Uma das mais ricas e prolíficas do mundo, a literatura árabe tem suas influências espalhadas nas brumas do tempo. Essa cultura é tão ampla e eclética que reverbera desde o Marrocos, no Norte da África, até as imensidões da Ásia Central e para além do Golfo Pérsico, alcançando o Afeganistão. Sem esquecer da forte presença moura na Espanha e em outras áreas da Europa. Até no Brasil ela se faz presente, e bastaria lembrar dos romances de Jorge Amado ou do contemporâneo Milton Hatoum para concluir que os brasileiros igualmente são devedores dessa cultura.
E, de fato, muitos clássicos árabes já estavam disponíveis em livrarias brasileiras, por inúmeras editoras, e sob o empenho de importantes tradutores (os contos de As mil e uma noites sempre tiveram ampla acolhida entre nós). Mas talvez nenhuma editora até o momento tivesse cumprido papel tão relevante como o vem fazendo a carioca Tabla. Com um olhar editorial prioritariamente voltado para o mundo árabe e para o Oriente Médio, ela tem mobilizado um time de tradutores de primeira grandeza a fim de trazer textos até agora inéditos em português no Brasil. A eles se juntam novas edições de outros títulos referenciais, e que há tempos estavam fora de catálogo, com edições esgotadas.
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É o caso do libanês Amin Maalouf, mestre da literatura árabe dos dias atuais, cujo Samarcanda, em décadas passadas lançado pela L&PM, volta às livrarias em caprichosa tradução de Safa Jubran. Esta já respondeu por alguns dos mais originais e surpreendentes romances de autores de diferentes países, como O chamado do poente, do egípcio Gamal Ghitany, entre tantos outros.
Referir o Líbano é quase obrigatório, no contexto, pois esse pequeno país às margens do Mediterrâneo viu surgir uma geração de primeira grandeza. A Maalouf, que, aos 73 anos, nascido na capital, Beirute, tem mais de uma dezena de excelentes romances e ensaios no Brasil, junta-se, por exemplo, o romancista Elias Khoury, 74 anos. Os leitores brasileiros já podiam ler A porta do sol e Yalo: o filho da guerra, mas a Tabla agora traz Meu nome é Adam, o primeiro volume de uma trilogia, Crianças do gueto, com tradução de Marilia Scalzo. Os outros dois livros dessa série devem chegar na sequência.
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Assim como ocorre com Maalouf e Khoury, outros autores libaneses já foram contemplados pela Tabla. A escritora Hanan Al-Shaykh, conterrânea de ambos, uma vez que é também nascida em Beirute, terá em breve o livro Gente, isso é Londres lançado, em tradução de Jemima Alves. Antes, o libanês Rachid Al-Daif tivera o romance E quem é Meryl Streep? publicado, com tradução de Felipe Benjamin Francisco. Ao lado deles, uma infinidade de autores egípcios, líbios, palestinos, iranianos e de outras nacionalidades já estão no catálogo.
O romance Samarcanda, de Amin Maalouf, remete o leitor para uma das épocas áureas da história: a das caravanas da Rota da Seda, que tinha na cidade com esse nome, hoje localizada no Uzbequistão, uma de suas principais referências. Além desse mergulho em uma paisagem milenar, um personagem real, o poeta Omar Khayyam, autor dos versos do Rubaiyat, está no centro do enredo desse livro excepcional.
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Se Amin Maalouf convida a viajar para a Ásia Central, seu conterrâneo Elias Khoury, em Meu nome é Adam, primeiro volume de uma trilogia ficcional, apresenta um curioso vendedor de falafel que reside em Nova York. É a partir das memórias deste personagem, Adam, que o romance resgata a chamada Nabka, o êxodo do povo palestino em 1948, quando teve de deixar a terra na qual agora estava sendo constituído Israel.
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