam rotinas para seguir oferecendo cultura

Espaços de estudo, leitura e empréstimo de materiais, as principais bibliotecas de Santa Cruz do Sul ficaram fechadas durante boa parte de 2020. Retomando os atendimentos, mas ainda com restrições e medidas de distanciamento, estes locais oferecem opções para todos os públicos em todas as faixas etárias.

A Biblioteca do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Santa Cruz, que fica na Rua Ernesto Alves, estava fechada e aceitando pedidos de retirada por telefone, mas retomou as atividades presenciais na última segunda-feira. “A gente fazia o empréstimo por drive-thru, tinha essa opção. As pessoas ligavam e falavam o livro que tinham desejo de retirar, eu reservava e elas vinham buscar”, explica a agente de atendimento ao cliente e auxiliar de biblioteca Mariele Henn Heck. Segundo ela, uma das preocupações é o fato de o vírus permanecer mais tempo no papel, o que exige que as devoluções fiquem oito dias em quarentena.

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A Biblioteca do Sesc possui cerca de 4,8 mil títulos, em sua maioria de literatura, com livros de autores brasileiros, russos, espanhóis, franceses e outros. Mariele garante que há um bom número de clássicos, boas opções para quem estuda para o vestibular, além de títulos infantis e livros de apoio pedagógico para professores, por causa do Sesquinho.

Os mais procurados são os espíritas e a autora mais retirada é Nora Roberts. Um dos projetos de sucesso antes da pandemia era o troca-troca de livros, onde o público podia levar um e trocar por outro, o que deve voltar a acontecer em 2021.

O atendimento atualmente está em horário reduzido, das 9 horas até o meio-dia e das 13h30 até as 17 horas. Não é possível permanecer no local para leitura e estudo, nem utilizar os computadores, apenas para retirada e entrega de livros. O local atende com 25% da capacidade e é exigido uso de máscara e álcool gel na entrada e na saída.

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Para retirar livros no local é necessário tem uma carteirinha do Sesc, que pode ser feita no local, e o empréstimo de livros não tem custo, sendo o uso da biblioteca totalmente gratuito.

Sem previsão

Uma das opções mais tradicionais no município, a Biblioteca do Serviço Social da Indústria (Sesi) continua fechada e sem atendimento por conta da pandemia. Quando os serviços da entidade foram restringidos, em março do ano passado, a biblioteca foi fechada e segue com as atividades suspensas, ainda sem previsão de retomada do atendimento.

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Com mais de 300 mil exemplares, Unisc tem uma das maiores do Estado

A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) possui a maior biblioteca da região e uma das maiores do Estado. Só na Biblioteca Central, no campus de Santa Cruz, são 315 mil exemplares. Somados aos espaços dos campi de Capão da Canoa, Sobradinho, Montenegro e Venâncio Aires, são mais de 400 mil itens.

“Como a universidade possui dezenas de cursos, precisa ter um acervo qualificado para atender à demanda dos alunos”, explica o bibliotecário e coordenador do setor de bibliotecas da Unisc, Lucas de Araújo Motta.

Lucas de Araújo Motta trabalha na Biblioteca da Unisc há mais de 17 anos e, pela primeira vez, não pode atender ao público dentro do prédio: a retirada ocorre pelo sistema drive-thru


Lucas, que trabalha na biblioteca há mais de 17 anos – desses, dez como coordenador –, conta que além dos livros o acervo possui as produções científicas da universidade; centenas de títulos de periódicos, como revistas; mapas; DVDs; material em braille; audiolivros; CDs; normas; jogos; globos e até algumas fitas de vídeo em VHS.

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Os mais procurados são os livros técnicos da área da Saúde e, em seguida, do Direito. Já na parte de literatura a procura é variada, abrangendo clássicos e livros mais recentes. No ano passado os títulos mais procurados foram A mulher na janela, de A.J. Finn, O segredo de Helena, de Lucinda Riley, e Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado.


O acervo começou a ser formado em 1964 junto à antiga Fisc e, em 1995, foi inaugurado o prédio atual no Bloco 9, que possui 3 mil metros quadrados divididos entre atendimento, estantes e salão de estudos para 400 pessoas. Antes da pandemia circulavam no local mais de mil pessoas diariamente, entre alunos, professores, funcionários, ex-alunos e membros da comunidade, que utilizam com frequência a biblioteca para consulta local, estudo e leitura de jornais e revistas.

No momento a Biblioteca da Unisc está em férias coletivas e retoma as atividades no dia 17. No entanto, o local ainda está fechado para atendimento presencial, fazendo empréstimos na modalidade drive-thru. É possível fazer os pedidos pelo Instagram, e-mail ou WhatsApp. “A gente separa os livros e a pessoa vem retirar. Entregamos na porta e os usuários não têm acesso à parte interna da biblioteca. O atendimento vai permanecer nesse sistema, em função da pandemia, por tempo indeterminado, até que a situação esteja mais segura. Estávamos na expectativa de poder retornar em março, mas na atual situação seria colocar em risco os nossos funcionários e seus familiares e também nossos usuários”, conta Lucas.

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Durante as férias da universidade, a biblioteca funciona das 8 horas às 18 horas e após a volta às aulas atenderá das 8 horas às 20 horas, de segunda a sexta-feira. Os livros devolvidos são higienizados e passam por uma semana de quarentena antes de retornar ao acervo.

Além de alunos, professores e funcionários da Unisc, os membros da comunidade acima de 50 anos podem fazer o cadastro para retirada de livros de literatura mediante pagamento de uma taxa semestral de R$ 20,00. Membros do Voltare pagam R$ 10,00 por semestre e têm acesso a todo o acervo. Já o restante da comunidade – antes da pandemia – podia realizar a consulta local, ler os títulos na biblioteca e utilizar o salão de estudos.

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A antiga cadeia que virou um lar para os livros

A Biblioteca Pública Municipal Professora Elisa Gil Borowski existe desde 1998 e completou um ano em novo endereço no fim de 2020. A nova sede, na esquina das ruas Tiradentes e Marechal Floriano, no Centro, fica ao lado da Praça José Paulo Rauber Filho e recebeu o acervo com cerca de 12,8 mil exemplares. O prédio, inaugurado em 1900, é uma das construções protegidas pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Município e já abrigou uma prisão.

De acordo com o bibliotecário Jair Teves, além dos livros, os outros materiais disponíveis no local são um bom acervo em braille e audiolivros providenciados por meio de uma parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Os destaques da biblioteca são os livros sobre Santa Cruz do Sul, obras de autores locais de todos os gêneros e volumes sobre a história do Rio Grande do Sul e do Brasil. Uma curiosidade é que em Santa Cruz há o maior acervo de livros sobre xadrez e enxadrismo em uma biblioteca pública do Estado.

Jair Teves: mudança de endereço foi benéfica para a Biblioteca Municipal, que agora recebe novos leitores


A mudança foi benéfica para que os livros cheguem a um público maior, democratizando o acesso. “Vir para cá mudou muita coisa. O tipo de leitor se ampliou. Antes saíam muitos livros espíritas e de autoajuda e agora está mais geral. São emprestadas muitas obras que não costumavam sair”, explica Jair.

Segundo o bibliotecário, há uma grande presença de leitores jovens no novo endereço e a busca por livros de história, ciências, ficção, poesia e romances estrangeiros tem aumentado. Outra iniciativa do novo endereço foi a geladeira literária, que fica junto à praça e tem livros que podem ser trocados pelo público por outros livros usados em boas condições.

Durante o ano passado, em função da pandemia, o local permaneceu muitos meses fechado, somente com expediente interno e sem atendimento ao público. Atualmente, o horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 16 horas, sem fechar ao meio-dia.

As medidas de distanciamento incluem utilização de máscara e álcool gel, e dos quatro computadores para acesso à internet, apenas um está disponível para uso e com tempo limitado a 45 minutos. “Não está sendo incentivado que o pessoal fique muito tempo aqui dentro. A parte da sala de estudos está suspensa e, após pegar o livro, pode-se leva-lo para ler em casa.”

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Sala anexa para livros raros

A Biblioteca Pública Municipal possui ainda uma quantidade razoável de materiais mais raros, voltados para uso do público acadêmico. Conforme o secretário de Cultura, Marcelo Corá, um dos objetivos da pasta é realizar uma ampliação do espaço com a criação de uma sala anexa para a separação destes livros mais raros.

“A biblioteca está passando por constantes transformações e as adequações continuam. Será um local para os livros onde será possível observar com uma luz especial e realizar pesquisa no material histórico que não se tem onde buscar, a não ser na biblioteca. Títulos comerciais a pessoa pode acessar em qualquer lugar, mas a gente quer, dentro deste espaço, ter o acervo para o pesquisador”, explica.

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