Benno Kist: “Encantamento na rua encantada”

Sim, nós temos uma rua encantada. É a nossa principal, ou Rua Marechal Floriano, que, entre outros nomes, já foi chamada de São Pedro e de Rua da República. É a via do Túnel Verde, um patrimônio da nossa cidade, e recebeu belas inovações na estrutura. É ali que acontece o nosso desfile da Oktoberfest, já há anos, porém paralisado em dois por conta da pandemia que afetou a todos.

Mas veio a hora de retomar esta tradição, de reviver mais uma Oktoberfest, que não pode prescindir do desfile, a grande marca. E eis que, após uma primeira suspensão em função da instabilidade climática, e diante de nova ameaça do clima, a condição favorável finalmente se confirmou e permitiu tornar realidade a magia deste momento tão grandioso em nosso meio.

Só quem participa diretamente tem a possibilidade de aquilatar o que significa esse momento. É oportunidade única de experimentar a relação entre quem desfila e quem assiste, uma interação inigualável, que se realiza quando quem está a desfilar se despe de todas as barreiras, se entrega totalmente à evolução e se integra, na autenticidade da alegria e no vigor da energia, com quem aprecia, formando uma simbiose perfeita dos melhores sentimentos.

Quem desfila, como faço durante muitos anos na condição de componente do Coral da Afubra, pode sentir de perto o calor da receptividade por parte do público, que não só assiste, mas interage com toda a empolgação e vive junto todo o êxtase e encantamento que se estabelecem, de forma sublime. A sublimidade do momento é sentida de forma plena, por exemplo, quando uma criança com Síndrome de Down oferece o delicado braço e puro olhar para brindar a amizade e a alegria, o que exprime o sentido máximo da festa, a celebração da felicidade de sermos irmãos, sem nenhuma diferença, mas com tudo que nos assemelha.

A Oktoberfest, a Festa de Outubro ou Festa da Alegria, que volta a acontecer após a pandemia, expressou no desfile o tema mais forte nesta hora: o reencontro, junto com tantos outros presentes na passagem dos grupos e na organização, como amor, família, memórias, confraternização, alegria, saúde e esperança, todos sentidos que falam ao nosso coração e à nossa alma sedentos de vida melhor, sem polarização, ódios, desconfianças, que desfilam por outros canais, mas buscando, com equilíbrio, a valorização do ser verdadeiro e humano.

O melhor que se experimentou e viu neste momento mágico foi a integração numa explosão de emoções, que é retrato de uma comunidade que pulsa não só história e desenvolvimento, mas vida plena, feita de boas relações com todas as pessoas, as próximas e as que se aproximam em eventos como este. Revela, assim, que, sabendo acolher, faz encantar, e numa rua encantada, no lúdico Túnel Verde, recebe a todos com energia sem igual, a energia do encantamento, da vida plena. Que saibamos sempre viver desta forma, pois assim a felicidade tem chance de ter vida entre nós.

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